Merval quer abrir o Brasil para empreiteiras americanas. Já está aberto, não sabia?
21 de novembro de 2014 | 10:34 Autor: Fernando Brito
Merval Pereira tem um mérito: encontra uma maneira de mostrar sempre o que vai por trás das campanhas moralistas.
Hoje, em sua coluna,
chama de “pressão” do Governo o que é um fato obvio: se não tiver
autorização orçamentária para pagar obras, o governo não poderá pagar a
quem as faz.
É claro que as empreiteiras, que têm um poder de “convencimento”
equivalente à “amizade” da metade do Congresso a quem doou nas campanhas
eleitorais, é quem pressionam para aprovação da revisão da lei
orçamentária.
O genial Merval surge, então, com a “grande solução” para o problema das obras públicas no Brasil.
Importar empreiteiras!
“As principais empreiteiras brasileiras têm obras em várias
partes do mundo, mas têm garantia de mercado interno, fechado para as
grandes empresas internacionais de engenharia de construção civil e
obras de infraestrutura. O Brasil não permite a entrada, em seu mercado
doméstico, de construtoras americanas, alemãs, francesas, japonesas,
italianas, portuguesas.”
Merval, em primeiro lugar, não é verdade que o Brasil não permita a entrada de construtoras estrangeiras.
Ao contrário, com a crise européia e a retomada dos investimentos no
Brasil, elas já desembarcaram aqui com seus dólares e seu apetite.
Pode ser lido aqui, sem dificuldades até para Merval Pereira, que isso é um fato.
Até a “honestíssima” Halliburton, que se viu envolvida nos maiores
escândalos junto com o vice-presidente de George W. Bush nos contratos
da Guerra do Iraque, planeja dobrar de tamanho aqui em terras tupiniquins.
A dificuldade destas empresas não é corromper políticos e governantes brasileiros.
Elas sabem fazer isso tanto quanto as nacionais, ou melhor. E ainda
têm mais facilidade em pagar lá fora, com menos rastros e sem
necessidade de doleiro para cambiar em dólar.
A dificuldade é que o mercado de engenharia pesada no Brasil é tecnica e economicamente capaz de fazer as obras mais complexas.
E é assim há mais de 30 anos, registre-se.
Alguém avise o Merval para encontrar uma tese melhor, senão não o
convidam mais para aquele famoso cafezinho na embaixada americana.
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