sábado, 12 de julho de 2014

Google filter

Google filtra notícias "ruins" e minimiza eliminação do Brasil na Copa — CartaCapital

Google filtra notícias "ruins" e minimiza eliminação do Brasil na Copa

Em busca de manchetes mais "felizes", site diminui a
importância de textos como os que abordavam a derrota histórica contra a
Alemanha





por Clarice Cardoso







publicado
11/07/2014 17:54













TORSTEN SILZ/DDP/AFP
Se palavras como "vergonha", "vexame" e "tragédia" estamparam as capas dos jornais nacionais
e estrangeiros após a goleada de 7 a 1 sofrida pelo Brasil no jogo
contra a Alemanha na Copa do Mundo, especialistas do Google fizeram um
esforço consciente para evitar que esses termos se tornassem virais após
a partida. Ou seja, quem navegasse pelas notícias usando o site de
buscas não veria a história da goleada entre aquelas de maior destaque.


A estratégia é parte de um experimento que tem acontecido em toda a
Copa do Mundo e tem lugar em uma redação criada em São Francisco, na
Califórnia, especialmente para tentar tornar virais os conteúdos
mais buscados. A lógica ditaria que, dada a imensa quantidade de dados e
de informações sobre os usuários que detém, o Google usasse as
palavras-chave das buscas para fornecer conteúdos sob demanda.
Contudo,
o que esses cientistas fazem é usar esses dados para minimizar a
importância de palavras tidas como negativas dentro de seus gigantescos
bancos de dados. O conflito acontece quando se avalia que boa parte das
manchetes produzidas contém palavras negativas.



De acordo com informações da National Public
Radio, organização sem fins lucrativos norte-americana, se no começo do
jogo contra a Alemanha a busca por músicas de incentivo correspondia a
18% das relacionadas ao Brasil, após o quinto gol alemão a palavra mais
frequentemente associada ao País era "vergonha".



Foi neste momento que entrou em ação a tradutora do Google Luciana
Meinking Guimarães, que listou termos considerados negativos nas 50
principais buscas que eram feitas no Brasil para priorizar aquelas que
não mencionavam o termo. O objetivo era, segundo o Google, não "esfregar
sal" sobre as feridas dos torcedores.



Em vez disso, a equipe do Google resolveu colocar como a pergunta
mais importante do dia a busca "qual o maior placar vencedor na história
das Copas do Mundo?", que ganhava força entre os internautas alemães. A
estratégia foi a mesma utilizada depois de todos os jogos desta Copa do
Mundo: ao fim da partida, os analistas elencavam as palavras mais
importantes do dia, o que influencia o Google+, o Twitter e o Facebook,
por exemplo.



O raciocínio por trás desse tipo de iniciativa parte do comportamento dos usuários na redes sociais (e dialoga com um estudo recentemente descoberto feito pelo Facebook):
as pessoas tendem a compartilhar mais as postagens com conteúdos
"felizes". Assim sendo, raciocinam os cientistas, um conteúdo noticioso
terá mais chance de ser mais compartilhado se for considerado igualmente
"feliz".


Para além do fato de o Google deter hoje o maior banco de dados
de conteúdos indexados da internet, servir como base para boa parte do
que se publica e elencar a informação por ordem de importância, há uma
questão essencial a ser levada em conta no que diz respeito ao
comportamento do brasileiro na internet: os mecanismos de busca são
especialmente fortes para os leitores daqui encontrarem conteúdo
jornalístico. De acordo com o Digital News Report 2014 do Reuters
Institute for the Study of Journalism, um relatório anual publicado pela
agência de notícias, 59% dos brasileiros consomem notícias a partir de
buscas em mecanismos como o Google.



Ou seja, mais da metade dos leitores nacionais pode não estar
recebendo esta e outras notícias de tom "negativo" em suas buscas. A
questão, aqui, é que
o jornalismo pautado pela lógica das
redes sociais não segue, de forma alguma, o critério usado nas redações
de todo o mundo para decidir o que deve ou não ser noticiado. E isso,
por si só, representa um grande desafio para o jornalismo praticado no
mundo digital.

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