sábado, 29 de novembro de 2014

O discurso da grande mídia para inviabilizar blogs e a diversidade de opinião

O discurso da grande mídia para inviabilizar blogs e a diversidade de opinião

O discurso da grande mídia para inviabilizar blogs e a diversidade de opinião




Desqualificar votos de nordestinos, chamar cidadãos de bovinos,
acusar eleitores de Dilma Rousseff de serem cúmplices da corrupção,
tornar indignos os seguidores de Simón Bolívar,
disseminar uma suposta ameaça à liberdade de impressa, lutar contra
privilégios da população negra, extinguir cotas sociais, classificar blogs como sendo sujos e “acusá-los” de serem financiados pelo governo.


Que relação há entre todos esses acontecimentos com a estratégia adotada pela grande mídia para impedir o crescimento de blogs e sítios não alinhados com os interesses da meia-dúzia de famílias que controla os meios de comunicação no Brasil?


Para entender a ligação entre fatos aparentemente distintos é
proveitoso recorrer a alguns pensadores que analisaram as sociedades de
suas épocas, pois eles desnudam a ideologia e a forma de atuar das
classes dominantes.



A dominação


Há de se estar consciente de que em todas as épocas os humanos
utilizaram comumente a procedência ou características físicas para
explicar e justificar a julgada superioridade de certos indivíduos ou
povos sobre outros. Em cada momento histórico os povos considerados mais
avançados - modelos de superioridade e símbolos do ideal humano - eram
aqueles que dominavam e subjugavam outras gentes. Eram os que criavam as
leis, ditavam as regras, estabeleciam os valores da sociedade e se
autodeterminavam como referenciais para os demais.


O francês Frantz Fanon,
em “Os condenados da terra”, faz uma análise da psicologia da dominação
ao examinar os mecanismos utilizados pelos dominadores dentro do
contexto colonial. Aponta para a desumanização do povo colonizado
promovida pelo colonialista, a rigor, animalizando o outro. Quando fala
do colonizado a linguagem do colonizador é uma linguagem zoológica:


A linguagem faz alusão aos movimentos répteis do amarelo, às
emanações da cidade indígena, às hordas, ao fedor, à pululação, ao
bulício, à gesticulação. O colono, quando quer descrever bem e encontrar
a palavra exata, recorre constantemente ao bestiário. (Fanon, p. 31)



Ele evidencia ainda, em “Pele negra, máscaras brancas”, a importância
da degradação da imagem do povo subjugado para que haja um
engrandecimento da figura do dominador. Para Fanon isso pode ser
observado no antissemitismo que se propaga nas classes médias, pois não
tendo estas nem terra, castelo, ou casa, ao tratarem o Judeu como um ser
inferior e pernicioso, confirmam, ao mesmo tempo, que pertencem a uma
elite.





O racismo


Se grave a degradação quando se prende a um fator que pode ser
facilmente ocultado, tal como a origem e convicção judaica, o quadro
piora quando se prende a características físicas que estampam no corpo
aquilo que é depreciado pelo outro.


Nesse caso, no tocante à discriminação pela cor de pele, diz o autor
que “uma criança negra, normal, tendo crescido no seio de uma família
normal, tornar-se-á anormal ao menor contacto com o mundo branco”. Isto
ocorre porque, desde o momento da chegada do colonizador no meio social é
incutida a idéia da inferioridade das pessoas que possuem pele negra.


Para Albert Memmi,
outro pensador francês, em seu “Retrato do colonizado precedido pelo
retrato do colonizador”, a discriminação se insere de tal forma que fica
presente no “conjunto de condutas, de reflexos adquiridos, exercidos
desde a primeira infância, valorizados pela educação, o racismo colonial
está tão espontaneamente incorporado aos gestos, às palavras, mesmo as
mais banais, que parece constituir uma das mais sólidas estruturas da
personalidade colonialista”.





A obra da Escravidão


Em terras tupiniquins, segundo o brasileiro Francisco Weffort, em seu “Formação do pensamento político brasileiro: ideias e personagens”, dentre os intelectuais que trataram o tema Joaquim Nabuco foi o primeiro a ver na escravidão brasileira um “fenômeno social total”.


Nabuco advertiu, mesmo antes da abolição, que embora o abolicionismo
destruísse a escravidão, poderia permanecer a “obra da escravidão”:


Depois que os últimos escravos houverem sido arrancados ao poder
sinistro que representa para a raça negra a maldição da cor, será ainda
preciso desbastar, por meio de uma educação viril e séria, a lenta
estratificação de trezentos anos de cativeiro, isto é, de despotismo,
superstição e ignorância. O processo natural pelo qual a Escravidão
fossilizou em seus moldes a exuberante vitalidade do nosso povo durou
todo o período do crescimento, e enquanto a Nação não tiver consciência
de que lhe é indispensável adaptar à liberdade cada um dos aparelhos do
seu organismo de que a escravidão se apropriou, a obra desta irá diante,
mesmo quando não haja mais escravos. (Weffort, p. 219)






O atual pensamento colonialista


O pensamento colonialista e a “obra da escravidão” ainda pairam sobre
nossa sociedade sob novas formas. O discurso preconceituoso advindo do
sudeste e a tentativa de rebaixamento de brasileiros nordestinos à
condição de animais tornam Fanon atual - não mais a subjugação de um
povo por outro, mas de brasileiros sobre brasileiros.


As desigualdades econômicas e sociais entre as populações negra e
branca em nosso país evidencia o quanto a “obra da escravidão” ainda
opera em nosso meio.


Sua obra transcendeu a questão racial. No sudeste e sul do país passa
a agir também contra nossos irmãos das outras regiões do país.


O combate resistente e articulado das elites econômicas contra a
diminuição das desigualdades se faz evidente com a ferocidade com que
atacam, desqualificam e tentam humilhar quem vote em Dilma, admire
Bolívar ou seja favorável às cotas sociais.


Por agirem em conjunto, alinhados e com pauta e discurso únicos,
conseguem ser efetivos. Em todos os meios e em qualquer canal sempre o
mesmo viés de classe. Em todos os rádios só se ouvirá aquilo, em todas
as televisões só se verá isso, em todos os jornais só se lerá isto:





• Cotas raciais: criam preconceito.


• Cotas sociais: instalam o fim do mérito pessoal.


• Cotas de gênero: desunem homens e mulheres.


• Benefícios sociais: constituem desestímulo ao trabalho.


• Nordestino: lugar de analfabeto.


• PT: sinônimo de corrupção.


• Votar no PT: cidadão corrupto, inculto.


• Reconhecer méritos do governo: ser pago pelo governo.


• Criticar sistematicamente o PT: indivíduo culto e informado.


• Bolívar: ameaça comunista.


• Blogs questionadores da mídia: sujos, submundo da internet.


• Verbas publicitárias públicas naqueles blogs: compra de opinião por parte do governo.





Persuasão dos incautos


A persuasão é tamanha que se vê que os potenciais beneficiários das
políticas públicas se tornam contra sua implantação. Veem-na como motivo
de rebaixamento social.


É a crítica quanto ao universitário que cursa faculdade com bolsa
integral do Prouni, mas não ao filho de família rica que cursa
gratuitamente uma renomada universidade pública.


O mesmo ocorre com a aplicação de verbas públicas em publicidade na
internet. O vitorioso discurso da grande mídia tacha de “comprado”,
“parcial”, “petralha” e “chapa branca” qualquer sítio ou página que
receba anúncios governamentais e que não esteja alinhada com a grande
mídia.


De um lado isso criou aversão nos blogs progressistas quanto
a receber qualquer tipo de publicidade governamental para poderem
possuir o “selo” de independência editorial.


De outro, por fazer oposição sistemática e cobertura parcial, a mídia
acusativa faz publicação de acusações sem provas e não dá voz aquele
que é alvo das acusações, o que leva aos blogs não alinhados a
destinarem a maior parte de suas publicações para contra argumentar
aquilo que foi divulgado na grande mídia. São esses blogs que se prestam ao trabalho de "ouvir" o outro lado, de publicar a versão da acusado.


De uma só tacada a grande mídia inviabiliza o crescimento desses blogs,
abarca a publicidade governamental realizada na internet e pauta os
assuntos que serão discutidos e publicados nos outros meios: os blogs se tornam caixa de ressonância dos grandes veículos.





Legislação e programas de estímulo


O Estado, representante da tutela dos interesses da coletividade,
deve regular os mercados a fim de evitar falhas de mercado, em especial
aquelas que podem ensejar malefícios à população em geral em
contrapartida a lucros abusivos de setores dominantes.


A diversidade de veículos de informação e a quebra do cartel
midiático se darão com legislação e instrumentos que estimulem a
criação, manutenção e crescimento de canais alternativos de divulgação
de informações, notícias e produção de conhecimento.


Tal qual estímulos recebidos pela indústria, a legislação que concede
tratamento diferenciado à micro e pequenas empresas nas contratações
públicas (Decreto 6.204, 5.9.07), o apoio à agricultura familiar
(Pronaf) etc., a mídia alternativa também precisa receber estímulos do
governo para que se desenvolva, seja mais atuante e o meio tenha
condições de ser plural e democrático.


Os pequenos veículos de comunicação não possuem o mesmo aparato e
capital que os grandes. Precisam de um tratamento diferenciado para se
fazer cumprir o princípio da isonomia, que implica a necessidade de os
iguais serem tratados igualmente e os desiguais, desigualmente, na
medida da sua desigualdade.


Preciso é também fortalecer a TV Brasil, tornando-a de cobertura
nacional. A fonte de recursos poderiam ser as verbas de publicidade
destinadas aos grandes veículos de comunicação.


Ao mesmo tempo o governo deve estabelecer critérios claros e de
interesse nitidamente público para a aplicação de verbas publicitárias,
cortando despesas com veículos que disseminem preconceitos e infrinjam
nossos princípios constitucionais.


Enquanto a grande mídia for a “fonte oficial” de informação para o
público e pautar governos e aquilo que seja “notícia” em nossa
sociedade, o colonialista, em nova roupagem, estará ainda sobre nós.

A peça decisiva do quebra cabeça brasileiro - Carta Maior

A peça decisiva do quebra cabeça brasileiro - Carta Maior

A peça decisiva do quebra-cabeça brasileiro

Articulações
em marcha, entre centrais e autoridades econômicas, para evitar um
ciclo de demissões no setor automobilístico, sinalizam uma avenida a
percorrer.

por: Saul Leblon


Arquivo





O quebra-cabeça brasileiro inclui uma peça-chave cuja movimento no tabuleiro pode mudar o desfecho do jogo.

O nome dessa peça é repactuação política do desenvolvimento.

Seus
atores são os movimentos sociais organizados, as centrais sindicais, as
entidades empresariais --sobretudo as da indústria, e o governo.

Articulações
em marcha, ainda restritas a sondagens entre centrais e autoridades
econômicas, para evitar um ciclo de demissões no setor automobilístico,
sinalizam uma avenida a percorrer.

Se é possível negociar metas,
concessões, salvaguardas para barrar o desemprego, por que não o seria
também, em um fórum ampliado, para reordenar  a velocidade, a
destinação, as condicionalidades e garantias  de um novo ciclo de
desenvolvimento?

Estamos falando de uma lógica alternativa a dos
centuriões do mercado que se avocam o apanágio ‘técnico’ para agendar
quem pagará a conta do ajuste necessário à retomada do crescimento.

Insista-se: macroeconomia não tem ideologia.

Responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio competitivo não distinguem a coloração de um projeto histórico.

São obrigações de qualquer governante; interessam a toda a sociedade.

Mas desenvolvimento é outra coisa.

Desenvolvimento é transformação.

É
romper estruturas anacrônicas e construir outras novas, ao mesmo tempo e
com igual intensidade. Quase como atravessar um rio de dupla
correnteza, uma puxando para cada lado.

Quem acha que pode haver
‘solução técnica’ para essa travessia, açoitada por ventos e tempestades
em litígio, acredita em ‘mãos invisíveis’ a costurar a sociedade
humana.

A mão dos mercados autorreguláveis, por exemplo, cujos
porta-vozes alardeiam as virtudes do desenvolvimento a salvo de um
protagonismo social que o conduza.
Mais que nunca o Brasil necessita de um protagonista social capaz de pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não é apenas a mudança no calendário a registrar um novo governo Dilma.

É mais que isso.

Vive-se, grosso modo, um interregno entre dois ciclos.

Um,
que parece ter se completado com a consolidação de políticas sociais e
salariais, que remodelaram a dinâmica da cidadania e do consumo em
largas fronteiras da América Latina.

Em graus distintos, esse
estirão foi favorecido pelo afrouxamento do gargalo externo, marcado por
uma década de forte alta nos  preços  das commodities.

Atenção porém: não há automatismos na história.

O
Brasil já cresceu antes, mais até do que no período recente, sem
distribuir renda; ao contrário, concentrando-a à base de arrocho
salarial e repressão política.

A história latino-americana
registra outros ciclos de valorização de produtos primários sem uma
contrapartida social equivalente a atual.

O que se fez no Brasil e na AL nos últimos anos, portanto, foi uma ação política deliberada.

Subtraiu-se
espaço da ‘mão invisível’ para  destinar um pedaço da riqueza corrente
ao resgate mínimo da exclusão secular, aprofundada pela hegemonia livre
mercadista dos anos 90.

O fôlego dessa indução enfrenta agora o ar rarefeito da estagnação planetária escavada pela desordem neoliberal.

Um descompasso entre aspirações histórias e fluxos de receitas está em curso.
O
Brasil depende de investimentos pesados que liguem o impulso original
do consumo a uma inadiável adequação da oferta e da logística à escala
ampliada da demanda e das expectativas sociais.

É imperativo regenerar a musculatura de sua base industrial.

Não
por qualquer fetiche ‘desenvolvimentista’; reside aí a principal usina
de irradiação de produtividade de que a economia necessita para lastrear
novos saltos em direitos, cidadania, empregos qualidade e soberania
externa.

O desafio histórico consiste em erguer os pilares dessa transição num ambiente internacional que deixou de favorecê-lo.

Sem
a participação ativa da sociedade nessa travessia, a lógica neoliberal
ocupará o vácuo para empurrar sua ‘agenda técnica’ goela abaixo da
nação.

Em que direção?

A do afável México, talvez.


tivemos paradigmas em melhor situação: cerca de 2/3 dos 2.500
municípios mexicanos estão dominados por gangues sanguinárias do
circuito drogas/crimes.
O México foi o único país da América Latina,
ao lado da pequena Honduras, que registrou aumento da pobreza e da
miséria na década passada.

É verdade: o ‘ajuste técnico’ de sua
economia conseguiu a elevar a produtividade mexicana num ritmo duas
vezes superior à correção dos salários, a partir de 2005.

O país é hoje o segundo maior fornecedor de carros para os EUA (à frente do Japão, abaixo do Canadá).

É o maior exportador de TVs de tela plana do mundo, informa a agencia Bloomberg nesta 5ª feira (27/11).

A que preço?

Ao preço de alguns ‘colaterais’, diz um estudo do insuspeito Bank of América citado pela mesma Bloomberg.

A saber:

a)
o salário mínimo mexicano perdeu 70% do poder de compra real nas
últimas décadas (o do Brasil cresceu 70% acima da inflação desde 2003);

b)
as exportações mexicanas cresceram uma média de 7% por ano desde 2001;
mas as vendas no mercado interno aumentaram  apenas 2% em média no
período ( contra 5%  da média brasileira);

c) O ganho médio do
assalariado mexicano cresceu 0,6% em termos reais na década terminada em
2012 (no Brasil foi duas vezes maior, diz a OIT).


Esse, o farol do ajuste ‘técnico’ que muitos apregoam para a economia brasileira no segundo governo Dilma.

Se
hesitar ou se acanhar, se renunciar, enfim, ao papel indutor do
desenvolvimento, o movimento social brasileiro deixará aberto o espaço
para ser conduzido por essa coleira, ao invés de conduzir o timão da
sociedade.

Dilma é a fiadora inconteste das urnas. Mas o que as urnas disseram em 26 de outubro não pode silenciar.

A repactuação política do desenvolvimento não se confunde com a ingerência burocrática no dia a dia da gestão do Estado.

Sua
agenda deriva de princípios que distinguem a construção de uma
sociedade convergente, da receita conservadora através da qual a riqueza
talvez cresça até mais depressa. Mas  em estruturas circulares de
desigualdade e marginalização crescentes.

Três  diretrizes  são
indissociáveis da luta por uma repactuação do desenvolvimento que
preserve a construção de uma democracia social, ainda que tardia, no
Brasil:

a) buscar o pleno emprego e rechaçar  qualquer ‘ajuste
técnico’ que se proponha a ‘pavimentar’ um novo ciclo  com base em
demissões e descarte de trabalhadores;

b) buscar políticas de
renda (reforma tributária), de salários (ganho real) e de serviços
públicos –educação de qualidade, mas também saúde e mobilidade-- que
fixem metas e prazos para a redução da desigualdade brutal vigente no
país; não se trata apenas de definir um piso à pobreza, mas de galgar
novos degraus para longe dela;

c) maior democracia participativa
para ampliar os canais de decisão econômica e de expressão política dos
interesses majoritários da sociedade.

Qualquer repactuação
histórica implica concessões e modulações de metas e prazos, desde que
não violentem as  balizas do objetivo mais geral.

O objetivo
estratégico do movimento social brasileiro  é construir uma resposta
política para a crise, a contrapelo da receita ortodoxa.

A desordem financeira mundial não cederá tão cedo, nem tão facilmente.

A consciência dessa contingencia histórica é um dado fundamental para a ação política nos dias que correm.

Recuos
e derrotas acumulados pela esquerda mundial desde os anos 70, sobretudo
a colonização de seu arcabouço programático pelos valores e interditos
neoliberais, alargaram os vertedouros para o espraiamento de uma
dominância financeira,  cuja presença tornou-se ubíqua em todas as
esferas da economia e do imaginário social.

O arcabouço
institucional que cedeu a soberania das urnas ao suposto poder
autorregulador dos mercados perdeu a capacidade de gerar antídotos às
degenerações intrínsecas a essa renúncia.

A democracia terá que reinventar-se para que essa possibilidade se recoloque no horizonte da ação política do nosso tempo.

A luta pela repactuação do desenvolvimento brasileiro é um pequeno passo nessa direção.

Mas pode definir uma grande mudança de rumo na construção do Brasil.

Petrobras

Petrobras: despejar a criança junto com a água do banho? | TIJOLAÇO


Petrobras: despejar a criança junto com a água do banho?

27 de novembro de 2014 | 14:08 Autor: Fernando Brito
juniao


É curioso o que ocorre na Petrobras.


A atual direção da empresa, mesmo em meio ao furacão de denúncias, não tem contra si nenhuma acusação.


Ao que parece, também não há contra ela nenhuma acusação de
incapacidade técnica: a empresa registra aumentos expressivos de
produção, cumpre com relativa regularidade  o cronograma de incorporação
de novos poços, aumenta significativamente o nível de eficiência de seu
parque de refino.


Ao contrário, Graça Foster era saudade pela imprensa como uma técnica exigente e duríssima com qualquer desvio na empresa.


E, no entanto, está politicamente fraca.


Não porque, de maneira inédita, se tenha descoberto, durante sua gestão, casos de corrupção (ate aqui, passados) na empresa.


Isso  nem vem só de FHC, mas do Governo Geisel, quando o Shigeaki
Ueki – o homem que faria a operação de compra da Light um ano antes de
que ela revertesse, sem custo, para o Governo Brasileiro – nomeado para a
estatal pelo austeríssimo luterano Ernesto Geisel.


O problema da atual direção da Petrobras não é falta de competência
ou de honradez, mas do entendimento de que a Petrobras tem um papel
político que se confunde com os anseios de desenvolvimento e
independência do Brasil.


E que o que se faz contra a empresa é, antes de tudo, o que se faz contra esta aspiração do povo brasileiro.


É que, embora asqueroso que servidores do quadro da companhia não
apenas a roubem como fragilizem sua imagem, o tema serve a um duplo
propósito.


Enfraquecer o Governo Dilma, agora.


E adiante, romper o semi-monopólio reconquistado pela Petrobras sobre o pré-sal.


Já recomeçou a cantilena de que o pré-sal “não é tão lucrativo assim” frente á queda dos preços do petróleo.


Mentira: no mix – pré e pós-sal – o petróleo brasileiro
custa US$ 14 dólares por barril para ser extraído, o que o deixa ainda
com muitíssima folga diante dos US$ 75 dólares para os quais caiu hoje,
depois que a Opep (leia-se Arábia Saudita ou leia-se EUA, como preferir) não adotou o corte de produção que defenderia os interesses dos países exportadores.


Por isso, faço questão de reproduzir aqui o olhar muito mais atilado
que o meu, do veterano jornalista Nílson Lage, que pratica, estuda e
critica o comportamento do jornalismo brasileiro há mais de meio século.
E que, depois de tantos anos de janela, conhece todos os personagens
deste jogo, desde os tempos do “Petróleo é Nosso”.


O jogo está escancarado

Nilson Lage, no Facebook
O que se disputa é o Brasil.


A campanha mobiliza a mídia comandada pela Sociedade
Interamericana de Imprensa através de organizações corporativas nos
moldes das agências nacionais de jornais e de emissoras de rádio e
televisão – destacadamente, as empresas sempre fiéis, como as
Organizações Globo e o que restou dos Diários Associados.



Os recursos fluem através dos mecanismos hegemônicos de patrocínio publicitário implantados nos últimos 60 anos e do financiamento
pelas multinacionais interessadas; para isso, elas cooptaram lideranças
políticas ambiciosas dos estados mais industrializados no quadro do
“desenvolvimento dependente”.



Numa sociedade em que todos os
negócios têm comissões e que a corrupção é generalizada – embora se
venha reduzindo nos últimos anos – , cuida-se de demonizar seletivamente
as empresas brasileiras mais importantes e as principais detentoras de
tecnologia com expressão internacional.



Trata-se, como sempre, de minar o
poder nacional brasileiro, intimidar sua eventual base de suporte
econômico e, afinal, tomar posse integral dos minérios e do bioma
amazônico e, com maior urgência, do subsolo do Atlântico que a Petrobrás
começou a explorar – o petróleo do pré-sal e muita coisa mais.



Para esse assalto, há traidores
bastantes; uma esquerda cega que sonha impossível “revolução já”;
bacharéis carreiristas ou alienados; vigilantes que se supõem
super-heróis; e forças armadas de caça-fantasmas perseguindo um
comunismo de araque que já foi trabalhismo e agora é bolivarianismo.


domingo, 23 de novembro de 2014

PSDB diz que governo pode pagar empresas.

PSDB diz que governo pode pagar empresas. E cortar dos servidores e do Bolsa-Família? | TIJOLAÇO


PSDB diz que governo pode pagar empresas. E cortar dos servidores e do Bolsa-Família?

21 de novembro de 2014 | 19:42 Autor: Fernando Brito
orcamento


O PSDB soltou ontem nota
protestando contra o fato de o Governo dizer que, sem a aprovação das
mudanças na Lei Orçamentária, terá de cortar investimentos.


Isso significa, claro, adiar o pagamento para as empreiteiras que fazem as obras  que correspondem a estes investimentos.


Diz a nota do partido:


“É inaceitável a chantagem feita pelo governo federal ao atrelar o
pagamento das dívidas com as empresas que fazem obras públicas ao apoio
ao projeto de lei que modifica a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, por
consequência, acaba com a meta de superávit primário, um dos pilares do
Plano Real.”



Ora, o governo pode cumprir a meta orçamentária se, como tantos
outros já fizeram,  parar de pagar “as empresas que fazem obras
públicas”. Qualquer criança sabe que isso aconteceu – e acontece – em
uma montanha de obras nos Estados e nas Prefeituras.


A única diferença é que o Governo Federal está dizendo o que vai
fazer para cortar despesas se não houver folga no orçamento para pagar.


Porque a outra coisa que poderia ser cortada seria o pagamento dos
juros e da rolagem da dívida pública. E todo mundo pode imaginar as
consequências disso, não é? Se não puder, procure saber o que aconteceu com a Argentina que fez isso por acordo com quase todos os credores.
Bastou meia dúzia de espertalhões, os fundos-abutre, comprarem os
títulos para um juizinho de bairro em Nova York arrestar o dinheiro
argentino, por tamanha heresia.


A nota do PSDB fala em “irresponsabilidade fiscal”. Seria útil, sobre isso, transcrever um trecho da carta pública do economista Theotônio dos Santos a Fernando Henrique Cardoso, quando ele veio com esta história, em 2010:


“Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu
Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões
de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o
governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal?
Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um
dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da
humanidade.”



Que amnésia é essa que os faz esquecer que, até o mês passado, o
maior projeto econômico do PSDB era colocar na Fazenda Armínio Fraga,
que elevou a taxa de juros  a 45%, o quádruplo do que é hoje?


Os tucanos dizem que “se o governo quiser, tem como pagar seus
credores. Basta priorizar os gastos e governar pensando no bem da
população”.


Mas, ora, se o governo tem de cortar despesas para poder ter uma
“sobra”  – o superavit fiscal – para pagar os juros, onde irá cortar?


Dos vencimentos dos servidores? Do bolsa-família?


A economia, todos sabem, teve um mau ano: crise na Europa,
esfriamento da economia chinesa, problemas no grande parceiro brasileiro
que é a a Argentina, seca inclemente se refletindo no preço dos
alimentos e da energia e, sobretudo, uma implacável sabotagem econômica
feita de olho nas eleições.


O que houve de diferente nesta do que ocorreu em outras crises?


Não se atirou a conta sobre o povão na forma de desemprego e de
arrocho salarial, muito menos na queda dos padrões – já baixos – do
serviço público.


Ninguém vai ficar sem receber, fiquem tranquilos os senhores tucanos
tão prestimosos em acorrer ao desejo dos empreiteiros, a exigir que o
governo lhes pague “priorizando” suas contas às outras, de muito maior
impacto social.


Até porque o que o Governo pretendem – e vocês não dizem – é que seja
abatida da meta de superávit aquilo que foi pago justamente a estas
empresas pelas obras do PAC e a delas e de outras se deixou de recolher
com a redução de impostos, as chamadas isenções fiscais.


Fiquem tranquilos os senhores tucanos que, em matéria de desastre econômico, ninguém lhes toma o troféu.

Merval quer abrir o Brasil para empreiteiras americanas

Merval quer abrir o Brasil para empreiteiras americanas. Já está aberto, não sabia? | TIJOLAÇO


Merval quer abrir o Brasil para empreiteiras americanas. Já está aberto, não sabia?

21 de novembro de 2014 | 10:34 Autor: Fernando Brito
halliburton


Merval Pereira tem um mérito: encontra uma maneira de mostrar sempre o que vai por trás das campanhas moralistas.


Hoje, em sua coluna,
chama de “pressão” do Governo o que é um fato obvio: se não tiver
autorização orçamentária para pagar obras, o governo não poderá pagar a
quem as faz.


É claro que as empreiteiras, que têm um poder de “convencimento”
equivalente à “amizade” da metade do Congresso a quem doou nas campanhas
eleitorais, é quem pressionam para aprovação da revisão da lei
orçamentária.


O genial Merval surge, então, com a “grande solução” para o problema das obras públicas no Brasil.


Importar empreiteiras!


“As principais empreiteiras brasileiras têm obras em várias
partes do mundo, mas têm garantia de mercado interno, fechado para as
grandes empresas internacionais de engenharia de construção civil e
obras de infraestrutura. O Brasil não permite a entrada, em seu mercado
doméstico, de construtoras americanas, alemãs, francesas, japonesas,
italianas, portuguesas.”



Merval, em primeiro lugar, não é verdade que o Brasil não permita a entrada de construtoras estrangeiras.


Ao contrário, com a crise européia e a retomada dos investimentos no
Brasil, elas já desembarcaram aqui com seus dólares e seu apetite.


Pode ser lido aqui, sem dificuldades até para Merval Pereira, que isso é um fato.


Até a “honestíssima”  Halliburton, que se viu envolvida nos maiores
escândalos junto com o vice-presidente de George W. Bush nos contratos
da Guerra do Iraque, planeja dobrar de tamanho aqui em terras tupiniquins.


A dificuldade destas empresas não é corromper políticos e governantes brasileiros.


Elas sabem fazer isso tanto quanto as nacionais, ou melhor. E ainda
têm mais facilidade em pagar lá fora, com menos rastros e sem
necessidade de doleiro para cambiar em dólar.


A dificuldade é que o mercado de engenharia pesada no Brasil é tecnica e economicamente capaz de fazer as obras mais complexas.


E é assim há mais de 30 anos, registre-se.


Alguém avise o Merval para encontrar uma tese melhor, senão não o
convidam mais para aquele famoso cafezinho na embaixada americana.

Não falta médico no Brasil

Não falta médico no Brasil, nem para estrangeiro, mas só quando se pode pagar bem | TIJOLAÇO 











Não falta médico no Brasil, nem para estrangeiro, mas só quando se pode pagar bem

21 de novembro de 2014 | 08:48 Autor: Fernando Brito
turismomedico


A agência de notícia das Alemanha, a Deutsche Welle,
publica que o Brasil recebeu 180 mil turistas em 2013 em busca da
realização de procedimentos de baixa, média e alta complexidade, nos
cálculos de uma instituição (que ironia…) chamada “Pacientes sem
Fronteiras”.


Diz a dirigente de uma empresa que se dedica a capitalizar este
“mercado”: “”Entre os diferenciais do Brasil estão a qualidade,
tecnologia, custos competitivos em algumas áreas, especialidades
técnicas e centenas de hospitais que possuem acreditações
internacionais.”


Muito bem. Ninguém pode ser contra termos  médicos de alta competência e ótimos hospitais privados.


Aliás, o Brasil sempre produziu ótimos médicos, desde os voltados
para a saúde pública, como Carlos Chagas e Oswaldo Cruz, como os de alta
especialização, como Ivo Pitanguy e Euryclides Zerbini, os dois aliás,
com uma carreira marcada pelo aprendizado ao longo de sua atuação em
hospitais públicos ou semi-públicos. O primeiro, no Hospital do Pronto
Socorro e na Santa Casa de Misericórdia e o segundo na USP.


Mas como é que podemos nos conformar com que neste país capaz de
 importar pacientes do exterior não haja médicos para atender os
brasileiros do interior (e da periferia das grandes cidades),
simplesmente porque a perspectiva da medicina é ganhar muito e rápido.


Pior, como é que se pode aceitar que importemos pacientes que querem
médicos brasileiros e não toleramos que se importe médicos para
brasileiros, que precisam de médicos e para os quais não os há
brasileiros?


No mundo globalizado, não há porque continuarmos a ser o velho “país
dos contrastes”, porque não somos “dois” países: um bem-sucedido, que
compete internacional de medicina (algo que clama aos céus como uma
aberração: mercado de medicina!) e outro, desastroso, onde as pessoas
morrem sem atendimento de saúde o mais básico imaginável.


Não há contradição entre medicina de alta tecnologia e especialização
e saúde pública. Ou melhor, parece só existir na mente de uma elite
médica que deixou de lado  a essência da medicina: os seres humanos são
iguais aos médicos e “em todas as casas em que entrar, fá-lo-ei apenas
para benefício dos doentes”, como jurou Hipócrates.


Morreu, há dias, um médico que não vivia este padecimento mental em
que parecemos  nos atolar. O Dr. Adib Jatene poderia viver apenas de
seus conhecimentos, de uma caríssima clínica particular. Foi à luta,
porém, pelo direito de todos, inclusive com a heresia de criar um
imposto, a CPMF, para financiar o atendimento público universal.


É triste ver que as entidades médicas, que deveriam ser um Norte
ético e humanitário para uma categorias de profissionais que dependem,
como poucos outros, de ética e humanidade em sua missão, transformadas
em defensoras de reservas de mercado e desprezo pelos seres humanos que
morrem por falta de atenção, seja de quem for.

Desonestidade é com a Folha, mesmo…

Desonestidade é com a Folha, mesmo… | TIJOLAÇO











Desonestidade é com a Folha, mesmo…

20 de novembro de 2014 | 21:19 Autor: Fernando Brito
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O UOL, empresa do grupo Folha, dá a manchete:


Doações de investigadas na Lava Jato priorizam DEM, PMDB, PP, PSDB e PT


Mas na Folha, o título sofre uma metamorfose e fica assim:


Doações de investigadas na Lava Jato priorizam PP, PMDB, PT e oposição


Coisa de bandido, como se vê.


Lendo a matéria, vê-se que muita gente “boa” da oposição recebeu
doações – legalmente declaradas, não se faz exploração torpe aqui –  das
empreiteiras investigadas.


A começar por José Serra e Antonio Anastasia, braço direito de Aécio Neves.


O PT publicou um levantamento das doações – também oficiais – das empreiteiras aos adversários de Dilma Rousseff.


O resultado são acachapantes R$ 160,7 milhões doados aos principais
partidos de oposição: R$ 129,34 milhões ao PSDB, R$ 15,85 milhões ao DEM
e R$ 15,57 milhões, ao PSB.


No primeiro turno, e aí não estão incluídas as doações “avulsas” a candidatos ao parlamento.


Daí se vê como a imprensa brasileira está interessada na moralização da política.


Aquela, que está há oito meses dependendo da “vista” de Gilmar Mendes
no processo – já decidido – que proíbe doação de empresas a partidos e
candidatos.


Que país, aquele em que fica difícil definir o que é pior, se empreiteira ou a “imprenseira”.



Um passo atrás não é nada,

Um passo atrás não é nada, o problema é não mostrar para onde se vai | TIJOLAÇO | 











Um passo atrás não é nada, o problema é não mostrar para onde se vai

23 de novembro de 2014 | 07:37 Autor: Fernando Brito
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Dilma deve ter perdido as eleições.


Não porque tenha nomeado Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura.


É algo muito mais aceitável do que o pais pagar os juros que pagamos aos especuladores.


Mas porque parece estar montando o ministério com um senhor: a mídia.


Voltou a falar aos brasileiros com a mesma avareza que fazia antes da campanha eleitoral.


Deixando que a mídia, ou o “super-fonte” palaciano Aloizio Mercadante
diga onde esteve, com quem esteve, a quem convidou  para ministro e de
quem levou um “não!”.


Mercadante é a Marta Suplicy remanescente: só pensa em São Paulo e, por isso, só cuida da mídia.


Foi espetacular o sentimento de fidelidade a um Brasil justo que o eleitor mostrou.


Dima não venceu “apertado”, venceu “com folga”, dada a campanha de
mídia que se desfechou sobre ela, num quadro de crise econômica.


Venceu com os que não lhe pediam nada.


Mas parece estar disposta a governar com os que lhe exigem tudo.


Confiando apenas no que ela própria é e do que nenhum de nós duvida que seja.


Só que este é o caminho da solidão.


E solidão não transforma.


Desemboca, no mínimo, em decepção. No máximo, em tragédia.


A presidenta ganhou aplausos no início do seu primeiro mandato.


Ia fazer a “faxina”.


Isso é permanente, não é performático.


Moralista performático só serve para pedir a ditadura na Avenida Paulista.


Ninguém  é cego ou imbecil ao ponto de  não entender que um governo tem de fazer concessões.


Mas um governo, antes de tudo, precisa expor convicções.


E, até agora, o que se expôs, parece, é a falta de convicção.


Leia o artigo de Janio de Freitas, hoje, ao qual ele, gentilmente, ele deixou de dar o título apropriado  de “Marcha a ré” .


O primeiro passo

Janio de Freitas
A escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, vista de
fora, é uma decisão política, não econômica. Faz supor uma escolha de
Dilma Rousseff por temor da voracidade com que os conservadores
ambicionam a retomada do Poder perdido. Presenteia-os, parece, na
suposição de aplacá-los.



De fora, ainda não há como saber –e muito menos crer– de algum
entendimento prévio sobre linha de política econômica que possa tornar a
escolha mais inteligível. Seja como for, coerente com o sentido da
campanha de Dilma, não é.



A escolha não tem coerência nem com o momento em que é feita. Na
manhã mesma em que fez uma reunião para definir a escolha, liberada não
oficialmente à tarde, o caderno “mercado2″ da Folha apresentava
como manchete: “Desemprego recua em outubro e atinge 4,7%; renda bate
recorde”. A seção “Economia” do “Globo”, com uma nota na primeira
página, também dava como manchete: “Emprego em alta, renda recorde”.



Aos dois jornais não faltaram, claro, o “mas” e o “apesar de”.
Ainda assim, das manchetes pode-se entender que a economia esteja mais
para o massacrado Guido Mantega do que para o Joaquim Levy que bem
poderia ser ministro em um governo de Aécio Neves.



O histórico de Joaquim Levy não deixa dúvida sobre o seu
conservadorismo, posto em prática evidente ao menos desde que foi
secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento no
governo Fernando Henrique. Conservadorismo confirmado no governo Lula,
quando foi um dos inspiradores da política econômica que consagrou
Antonio Palocci nos setores do domínio financeiro. E conservadorismo
consolidado como secretário do Tesouro, quando Levy foi o ponto de
resistência a gastos e outras medidas de linha social pretendidas no
governo Lula.



Caso o histórico não baste, o presente garante: se não fosse
adepto de concepções do conservadorismo neoliberal, Joaquim Levy não
seria diretor do Bradesco. O que prova não se tratar, até agora, de
pessoa incoerente.



Também sem comunicação oficial quando escrevo, a apontada
indicação da senadora Kátia Abreu para a Agricultura sugere, ou
confirma, uma disposição incomum de Dilma Rousseff para incrementar
problemas com as correntes não conservadoras. A senadora exerce com
muita competência a liderança do agronegócio e dos grandes proprietários
de terra. Mas nem todos os interesses que defende coincidem com o que
deveriam ser objetivos do governo, de todo governo.



Dilma Rousseff entra no segundo mandato devendo muito para
reparar os desempenhos deploráveis do seu governo em três capítulos da
desgraça nacional: o problema indígena, sem as demarcações territoriais
devidas e com o genocídio em progressão; a questão fundiária em geral,
com imensos territórios tomados e explorados; e, ainda e sempre, a
reforma agrária, pendente de correções e de avanços. Três assuntos em
que o responsável pela Agricultura tem deveres e poderes muito grandes.
Três assuntos em que os interesses representados pela senadora Kátia
Abreu conflitam, em todos os sentidos desta palavra, com as vítimas e
com as obrigações e as dívidas administrativas e sociais do governo
Dilma.



O primeiro movimento para o novo governo parece feito em marcha a ré.

Mega-ladrão da Petrobras é “de carreira” e rouba desde 96, na era FHC | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

Mega-ladrão da Petrobras é “de carreira” e rouba desde 96, na era FHC | TIJOLAÇO | 


Mega-ladrão da Petrobras é “de carreira” e rouba desde 96, na era FHC

22 de novembro de 2014 | 10:05 Autor: Fernando Brito
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Segundo “O Globo”, o maior dos corruptos até agora descobertos na
Operação Lava-Jato – ao menos em volume de dinheiro desviado – o senhor
Pedro Barusco, confessou que rouba a petroleira há 18 anos.


1996, portanto, período do “império ético” de Fernando Henrique Cardoso.


Barusco nega que roubasse para partidos políticos: roubava para si mesmo, muito obrigado.


Das duas uma: ou mente ou diz a verdade.


Se diz a verdade, é um caso policial, apenas e algo para questionar
as regras de controle interno da Petrobras , de há quase 20 anos.


Se mente e roubava para esquemas políticos é o caso de perguntar se é
crível que roubasse para o PT em 96,97,98,99, 2000,2001 e 2002.


Barusco entrou na companhia em 1978 e é conhecido lá dentro como tucanérrimo.


Mas, como é funcionário de carreira, e ficou em postos-chave, pois a
tal “meritocracia”, se tem virtudes, também cria dentro de empresas e
instituições uma casta de “intocáveis” que, quando estão como este
comprometidos até a medula em roubalheiras, segue roubando com José,
João ou Antonio no poder.


Agora o senhor Barusco negocia uma “delação premiada”.


Delação premiada de si mesmo ou para levar consigo quem “interessar”?


Será interessante saber também se recentemente, nos anos em que serve
ao Banco BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, “amigão” de Aécio
Neves e seu cicerone junto aos financistas americanos, na reunião que o
tucano fez em Nova York, Barusco converteu-se à honestidade e largou de
roubar como alguém larga de fumar.


PS. E a Veja, hein? O que tem um e-mail falando de problemas de
uma obra no Tribunal de Contas do diretor responsável por esta obra à
Presidente do Conselho de Administração da Empresa, posição que Dilma
ocupava à época, 2009?  E que ela tenha feito o que deveria fazer:
encaminhas para os orgãos de controle para que examinassem o relatado e
fizessem o que é obrigação deles fazer?Aliás, pelo que se vê na
ilustração da revista, um e-mail que passa pelas mãos de várias pessoas,
sem nada de ultrassecreto?  Imagino a satisfação dos “delegados de
facebook” quando acharam um e-mail que tivesse o nome de Dilma, correndo
atrás dos “repórteres” da Veja: achei, pessoal, achei!


Seu comunista! – ou a arte de argumentar com quem fala por clichês

Seu comunista! – ou a arte de argumentar com quem fala por clichês

Seu comunista! – ou a arte de argumentar com quem fala por clichês

Leonardo Sakamoto

- Petralha! Petralha!

- Desculpe, é comigo?

- Petralha imundo! Desgraçado! Corrupto! Boçal! Seu idiota intolerante!

- Acho que você está me confundindo. Votei no Eduardo Jorge no primeiro turno e no Aécio, no segundo.

- Vermelho é a cor dos comunistas do PT!

- Mas eu votei no Aécio!

- Comunista assassino! Defensor de ideologia genocida!

-
Meu amigo, nem eu sou do PT, nem vermelho é monopólio de comunista, nem
sou comunista, nem o PT é comunista. Aliás, nem o PT é de esquerda
mais.

- Vermelho é comunista!

- Claro, Papai Noel veste vermelho por conta de uma marca de refrigerantes que está tramando a revolução.

- Você tá num país livre! Cala a boca e volta pra Cuba, seu cretino!

- Voltar como se eu não vim de lá?

- Vai morar na Venezuela, na Coreia do Norte.

- Não consigo nem tirar um final de semana para descer para Mongaguá, que dirá Venezuela…

-
Tenho ódio de vocês! Se você gosta de pobre, por que não viver com
eles? Mas o circo está fechando! Seus amigos vão todos parar na Papuda!

- Não, meus amigos vão todos lá para a Vila Madalena, hoje à noite, porque tem roda de samba no Ó do Borogodó.

- Então, você aprova o mensalão!

- N ão, aprovo o samba.

- Tô cansado de tudo isso! Tô cansado de vocês afundarem o Brasil com o dinheiro dos meus impostos!

- Meu amigo, acho que você não está bem. Você tá ficando vermelho…

- Cala a boca! Vermelho é cor de comunista!

- Meu Deus…

-
Se eu não fosse alguém de paz, já teria te enchido de porrada para
parar de falar mentira. O PT é que criou a pobreza, a divisão entre
ricos e pobres e a luta de classes.

- Não sou petista, mas desconfio que isso seja um pouco mais antigo. Quando eu falo com meus alunos…

-
Seu bandido! Os comunistas colocaram representantes nas escolas para
doutrinar nossas crianças! Você deveria ser preso! Morra! Moooorraaaaaa!

- Como na época da ditadura?

-
Saudades da época em que comunistas não podiam nos fazer mal. Deve
estar ganhando um por fora para defender a Petrobras, mensaleiro dos
infernos, ladrão, corrupto!

- Se tivesse, acha que estaria a pé para economizar o dinheiro do bumba?

-
No dia em que os militares restituírem a ordem você vai ver. Vai ser o
primeiro a ser preso para parar de roubar os cofres públicos! Vamos
acabar com todas essas bolsas-esmolas e botar o povo no eixo, fazê-los
trabalhar, que é trabalhando que se conquista a dignidade.

- Arbeit macht frei?

- O governo controla minha liberdade de expressão, não posso falar o que penso mais! Sou censurado!

- Imagina se pudesse.

- O Brasil está acabando.

- Nisso concordamos.

(Todos
os clichês escolhidos para compor esse diálogo fictício são reais.
Qualquer semelhança com o seu dia a dia não é mera coincidência.)


O tucano que iluminou o Brasil | Blog da Cidadania

O tucano que iluminou o Brasil | Blog da Cidadania

O tucano que iluminou o Brasil

Edu Guimarães



Ricardo Semler tem o perfil tucano padrão. Rico, 55 anos, paulista,
empresário de renome, é hoje vice-presidente da Fiesp, além de CEO
(executivo-chefe) e sócio majoritário da empresa Semco S/A. E não tem
apenas perfil tucano; é filiado ao PSDB. E das antigas. Filiou-se quando
Franco Montoro presidia o partido.


Semler tornou-se conhecido por ter implantado em sua empresa fórmulas
inovadoras de gestão empresarial. Sob sua gestão, o faturamento da
empresa subiu de quatro milhões de dólares em 1982 para 212 milhões de
dólares em 2003.


A revista TIME elegeu o executivo paulista como um dos “100 Jovens
Líderes Globais”, em 1994. O Fórum Econômico Mundial também o apontou em
trabalhos semelhantes. Foi exaltado como gestor pelo Wall Street
Journal – como “Empresário do Ano na América Latina”, em 1990, e
“Empresário do Ano no Brasil”, em 1992.


Semler formou-se em Direito na USP e estudou Administração em
Harvard. Além disso, escreveu livros que se tornaram sucesso em vendas
no Brasil e exterior.


Na última sexta-feira (21), o empresário surpreendeu o país com um
artigo no jornal Folha de São Paulo na linha super sincero. No texto,
reconheceu que, apesar da gritaria hipócrita entoada hoje sobre
corrupção – sobretudo na imprensa –, nunca se roubou tão pouco neste
país.


O artigo em questão se espalhou como fogo e provocou polêmica apesar
de não conter novidade. Tivesse sido escrito por um petista ou mesmo por
um cidadão sem coloração partidária, teria passado batido. O que fez o
texto repercutir tanto foi o fato de seu autor, declaradamente tucano,
contrariar o discurso de seu partido.


O artigo de Semler gerou polêmica a partir do título: “Nunca se
roubou tão pouco”. Dali em diante, sem abrir mão do discurso tucano
contra o PT – de que, ao longo dos governos Lula e Dilma, houve
corrupção e barbeiragens na economia –, o empresário tucano demonstrou
que é possível defender as próprias bandeiras políticas e ideológicas
sem cair no mau-caratismo.


O discurso de Semler em um texto literalmente antológico e que, a
esta altura, quem se interessa por política com certeza já leu, se fosse
entoado por Fernando Henrique Cardoso faria dele alguém que seria
respeitado pela maioria, em vez de repudiado.


Infelizmente, à diferença do correligionário no PSDB, FHC se entregou
à politicagem mais barata que se possa conceber, causando surtos de
indignação quando se dá ao desfrute de fazer acusações de corrupção aos
adversários políticos. Justamente ele, FHC…


Alguns dirão que Semler se contradiz porque reconhece que a corrupção
desbragada que existia antes de o PT chegar ao Poder também existiu no
governo federal de seu partido e, à diferença de hoje, não foi
investigada.


Pela lógica binária, portanto, se o empresário reconhece que sob o PT
a corrupção diminuiu, em vez de ter votado em Aécio Neves deveria ter
votado em Dilma Rousseff. Este blogueiro, porém, entende que cada um tem
o direito de votar de acordo com seus próprios interesses.


Explico: apesar de achar que os empresários brasileiros estarão mais
bem-servidos por um governo que não joga nas costas do povo o preço da
crise internacional, pois assim esse povo continuará movimentando a
economia, Semler vive entre os ricos empresários paulistas, relaciona-se
com eles, faz negócios com eles e com o resto do mundo capitalista. Por
certo, não seria bem aceito em seu meio se fosse filiado ao PT, ao
invés de ao PSDB.


Também dirão que Semler poderia não integrar partido algum. Mas como,
se tem uma visão política tão clara e saudável como a que demonstrou em
seu artigo?


Em minha visão, Semler é mais útil ao país sendo filiado ao PSDB do
que ao PT. Por que? Simplesmente porque constitui uma reserva de
sensatez e espírito público em uma agremiação que vem se perdendo em
hipocrisia e cegueira política, ideológica e social.


Trocando em miúdos: ter gente como Semler dentro do PSDB ajuda a
impedir que o partido piore ainda mais, mesmo que esse empresário
provavelmente tenha pouca influência junto às hostes tucanas.


Ao ler o artigo de Semler, é quase impossível não sentir-se tentado a
ser tão sincero e isento quanto ele. Aliás, sempre digo que isenção é
para poucos – e sempre para os mais lúcidos e inteligentes.


Nesse aspecto, nós – blogueiro e leitores concordantes ou
discordantes – que vivemos a política tão intensamente sentimos uma
ponta de constrangimento porque estamos a anos-luz de sermos capazes de
gesto igual ao de Semler.


Aliás, para um simpatizante ou um filiado tucano é muito mais fácil
ser sincero, neste momento, do que para um equivalente petista, pois o
governo recém-eleito de Dilma Rousseff está sob ameaça de golpe
“paraguaio”, de modo que quem não se dá ao luxo da sinceridade de
reconhecer as falhas do PT, como o empresário reconheceu as do PSDB, é
porque sabe que não dá para ficar criticando o partido do governo sem
ajudar aqueles que querem estuprar a democracia e jogar fora os votos de
54 milhões de eleitores.


Contudo, façamos uma concessão ao que chamo de o bom PSDB, ou seja, o
PSDB que não existe mais, o PSDB daquele que Semler disse que assinou
sua ficha de filiação ao partido, Franco Montoro, ou o PSDB do
inesquecível Mario Covas.


Lembro-me de Montoro em 1982, lutando contra Reinaldo de Barros,
candidato de Paulo Maluf ao governo de São Paulo, em um debate da
campanha eleitoral para governador, naquele ano – a primeira eleição de
governador após a ditadura.


O filho de Montoro André, é uma decepção. Politiqueiro, incapaz de um
mísero gesto de sinceridade. Mas o pai, ah, o pai… Franco Montoro era
daqueles políticos que já não se faz mais, assim como Mario Covas.


Mesmo os mais jovens devem se lembrar de Covas, em 2000, quase
consumido pelo câncer interrompendo o tratamento derradeiro para apoiar
Marta Suplicy contra Paulo Maluf no segundo turno da eleição para
prefeito de São Paulo apesar de seu candidato, Geraldo Alckmin, ter sido
derrotado no primeiro turno.


Aliás, lembro-me de Covas, na campanha a governador de São Paulo em
1998, sendo traído por FHC, que apoiou Maluf escancaradamente contra um
correligionário. Quanta diferença entre Covas e FHC…


FHC Maluf


Aliás, votei em Mario Covas algumas vezes. No primeiro turno de 1989,
pois então eu achava Lula “muito radical” – apesar de que votei no
petista no segundo turno, contra Collor –, e quando a escolha foi entre o
mesmo Covas e Maluf.


E, em 1982, é claro que votei em Montoro contra Reinaldo de Barros.


Semler resgatou o PSDB decente e social-democrata que poderia
existir, mas que foi corrompido por FHC e se tornou a excrescência que é
hoje. Um partido ligado à extrema-direita e povoado por ricaços
insensíveis, racistas e egocêntricos.


Quanto ao PT, Semler tem lá sua dose de razão. Rendeu-se ao
establishment, em grande parte. Mas enxergo que o fez porque não havia
alternativa – ou melhor, havia: entregar o país a uma direita das piores
que há no mundo.


Apesar de o PT ter admitido gente como um André Vargas em suas
fileiras, apesar de ter apelado ao mesmo caixa 2 que o PSDB e todos os
outros partidos sempre apelaram, ainda é o partido que tem a proposta
mais aceitável para o país.


O que me leva a apoiar o PT tão decididamente – e estou certo de que
Semler entende motivos como o meu – é que, apesar dos pesares, o partido
tem uma proposta invencível: divide melhor os sacrifícios que o país
tem que fazer.


Por fim, um tucano iluminar de forma tão digna e decente o país, como
fez Semler, permite-me fazer uma concessão à sinceridade: talvez
devamos, tucanos, petistas etc., refletir que ninguém é necessariamente
bom ou mau só por ser petista, tucano, corintiano ou palmeirense.


*


Leia, abaixo, o artigo antológico de Ricardo Semler publicado na Folha de São Paulo de 21 de novembro de 2014





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60 anos depois, cerco a Dilma lembra Getúlio

60 anos depois, cerco a Dilma lembra Getúlio

60 anos depois, cerco a Dilma lembra Getúlio



Ricardo Kotscho




Se a presidente Dilma Rousseff já terminou de ler o último volume da
trilogia de Lira Neto sobre Getúlio Vargas, editado pela Companhia das
Letras, deve ter bons motivos para ficar preocupada nesta entressafra
entre o seu primeiro e o segundo governo.


Talvez isso explique a indecisão dela para anunciar os integrantes da
nova equipe econômica, como demonstrou a dança de nomes cogitados para o
Ministério da Fazenda nesta semana que chega ao fim, mantendo o
suspense no ar.


Era este o livro que a presidente carregava na mão ao descer do
helicóptero no Alvorada, quando retornou a Brasília, depois de alguns
dias de folga numa praia da Bahia, logo após sua vitória apertada na
eleição de 26 outubro.


É neste terceiro volume que o brilhante jornalista cearense Lira Neto
mostra o cerco formado por forças civis, militares e midiáticas contra
Getúlio Vargas, que começou antes da sua posse, e botou fogo no país, na
segunda metade do seu governo constitucional (1951-1954), levando-o a
se matar com um tiro no peito.


Dilma não é Getúlio, eu sei, o Brasil e o mundo não são os mesmos de
60 anos atrás, mas há muitas circunstâncias e personagens bem
semelhantes nestes distintos períodos da vida nacional.


Não por acaso, o nome de Carlos Lacerda, o comandante em chefe da
guerra contra Getúlio, nunca foi tão lembrado numa campanha eleitoral
como nesta última.


Pintado pelos adversários como "O Corvo", com muita propriedade,
Lacerda ressuscitou nos discursos e nas manifestações contra a reeleição
de Dilma Rousseff, durante e após a campanha de 2014, que mobilizou os
setores mais conservadores do empresariado e da imprensa, a serviço
de múltiplos interesses estrangeiros, exatamente como aconteceu na
tragédia de 1954.


Não por acaso, também, um dos principais focos da campanha contra o
então presidente da República era a Petrobras, por ele criada sob
controle estatal, após longa batalha no Congresso Nacional.


O papel que era da UDN (União Democrática Nacional) de Carlos Lacerda
foi agora alegremente assumido pela aliança da oposição liderada por
PSDB-DEM-PPS, que trouxe de volta, com Aécio Neves, até o mote do "mar
de lama", para atacar a presidente, o PT e a Petrobras, a bordo do
discurso sobre o  "maior escândalo de corrupção da nossa história".


Extinta pela mesma ditadura militar-cívico-midiática de 1964, que
ajudou a implantar, dez anos após a morte de Getúlio, a UDN voltou às
ruas de São Paulo no último dia 15 de novembro, pedindo o impeachment de
Dilma e a volta dos mesmos golpistas ao poder, empunhando as mesmas
bandeiras de sempre, contra a corrupção e a inflação.


Foi neste dia comemorativo da Proclamação da República que, em Roma,
no café Ponte e Parione, ao lado da Piazza Navona, terminei de ler o
livro de Lira Neto e, embora tendo diante de mim algumas fas imagens
mais bonitas do mundo, não conseguia deixar de pensar no que estava
acontecendo no nosso Brasil naquele preciso momento. Passado e presente
se confundiam na minha cabeça e confesso que fiquei deveras
impressionado com tantas coincidências.


A grande diferença é que, agora, os militares estão recolhidos às
suas tarefas constitucionais, e não dão o menor sinal de apoio aos
Bolsonaros da vida, que reencarnaram Carlos Lacerda na avenida Paulista.
Além disso, o país não está paralisado por greves orquestradas para
encurralar Getúlio pela esquerda e pela direita. E, pelo menos até onde a
minha vista alcança, não há tropas americanas se mobilizando para
apoiar qualquer movimento contra a democracia que vigora forte em terras
brasileiras.


A história costuma dar muitas voltas para voltar ao mesmo lugar, mas
não precisa ter necessariamente os mesmos desfechos. Fiz algumas
anotações sobre o que têm em comum estes momentos conturbados, separados
por seis décadas:


* Os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, então alguns dos
protagonistas da ofensiva da mídia armada contra Getúlio, continuam os
mesmos, nas mãos das mesmas famílias, a desafiar o resultado das urnas e
a vontade da maioria _ simplesmente, não aceitam mais um período do PT
no Palácio do Planalto, completando, ao final do mandato de Dilma, 16
anos no poder.


* A TV Tupi, primeira e única emissora de televisão brasileira nos
tempos de Getúlio, que abriu câmeras e microfones para Carlos Lacerda
detonar o presidente e seu governo todas as noites, ao vivo, em horário
nobre, teve o mesmo destino da UDN e fechou as portas faz tempo, mas os
métodos dos Diários Associados de Assis Chateaubriand sobrevivem em
outros veículos do grupo, como o jornal O Estado de Minas mostrou na
campanha passada. Com maior ou menor sutileza, outras emissoras de TV, a
começar pela toda poderosa Globo, que dominaram o mercado após o golpe
de 1964, cumprem mais ou menos o mesmo papel nos governos petistas.


* A revista semanal Veja e seus escribas alucinados reproduzem os
melhores momentos da Tribuna da Imprensa, criada e comandada por
Lacerda, que foi o porta-voz oficial e amalgamou as forças reunidas para
a derrubada de Vargas.


* A flácida base parlamentar montada por Getúlio em tudo lembra a de
Dilma, embora ambos tivessem maioria no Congresso Nacional, balançando
entre contemplar direita e esquerda em seus ministérios, para se
equilibrar no centro, provocando assim sucessivas crises políticas e
econômicas.


* O PT de Dilma e Lula, com todas as suas contradições e divisões
internas, está cada vez mais parecido com o PTB de Getúlio, com o PMDB
agora no lugar do velho PSD das oligarquias regionais.


A lista do que há em comum é grande, e eu poderia passar o resto do
dia aqui escrevendo sobre isso. Antes de concluir este texto, porém, é
necessário registrar outra grande diferença: ao contrário de
Getúlio, que tinha a Última Hora, de Samuel Wainer, a seu lado, Dilma
não conta com a boa vontade de nenhum veículo da grande imprensa para
mostrar e defender as conquistas do seu governo, que também existem.


Dizem que a história só se repete como farsa, mas é bom Dilma tomar
cuidado. Recomendo a leitura desta bela obra do Lira Neto, não para
assustar ninguém, mas para vocês entenderem melhor o que está em jogo,
agora como em 1954. Foi o que aconteceu comigo.


Que Dilma e nós tenhamos melhor sorte.

Não é questão de opinião

Lugar de Mulher



Não é questão de opinião: um artigo da escritora Clara Averbuck

Publicado no site Lugar de Mulher. A autora, Clara Averbuck, é jornalista e escritora.





Temos mais uma vítima do aborto ilegal no Brasil.
Jandira, 25 anos, mãe de dois, foi levada  a uma clínica de aborto clandestina e “desapareceu”.


E é isso que acontece em um país que criminaliza a liberdade de escolha da mulher.


Uma mulher que quer fazer um aborto não está interessada se sua tia
Celina acha um crime, se o seu primo Robério considera a legalização
genocídio, se você é contra porque acha que é uma vida e todos têm
direito à vida. Uma mulher que quer fazer aborto vai fazer esse
aborto. Ou vai tentar e se estrepar. Vai tentar numa clínica ou em casa
com remédio ou enfiando uma agulha de tricô no útero e depois morrendo
de medo de ir ao médico fazer uma curetagem, ser denunciada e presa.


Uma mulher que estiver passando pelo desespero de uma gravidez
indesejada vai colocar sua vida em risco porque o Estado não nos dá o
direito de escolher legalmente o que queremos, então burlamos a lei. Não
dá nem pra dizer que quem tem grana sempre vai na clínica limpinha,
olha o que aconteceu com a Jandira.  Ela pagou quatro mil e quinhentos
reais e morreu. Imagina então o que acontece com quem não tem nenhum
dinheiro. Com as mulheres negras, pobres, da periferia.


A sua opinião sobre aborto não importa. As mulheres vão continuar
abortando e correndo risco de vida enquanto não for legal e seguro. Não é
possível que seja tão difícil de entender.


A legalização do aborto não é uma questão de crenças, tabus ou religião, que sequer deveriam ser envolvidos nessa questão. É uma questão de saúde pública e deve ser tratada como tal.


A quem argumenta que “aborto vai virar método contraceptivo”: não sei
nem o que dizer pra vocês. Ninguém acorda um dia e pensa “nossa, que
dia lindo, acho que vou fazer sexo e engravidar pra fazer um abortinho”!
Isso não é nem uma questão. Quem fala em “banalização do aborto” nunca
parou nem pra pensar direito no assunto e em pra ver os dados de países
que legalizaram o aborto, como foi o caso do Uruguay. Sabe o que
aconteceu?


As mulheres que abortariam ilegalmente correndo risco de vida abortaram de forma legal e segura e não morreramNenhuma mulher morreu. 


Não gosta da ideia do aborto? Pois bem, não faça um. A sua opinião
não vai mudar o fato de que mulheres abortam. Mulheres abortam todos os
dias de forma insegura. Mulheres que são mães abortam ilegalmente.
Mulheres que não querem ter filhos abortam diariamente. Mulheres
religiosas “contra” o aborto abortam diariamente.  Mães de família
abortam, adolescentes abortam, mulheres pobres abortam, mulheres ricas
abortam, mulheres casadas, mulheres solteiras, mulheres empregadas,
desempregadas. Mulheres de todos tipos abortam e não há opinião
alheia que vá fazer isso mudar.


Eu já fui essa mulher. Sei bem o que estou falando.


Quando fiz um aborto, em 2009, tinha a cabeça bem diferente de agora.
Não foi sussa, não foi nada de boa e fiquei em frangalhos depois, tanto
emocionalmente quanto hormonalmente, por vários motivos. Mas não dava.
Eu não podia ter outro filho e depois de muita discussão com meu então
namorado acordamos que assim seria. Não foi “descuido”, eu tomava
pílula. Acontece. Aconteceu comigo.


E ainda bem que eu tive condições de encontrar um médico confiável e
uma clínica boa. Ainda bem que eu não deixei qualquer coisa que eu
acreditasse na época interferir na minha decisão, pois eu estaria hoje
em uma lama inimaginável.


Eu fico descaralhada quando vejo a cobertura do caso da Jandira com
foco na “quadrilha que realizava abortos” e mais ainda com os
comentários. “Mereceu, “matou, morreu”, “na hora de abrir as pernas foi
bom” e todas aquelas outras pérolas que vocês podem imaginar. Além da
ignorância e da percepção de a vida da mulher não vale nada, isso também
demonstra uma atitude punitivista com a mulher que faz sexo. Deu? Agora
aguenta. Ninguém pergunta onde está o homem que engravidou. Ninguém
quer saber se ele se protegeu, se ele se preocupou. Diante dos olhos
desse terrível senso comum, ao homem não cabe nenhuma responsabilidade
quando o assunto é contracepção.


Aliás, o assunto não deve nem cair pra esse lado: não estamos falando de contracepção e sim de quando ela falha.


O NY Times publicou hoje um gráfico incrível sobre as chances dos métodos contraceptivos falharem.  Não é nem coisa pouca. Fica aí a reflexão pra quem acha que “não precisa” legalizar o aborto, é só “se cuidar”.


Dia 28 de setembro é o dia latino-americano pela descriminalização do aborto e algumas feministas fantásticas fizeram o blog “28 dias pela vida das mulheres”, com muitos textos e dados necessários.  Vale a leitura diária.

A sinceridade de Ricardo Semler versus a hipocrisia de FHC

Diário do Centro do Mundo » A sinceridade de Ricardo Semler versus a hipocrisia de FHC

Postado em 21 nov 2014

Um artigo do empresário tucano Ricardo Semler publicado hoje na Folha repercute intensamente nas redes sociais.


Semler recrimina a “santa hipocrisia” com que tantos comentam o caso Petrobras.


Para ele, o que ocorrendo agora é motivo de celebração – nomear e
punir empresas e executivos que há décadas corrompem, impunemente, a
política nacional.


Semler refere-se com desgosto aos “envergonhados”, que fingem que os
problemas da Petrobras só aconteceram depois que o PT chegou ao poder.


Ele não citou, mas ficou claro que ele falava de FHC, que afirmou sentir vergonha ao ver o que se passa na Petrobras.


Vergonha é uma pessoa dizer que sente vergonha de algo de que ela
mesma se beneficiou. A este tipo de coisa, indignação simulada, você dá o
nome de demagogia.


FHC, que começou tão bem na política, como um renovador de esquerda
depois da ditadura, vai encerrando sua carreira como um demagogo, um
hipócrita, um mistificador.


Que os petistas o detestem, é previsível: os anos trouxeram uma rivalidade destrutiva entre FHC e Lula.


Mas quando tucanos como Semler não seguram a irritação é porque algum limite foi rompido.


FHC virou uma paródia de si mesmo.


Ele parece ter perdido a noção das coisas. Poucos dias atrás, ele
disse que não falava dos “amigos” quando lhe pediram uma palavra sobre a
mídia.


FHC insultou, involuntariamente, a si próprio e aos “amigos”.


Um dos maiores editores de todos os tempos, se não o maior, o
americano Joseph Pulitzer, dizia que a regra número 1 do jornalista é
não ter amigos.


Não porque o bom jornalista deva ser misantropo, mas porque amizades interferem na maneira como você pratica o jornalismo.


O jornalista que tem amigos vai tratar de protegê-los.


Para que você tenha uma ideia da importância do mandamento de
Pulitzer, foi exatamente graças aos “amigos” que FHC escapou incólume no
escândalo da compra de votos no Congresso para a emenda da sua
reeleição, no final da década de 1990.


A imprensa engavetou o assunto, e poupou o “amigo”.


A que preço? Publicidade governamental portentosa, financiamentos em
bancos públicos a juros maternais, compras maciças de livros das
empresas jornalísticas, vistas grossas para malandragens fiscais – tudo
aquilo, enfim, que foi dar nas imensas fortunas pessoais dos donos da
mídia.


Os “amigos” também jamais questionaram decisões nepotistas como a de
entregar a estratégica Agência Nacional de Petróleo a seu genro,
demitido tão logo acabou o casamento.


O papel de FHC na história foi-se apequenando miseravelmente.


Mesmo a estabilização – a todo momento citada por seguidores como sua
grande contribuição ao país – é questionada em sua paternidade. Qual o
papel de Itamar Franco no Plano Real? É tão insignificante quanto afirma
FHC, ou houve uma usurpação de autoria aí?


A inflação, já que falamos nela, acabou quando a sociedade decidiu
que já não a suportava mais. O resto foi consequência desse despertar.


O que aconteceu com a inflação parece estar prestes a ocorrer com FHC, como sugere a manifestação de Ricardo Semler.


Ninguém aguenta mais.

Operador diz que negocia com a Petrobras desde o governo FHC

Operador do PMDB diz que negocia com a Petrobras desde o governo FHC | Congresso em Foco

Operador do PMDB diz que negocia com a Petrobras desde o governo FHC

Preso na Operação Lava Jato, o
empresário Fernando Baiano diz que ajudou uma empresa espanhola a firmar
contrato com a estatal em 2000. Ele nega ser operador de “qualquer
partido”, mas admite que pediu a Alberto Youssef doações eleitorais














Com prisão preventiva decretada ontem (21) pela Justiça, o
empresário Fernando Antonio Falcão Soares, mais conhecido como Fernando
Baiano, declarou à Polícia Federal que começou a fazer negócios com a
Petrobras ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2000.
Apontado como operador do PMDB no esquema de fraudes de licitações e
cobrança de propina na estatal, Fernando disse que ajudou, na época, uma
empresa espanhola a firmar com a Petrobras um contrato de gestão de
manutenção de termelétricas.


De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, ele
declarou que foi no governo FHC que conheceu o ex-diretor da área
Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, autor do documento
considerado tecnicamente falho pela presidente Dilma que embasou a
compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Os investigadores
suspeitam que Fernando tenha atuado nessa área internacional, o que ele
rechaça. O empresário disse que soube apenas recentemente que Cerveró
era indicação política do PMDB e que achava que o ex-diretor era
vinculado ao PT.


Ainda segundo o Estadão, Fernando Baiano negou ser operador
de “qualquer partido político”, mas admitiu que pediu ao doleiro Alberto
Youssef, principal alvo da Operação Lava Jato, que fizesse doações para
campanhas políticas. Ele também contou manter duas contas “declaradas”
no paraíso fiscal de Liechtenstein, na Europa.


Fernando disse ainda que o empresário Júlio Camargo, ligado à Toyo
Setal Empreendimentos e um dos delatores do esquema, lhe deve US$ 20
milhões por negócios relacionados a sondas de perfuração.

Dias: enfim, corruptores na cadeia

Dias: enfim, corruptores na cadeia | Conversa Afiada







Publicado em 21/11/2014

Dias: enfim,
corruptores na cadeia

A Lei que pega os corruptores é do Governo Dilma

De Soldadinho de Chumbo, no face




O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauricio Dias, extraído da Carta Capital:



Leia mais:



LAVA JATO INUNDOU O CERRA

honradez e seriedade

Humberto oferece abertura dos sigilos bancário, fiscal e telefônico para provar que não recebeu R$ 1 milhão de desvios na Petrobras - Blog de Jamildo

Humberto oferece abertura dos sigilos
bancário, fiscal e telefônico


Em nova divulgada na madrugada deste
domingo (23), o senador Humberto Costa, líder do PT no Senado, nega que
tenha recebido R$ 1 milhão do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras
através do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, e coloca à
disposição de todos os órgãos que atuam na investigação do caso a
abertura de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
“Tenho uma vida pública pautada pela
honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação criminal, civil ou
administrativa”, diz o senador no texto.
Reportagem do jornal O Estado de S.
Paulo, afirma que Paulo Roberto Costa teria denunciado o pagamento de R$
1 milhão a Humberto em um dos depoimentos que ele tem feito em seu
processo de delação premiada.
“Sou defensor da apuração de todas as
denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do Governo.
Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a
honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto
estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas
denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos”, rebate o
senador, na nota.
De acordo com o jornal, o dinheiro para o
senador teria solicitado pelo presidente da Associação das Empresas do
Estado de Pernambuco (Assimpra), Mário Barbosa Beltrão. Paulo Roberto
Costa não soube explicar como foi feito o repasse e disse apenas que ele
saiu da cota de 1% destinada a políticos do PP.
No texto, Humberto afirma que conheceu o
ex-diretor da Petrobras em 2004, mas que sua relação com ele foi
estritamente institucional, durante o processo de implantação da
Refinaria Abreu e Lima (Rnest) em Pernambuco. A Rnest é um dos focos de
desvio da estatal.
O senador petista também afirma ser
amigo de infância de Mário Beltrão, que teria ajudado a trabalhar pela
instalação da refinaria. “Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito
menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a
campanha ao Senado de 2010″, afirma.
Na nota, Humberto diz que a denúncia
“padece de consistência” ao afirmar que a doação teria sido financiada
pelo PP, por não haver razão que justificasse o apoio de outro partido à
sua campanha. Ele também nega que tivesse influência para ameaçar
demitir Paulo Roberto Costa da Petrobras, caso não recebesse o valor
solicitado.
“Mais inverossímil ainda é a versão de
que se o sr. Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação, correria o
risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente
candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um
diretor da Petrobrás”, afirma o senador.
Leia a íntegra da nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em relação à publicação do jornal o
Estado de São Paulo deste domingo que relata supostas acusações do sr.
Paulo Roberto Costa dirigidas a mim em delação premiada, afirmo que:,
1. Todas as doações de campanha que
recebi na minha candidatura ao senado em 2010 foram feitas de forma
legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em minha
prestação de contas à justiça eleitoral e inteiramente aprovadas,
estando disponíveis a quem queira acessá-las;
2. Assim, nego veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação de campanha ao sr. Paulo Roberto;
3. Tal denúncia padece de consistência
quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido determinada
pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que
justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha;
4. Mais inverossímil ainda é a versão de
que se o sr. Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação, correria o
risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente
candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um
diretor da Petrobrás;
5. Causa espécie o fato de que ao
afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente
qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a
doação, de que maneira e quem teria recebido;
6. Conheci o sr. Paulo Roberto em 2004 e
minha relação com ele se deu no campo institucional, no processo de
implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual participei
assim como vários políticos, empresários e representantes de outros
segmentos da sociedade pernambucana o fizeram;
7. Conheço e sou amigo de infância do
sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de
Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela
refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o
papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao
Senado de 2010.
8. Tenho uma vida pública pautada pela
honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação criminal, civil ou
administrativa por atos realizados ao longo de minha vida pública;
9. Sou defensor da apuração de todas as
denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do Governo.
Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a
honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto
estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas
denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos.
10. Aguardo com absoluta tranquilidade o
pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais
afirmações, ocasião em que serão inteiramente desqualificadas. Quando
então, tomarei as medidas cabíveis.
11. Informo ainda que me coloco
inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a
esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente,
disponibilizo a abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Recife, 22 de novembro de 2014,
Humberto Costa
Senador da República