POR QUÊ?
Eventos como as Olimpíadas são uma ocasião para compreender melhor certos aspectos de um país, especialmente de sua cultura.
Por exemplo, há aparentes contradições, algumas um pouco estranhas. A mais óbvia, neste evento que acaba de acabar, é que o Brasil não ganhou ouro no futebol, apesar de praticamente todos os homens praticaram este esporte em algum momento da vida, o que forneceria uma base para o surgimento de atletas (não é assim que se explica o alto nível do basquete americano?). Por outro lado, três maratonistas brasileiros ficaram entre os 15 melhores. Quem imaginaria que somos um país em que há pessoas que se dedicam a correr provas longas, em vez de correr atrás de uma bola?
Um dos lugares comuns mais repetidos é que esporte precisa de investimento. Qual é o investimento em maratonistas? E no futebol?
Olimpíadas e Copa do Mundo ajudam muito a entender a imprensa. Creio que se pôde ver como a nossa é pobre. O Brasil foi mal em muitas competições, é certo, embora nunca tenha conquistado tantas medalhas, por incrível que pareça. Mas o que eram aqueles caras na Record, e mesmo os mais profissionais, como a delegação da ESPN e a dos canais por assinatura da Globo? Torciam, enganavam, erravam em vez de informar e de estarem informados. Todos se surpreenderam com alguns resultados, como o de Zanetti, nas argolas, simplesmente porque nenhuma emissora se deu ao trabalho de visitar uma vez sequer a academia em que ele treina. Quem conhecia Zanetti, além dos parentes? E a ganhadora de ouro no judô (nem sei mais o nome dela, ninguém a menciona, acabou!), ou mesmo a outra que, praticamente sozinha, ganhou um bronze no pentatlo moderno? Você sabia que existe uma competição de pentatlo moderno?
Nossas emissoras exibem campeonatos de futebol argentino, mexicano, russo. Logo vão mostrar o japonês e o egípcio. Mas qual delas fala de outros esportes? Ah, sim, fala, dirá o leitor. Transmite a Fórmula I e a Fórmula Indi…
O mais grave, a meu ver, foi a volta de discursos velhos sobre o brasileiro, sua psicologia, sua “vontade”, sua capacidade de corresponder na hora H. Só faltou dizer que os fracassos se devem à nossa mistura de “raças”, como se fez há décadas, quando a culpa pelos fracassos em copas do mundo era atribuída a nosso jeitão, a nosso complexo de viralatas – que Nelson Rodrigues em boa hora enterrou, mas que assombra cronistas que não leem nada além dos textos dos próprios coleguinhas.
Ah, sim: e todos culpam o governo…
A “perda” do ouro no vôlei masculino foi atribuída à incapacidade de fechar o set definitivo… como se do outro lado da rede não houvesse ninguém, nem aquele gigante de quase 2,20 metros, que fez mais de trinta pontos em três sets, número nunca visto em competições deste calibre. Mas como eram os brasileiros quando o vôlei ganhava 70% das competições? E por que uma medalha de prata não vale nada? E se os americanos adotassem o mesmo discurso para explicar a perda da final no vôlei feminino exatamente para as brasileiras, que, até dias antes, eram amaldiçoadas?
Ainda bem que fracassos e sucessos foram bem distribuídos entre brancos e negros. Se não fossem as “perdas” dos irmãos Hipólito, de Fabiana Murer, de Cielo e dos muitos brancos do vôlei masculino, e se não fossem as vitórias dos irmãos do box, do vôlei feminino multirracial, dos nada brancos do judô etc., as redes sociais estariam cheias de puro e grosso preconceito.
Faltaram negros no time de futebol, isso sim, até porque um dos principais jogadores desse timinho (Neymar) acha que é branco. Aliás, nunca esperem algum sucesso dessa seleção. Jogador cuja cultura pode ser medida pelo péssimo gosto musical (eu quero tchu, eu quero tcha) não vai longe, exceto no seu bairro.
A propósito, Garrincha gostava de blues e de bossa nova. E diziam que era bobo…
Por exemplo, há aparentes contradições, algumas um pouco estranhas. A mais óbvia, neste evento que acaba de acabar, é que o Brasil não ganhou ouro no futebol, apesar de praticamente todos os homens praticaram este esporte em algum momento da vida, o que forneceria uma base para o surgimento de atletas (não é assim que se explica o alto nível do basquete americano?). Por outro lado, três maratonistas brasileiros ficaram entre os 15 melhores. Quem imaginaria que somos um país em que há pessoas que se dedicam a correr provas longas, em vez de correr atrás de uma bola?
Um dos lugares comuns mais repetidos é que esporte precisa de investimento. Qual é o investimento em maratonistas? E no futebol?
Olimpíadas e Copa do Mundo ajudam muito a entender a imprensa. Creio que se pôde ver como a nossa é pobre. O Brasil foi mal em muitas competições, é certo, embora nunca tenha conquistado tantas medalhas, por incrível que pareça. Mas o que eram aqueles caras na Record, e mesmo os mais profissionais, como a delegação da ESPN e a dos canais por assinatura da Globo? Torciam, enganavam, erravam em vez de informar e de estarem informados. Todos se surpreenderam com alguns resultados, como o de Zanetti, nas argolas, simplesmente porque nenhuma emissora se deu ao trabalho de visitar uma vez sequer a academia em que ele treina. Quem conhecia Zanetti, além dos parentes? E a ganhadora de ouro no judô (nem sei mais o nome dela, ninguém a menciona, acabou!), ou mesmo a outra que, praticamente sozinha, ganhou um bronze no pentatlo moderno? Você sabia que existe uma competição de pentatlo moderno?
Nossas emissoras exibem campeonatos de futebol argentino, mexicano, russo. Logo vão mostrar o japonês e o egípcio. Mas qual delas fala de outros esportes? Ah, sim, fala, dirá o leitor. Transmite a Fórmula I e a Fórmula Indi…
O mais grave, a meu ver, foi a volta de discursos velhos sobre o brasileiro, sua psicologia, sua “vontade”, sua capacidade de corresponder na hora H. Só faltou dizer que os fracassos se devem à nossa mistura de “raças”, como se fez há décadas, quando a culpa pelos fracassos em copas do mundo era atribuída a nosso jeitão, a nosso complexo de viralatas – que Nelson Rodrigues em boa hora enterrou, mas que assombra cronistas que não leem nada além dos textos dos próprios coleguinhas.
Ah, sim: e todos culpam o governo…
A “perda” do ouro no vôlei masculino foi atribuída à incapacidade de fechar o set definitivo… como se do outro lado da rede não houvesse ninguém, nem aquele gigante de quase 2,20 metros, que fez mais de trinta pontos em três sets, número nunca visto em competições deste calibre. Mas como eram os brasileiros quando o vôlei ganhava 70% das competições? E por que uma medalha de prata não vale nada? E se os americanos adotassem o mesmo discurso para explicar a perda da final no vôlei feminino exatamente para as brasileiras, que, até dias antes, eram amaldiçoadas?
Ainda bem que fracassos e sucessos foram bem distribuídos entre brancos e negros. Se não fossem as “perdas” dos irmãos Hipólito, de Fabiana Murer, de Cielo e dos muitos brancos do vôlei masculino, e se não fossem as vitórias dos irmãos do box, do vôlei feminino multirracial, dos nada brancos do judô etc., as redes sociais estariam cheias de puro e grosso preconceito.
Faltaram negros no time de futebol, isso sim, até porque um dos principais jogadores desse timinho (Neymar) acha que é branco. Aliás, nunca esperem algum sucesso dessa seleção. Jogador cuja cultura pode ser medida pelo péssimo gosto musical (eu quero tchu, eu quero tcha) não vai longe, exceto no seu bairro.
A propósito, Garrincha gostava de blues e de bossa nova. E diziam que era bobo…
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