sábado, 29 de novembro de 2014

Petrobras

Petrobras: despejar a criança junto com a água do banho? | TIJOLAÇO


Petrobras: despejar a criança junto com a água do banho?

27 de novembro de 2014 | 14:08 Autor: Fernando Brito
juniao


É curioso o que ocorre na Petrobras.


A atual direção da empresa, mesmo em meio ao furacão de denúncias, não tem contra si nenhuma acusação.


Ao que parece, também não há contra ela nenhuma acusação de
incapacidade técnica: a empresa registra aumentos expressivos de
produção, cumpre com relativa regularidade  o cronograma de incorporação
de novos poços, aumenta significativamente o nível de eficiência de seu
parque de refino.


Ao contrário, Graça Foster era saudade pela imprensa como uma técnica exigente e duríssima com qualquer desvio na empresa.


E, no entanto, está politicamente fraca.


Não porque, de maneira inédita, se tenha descoberto, durante sua gestão, casos de corrupção (ate aqui, passados) na empresa.


Isso  nem vem só de FHC, mas do Governo Geisel, quando o Shigeaki
Ueki – o homem que faria a operação de compra da Light um ano antes de
que ela revertesse, sem custo, para o Governo Brasileiro – nomeado para a
estatal pelo austeríssimo luterano Ernesto Geisel.


O problema da atual direção da Petrobras não é falta de competência
ou de honradez, mas do entendimento de que a Petrobras tem um papel
político que se confunde com os anseios de desenvolvimento e
independência do Brasil.


E que o que se faz contra a empresa é, antes de tudo, o que se faz contra esta aspiração do povo brasileiro.


É que, embora asqueroso que servidores do quadro da companhia não
apenas a roubem como fragilizem sua imagem, o tema serve a um duplo
propósito.


Enfraquecer o Governo Dilma, agora.


E adiante, romper o semi-monopólio reconquistado pela Petrobras sobre o pré-sal.


Já recomeçou a cantilena de que o pré-sal “não é tão lucrativo assim” frente á queda dos preços do petróleo.


Mentira: no mix – pré e pós-sal – o petróleo brasileiro
custa US$ 14 dólares por barril para ser extraído, o que o deixa ainda
com muitíssima folga diante dos US$ 75 dólares para os quais caiu hoje,
depois que a Opep (leia-se Arábia Saudita ou leia-se EUA, como preferir) não adotou o corte de produção que defenderia os interesses dos países exportadores.


Por isso, faço questão de reproduzir aqui o olhar muito mais atilado
que o meu, do veterano jornalista Nílson Lage, que pratica, estuda e
critica o comportamento do jornalismo brasileiro há mais de meio século.
E que, depois de tantos anos de janela, conhece todos os personagens
deste jogo, desde os tempos do “Petróleo é Nosso”.


O jogo está escancarado

Nilson Lage, no Facebook
O que se disputa é o Brasil.


A campanha mobiliza a mídia comandada pela Sociedade
Interamericana de Imprensa através de organizações corporativas nos
moldes das agências nacionais de jornais e de emissoras de rádio e
televisão – destacadamente, as empresas sempre fiéis, como as
Organizações Globo e o que restou dos Diários Associados.



Os recursos fluem através dos mecanismos hegemônicos de patrocínio publicitário implantados nos últimos 60 anos e do financiamento
pelas multinacionais interessadas; para isso, elas cooptaram lideranças
políticas ambiciosas dos estados mais industrializados no quadro do
“desenvolvimento dependente”.



Numa sociedade em que todos os
negócios têm comissões e que a corrupção é generalizada – embora se
venha reduzindo nos últimos anos – , cuida-se de demonizar seletivamente
as empresas brasileiras mais importantes e as principais detentoras de
tecnologia com expressão internacional.



Trata-se, como sempre, de minar o
poder nacional brasileiro, intimidar sua eventual base de suporte
econômico e, afinal, tomar posse integral dos minérios e do bioma
amazônico e, com maior urgência, do subsolo do Atlântico que a Petrobrás
começou a explorar – o petróleo do pré-sal e muita coisa mais.



Para esse assalto, há traidores
bastantes; uma esquerda cega que sonha impossível “revolução já”;
bacharéis carreiristas ou alienados; vigilantes que se supõem
super-heróis; e forças armadas de caça-fantasmas perseguindo um
comunismo de araque que já foi trabalhismo e agora é bolivarianismo.


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