sábado, 11 de março de 2017

Jornalista da Folha descobre que MBL dissemina mentiras

Jornalista da Folha descobre que MBL dissemina mentiras - O Cafezinho

O  premiado jornalista Gilberto Dimenstein descobriu que umas das
fontes mais prolixas de notícias falsas, na internet brasileira, é o
MBL, o “movimento social” patrocinado pelo PSDB.


Bom saber.


Faltou talvez Dimenstein admitir que o exemplo foi dado pela grande
imprensa, como Folha, onde ele mesmo trabalha, que publicou certa feita
uma ficha falsa de Dilma Rousseff. Pega na mentira, a Folha saiu-se com
um clássico da pós-verdade
(e acho que, na época, ainda nem se usava muito esse termo): “a
autenticidade [do documento]  não pode ser assegurada, bem como não pode
ser descartada”.


Estou dando apenas um exemplo: a tradição de pós-verdade da mídia corporativa, hoje, é uma rotina diária.


Naturalmente, a mídia é muito mais competente, em produção de mentiras, do que o MBL e sites como o “Jornalivre”.


Outra coisa interessante: Dimenstein também parece ter esquecido que a
Folha, onde ele trabalha, passou todo o período de construção do golpe
tratando o MBL como um movimento social muito importante. O jornalista
não quis ligar os pontos: que o mesmo MBL, tão importante para dar ao
impeachment um colorido de “movimento de rua”, sempre abusou da mentira
para confundir o debate público.


O Fernando Holiday, que Dimenstein descobriu agora ser um mentiroso
contumaz, inaugurou diversas ações genuinamente fascistas na Câmara de
Vereadores de São Paulo, como invadir reuniões alheias, apenas para
provocar, tentando obter alguns segundos de vídeo que lhe permitisse
produzir um simulacro de realidade. (simulacro de realidade é também
conhecido popularmente como “mentira”).


Ao final do texto, o jornalista ainda comete uma pequena – quase
inocente – sabujice, mas que também é típica de nossos tempos de
intolerância política: diz que essa “canalhice” acontece à esquerda e à
direita. A observação me fez imaginar um jornalista, após descobrir que o
monstro da Noruega que assassinou dezenas de jovens era próximo de
organizações de extrema-direita, terminasse sua reportagem ressaltando
que essa “canalhice acontece à direita e à esquerda”.


***





No Comunique-se

Minha descoberta sobre notícias falsas – por Gilberto Dimenstein


Um dos temas mais importantes – talvez o mais importante – das mídias
hoje é a disseminação de notícias falsas pelas redes sociais. Algumas
das melhores cabeças do mundo estão buscando soluções. O que se tem de
concreto é o seguinte: o jornalismo está em alta justamente por ter como
missão (muitas vezes não consegue) buscar um mínimo de precisão.


Quero compartilhar aqui minha investigação – e certamente vai ajudar
os mecanismos de combate à falsidade. Dirigentes do MBL (talvez por
serem muito jovens e não saberem que eu, como repórter, ganhei os
principais prêmios dentro e fora do Brasil por minhas reportagens
investigativas) começaram a disseminar contra mim notícias obviamente
mentirosas. Deixei correr para descobrir as pistas, sabendo que, por
inexperiência, rastros seriam deixados.


Vi, então, que um dos disseminadores das mentiras é o líder do MBL,
Fernando Holiday. Numa conversa telefônica (gravada), ele me revelou que
o texto não era dele. Mas “concordava”. Perguntei-lhe, então, já que
ele tinha tanta certeza, qual era sua fonte de informação. Revelou:
Jornalivre.


Bastava ele dizer para mim: “peço desculpas, fui induzido a erro”.
Tudo teria acabado aí. Não: com mais ferocidade, ele gravou um vídeo
reafirmando todas as acusações. Achei estranho. Como estudante de
Direito, ele deveria desconfiar de sua fragilidade numa ação de
indenização por danos morais. Essa ferocidade aguçou minhas
desconfianças.


Pode-se acusar Holiday de qualquer coisa. Menos de burro. Ele tem, no
seu universo, uma trajetória de sucesso: venceu as barreiras criadas
por ser pobre, negro e gay. Nesse ponto, admito, eu até o admiro. E,
sinceramente, apesar de ele ter ideias muito diferente das minhas,
também aprecio quem se dispõe a lançar debates contra a corrente – acho
que esse tipo de provocação ajuda uma reflexão coletiva.


Por que ele insistiria em manter falsidades que daria para desmontar
em 30 segundos? Ele escreveu, por exemplo, que eu tenho um “boteco” na
Vila Madalena. Fiz um desafio nas redes sociais que chamou a atenção de
centenas de milhares de pessoas: quem provar que eu tenho esse tal
“boteco” pode ficar com o imóvel. Gerou então uma caça à comprovação.


Sabia que, ao fazer o desafio, rastros seriam deixados pelos
responsáveis dessa engrenagem de fake news para provar que seria mesmo
um “boteco”. Perfis falsos começaram a surgir usando o mesmo estilo de
escrita de pessoas que eu já conhecia.


Comecei a investigar o Jornalivre que, recentemente, saiu numa lista
de sites falsos. O site não é registrado no Brasil. Até aí, ok. Não tem
expediente. Nem contato. Fui mais longe e colhi fortes indícios de que a
fonte original é um publicitário de uma grande agência de publicidade
brasileira, banido desta página por ser um hater. Descobri comunicação,
via redes sociais, entre esse publicitário e dirigentes do MBL. Quando
tiver as provas materiais, darei o nome. Vocês vão ficar surpresos em
saber que alguém assim ocupa um cargo tão importante numa agência tão
importante.


Como um site que não tem expediente – ou seja, um responsável – pode
ser fonte confiável? Ainda mais para um homem público? Assim se vê a
trilha. Monta-se um site falso, impossível de responsabilizar alguém – e
uma rede dissemina.


Aviso: essa canalhice digital ocorre à esquerda e à direita.

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