quarta-feira, 23 de julho de 2014

A velha direita brasileira | Brasil 24/7

A tentativa de retorno da velha direita brasileira | Brasil 24/7




MARILZA DE MELO FOUCHER
Existe no Brasil uma estratégia muito bem
articulada com os setores conservadores da sociedade que contam com o
apoio da grande imprensa para preparar o retorno dos neoliberais ao
poder
Existe no Brasil uma estratégia muito bem articulada com os
setores conservadores da sociedade que contam com o apoio da grande
imprensa para preparar o retorno dos neoliberais ao poder. Entretanto, o
discurso utilizado contra a Presidente Dilma Rousseff e seu partido -
PT - parece não encontrar o eco necessário junto à maioria da população,
hoje muito mais politizada e menos manipulável.


O desespero se ampara dos conservadores brasileiros que esperavam a
derrota da seleção brasileira e apostavam no fracasso total do evento da
Copa mundial de futebol. O movimento "Não Vai Ter Copa" saiu de campo
com a bola furada! A campanha orquestrada no plano internacional para
desacreditar o Brasil foi logo desmascarada. O principal motor do
aquecimento da campanha presidencial da oposição falhou. Todavia, ela
não desarmou sua fortaleza e tudo já está preparado para a guerra
política. No momento que se aproxima a data da abertura oficial da
campanha presidencial o debate político vai se intensificar, todavia, a
tendência é de denegrir a política. Pelo visto, esta campanha se anuncia
como a mais violenta da historia da política brasileira. Possuídos pelo
sentimento de ódio, os representantes da direita, da elite
conservadora, perderam a capacidade do raciocínio político. Dificilmente
forjarão argumentos para entender por que perderam três eleições
presidenciais. Dificilmente esta ala reacionária da direita entenderá
por que um partido político como o PT chega ao poder liderado por um
operário metalúrgico que sem maioria para governar, chega a compor com
partidos ditos de direita e do centro e cria uma aliança estratégica com
o poder econômico e financeiro simplesmente para salvar o país da
bancarrota. Patriotismo econômico? Diriam alguns... Como este pequeno
operário e sua equipe conseguiram governar um país de dimensão
continental dentro das normas republicanas, sem grandes conflitos que
pudessem paralisar o funcionamento da democracia?


Como negar que o Brasil saiu da periferia para ser um ator influente
na cena internacional graças aos governos de Lula e Dilma? Na certa, os
artesãos de um mundo para todos estão conscientes do papel que o Brasil
pode jogar diante de um mundo multipolar. Todos esses avanços perturbam a
estratégia política dos conservadores de direita no Brasil.


Dar respostas coerentes com instrumentos pertinentes de análises
política e econômica será quase impossível para aqueles que não se
renovaram politicamente. Isto é fácil de observar, tendo em vista que no
plano ideológico o discurso dos adversários de direita é retrógrado e
não corresponde mais à evolução do pensamento político face ao desafio
de um mundo multipolar.


Talvez o melhor fosse dizer que existem hoje no Brasil velhas
direitas e esquerdas inovadoras que buscam alternativas num modo de
governar face à predominância do modelo neoliberal mundial. Esse tipo de
"esquerda tropical", por exemplo, a que governa o Brasil nesses últimos
dez anos, foge de todos os critérios de enquadramento ideológico que
lhe quer impor o campo da velha direita herdeira da Casa Grande e
Senzala. Os reacionários desta direita rançosa que defendeu a ditadura
no Brasil contra o perigo vermelho até hoje continua a promover um
anticomunismo primário que integram suas mentes afetadas por uma visão
simplista, reducionista que eles têm do Bem e do Mal.


A esquerda na América Latina, com rara exceção, é uma esquerda que
renunciou a transformar a sociedade pela via revolucionária, preferindo
transformá-la pela via democrática que incentiva a participação social.
Ao mesmo tempo em que tenta conciliar um modelo de desenvolvimento mais
igualitário respeitoso dos direitos humanos. Trata-se de uma esquerda
que não é contra a economia de mercado, todavia, tenta criar uma
economia mais solidária. Incentiva as empresas privadas a investir em
obras públicas optando por parcerias com o Estado.


O Estado sob os governos de Lula e Dilma se definiu como um Estado
regulador e promotor da inclusão social. Vale ressaltar que, apesar de a
maioria de brasileiros ter dado preferência aos candidatos do PT nesses
últimos anos, isto não quer dizer que as forças reacionárias e
conservadoras tenham diminuído no Brasil. Ao contrário, a ala
conservadora se revigora, surge hoje muito mais articulada e muito mais
perigosa. Eles serão capazes de investir todos os meios necessários para
impedir um novo mandato para a Presidente Dilma. Hoje a direita busca
aliados até no campo da esquerda da esquerda, nos extremos. Uma direita
que sem argumentos e sem proposta alternativa aposta no desgaste dos dez
anos de governos do Partido dos Trabalhadores. Repetem em bloco que o
PT e Dilma são responsáveis por tudo de mal que aconteceu no Brasil,
inclusive do vírus da corrupção que contaminou todas as instâncias do
poder e que persiste há séculos no Brasil!


Dotados de amnésia política, esquecem que eles estiveram ocupando
todos os poderes durante varias décadas, eles não somente compraram
votos para a reeleição do FHC, mas, assaltaram as riquezas nacionais
vendendo as grandes empresas publicas, privatizando as riquezas do solo e
subsolo a preços abaixo do mercado. Eles praticaram uma política de
depreciação do patrimônio nacional. Se eles tivessem permanecido por
mais um mandato a Petrobras seria privatizada como foi a Vale do Rio
Doce!


Apesar do bombardeamento mediático vai ser difícil suprimir da
memória de um povo a crise econômica, a agravação das desigualdades
sociais, da miséria urbana e rural vivida por milhões de brasileiro nos
períodos fastos da ideologia neoliberal defendida pelo PSDB e aliados.


Levar uma discussão a fundo sobre os resultados dos programas tanto
econômico como social dos governos do PT e aliados é uma tarefa difícil
para uma oposição rancorosa e movida pelo ódio.


A direita no Brasil tem um magro balanço apesar de quase um século
controlando as rédeas de todos os poderes no Brasil. Esta nunca se deu
conta que uma sociedade desigual engendra violência e acumula problemas
sociais. Daí o descaso que sempre tiveram no tratamento da exclusão
social. Basta ler e escutar o que diziam a respeito da bolsa família...
Para eles a Bolsa família era a "Bolsa Esmola", era um programa
puramente clientelista. Depois que a ONU considerou o programa como o
melhor exemplo a ser seguido de política publica de distribuição de
renda no mundo, eles passaram o formatar um novo discurso.


Nesse contexto, parece oportuno destacar a importância de políticas
públicas voltadas ao combate à pobreza e às iniqüidades durante os
governos de Lula e Dilma. Apesar de todos os investimentos, o atraso
acumulado durante séculos fazem que os índices de desigualdades no
Brasil ainda continuam elevados Sabe-se que as desigualdades geram uma
sociedade enferma, sem auto-estima, inclusive depressiva. Um dos
indicadores do sucesso dos programas de inclusão social realizados pelos
governos de Lula e Dilma é justamente o aumento da auto-estima nas
camadas pobres.


O dilema da velha direita será de argumentar com velhas receitas que o
neoliberalismo continua sendo a melhor via para governar o Brasil.


A Presidente Dilma, mesmo sendo criticada pela oposição de esquerda,
talvez tenha mais capacidade para propor mudanças para seu segundo
mandato do que a velha direita e seus aliados. Estes conservadores têm
um passado e um presente comprometido com a filosofia e ideologia
neoliberal.


Para os adeptos do neoliberalismo o Estado deveria ser privatizado
perdendo seu papel de regulador econômico e social. Como denunciar a
falta de serviços públicos quando eles sempre defenderam a privatização?


O que está em jogo hoje é um projeto de sociedade baseado numa nova
concepção de desenvolvimento que leve em conta a dimensão humana e os
desafios ambientais. A crise econômica re-legitimou o papel do estado,
todavia, urge agora uma redefinição no modo de intervir no
desenvolvimento territorial brasileiro levando em conta o potencial
sócio-econômico-cultural e a diversidade de nossos ecossistemas. A
referência "desenvolvimentista" baseada numa concepção puramente
economicista não é suficiente para reduzir os desequilíbrios regionais,
diminuir as desigualdades no meio rural, ou melhorar as condições de
vida em nossas cidades.

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