Bombardeio tira R$ 100 bi das ações da Petrobras
O massacre a que vem sendo submetida a Petrobras, seja na Operação Lava Jato ou nas denúncias diárias na imprensa, como a
mais recente, da ex-funcionária Venina Velosa, já fizeram uma vítima: o
investidor em ações da companhia; em apenas três meses, a empresa
comandada por Graça Foster perdeu 45% de seu valor e a estatal, antes
avaliada em R$ 229 bilhões, hoje vale R$ 127 bilhões; na vida real, no
entanto, a realidade é outra; embora não tenha divulgado seu balanço, a
empresa revelou que suas vendas cresceram 13,7% no trimestre e atingiram
R$ 88,3 bilhões; a Petrobras nunca esteve tão barata, mas ninguém sabe
até onde irá o bombardeio – e a queda nas ações
apenas três meses, mais de R$ 100 bilhões evaporaram das ações da
Petrobras. Em setembro deste ano, antes da fase mais aguda da Operação
Lava Jato, a Petrobras tinha um valor de mercado de R$ 229 bilhões.
Ontem, após mais um tombo, de 5,82%, o valor era de R$ 127 bilhões. Na
prática, em 90 dias, a queda foi de 45%.
Nesse período, houve uma queda
acentuada nos preços do barril do petróleo, que recuaram de US$ 100 para
US$ 60, mas o bombardeio diário a que a Petrobras vem sendo submetida
tem peso significativo na explicação para a queda dos papéis. Ontem, a
empresa adiou, pela segunda vez, a divulgação do seu balanço. O motivo
foi a divergência, entre os membros do conselho de administração, sobre
os valores que deveriam ser cortados dos ativos, diante das denúncias de
corrupção que atingem a companhia.
A tempestade contra a Petrobras vem
de várias frentes. No Paraná, procuradores da Lava Jato mantêm presos
fornecedores da estatal, num movimento que gera consequências em todas a
cadeia produtiva. Tanto a Engevix quanto a OAS já anunciaram mais de
mil demissões, cada uma, em seus estaleiros. Nos Estados Unidos, bancas
de advocacia aproveitam o momento negativo para ingressar com ações
judiciais contra empresa. E, na imprensa, a maré diária de denúncias foi
reforçada por uma nova personagem, a geóloga Venina Velosa, que, agora,
é vista pela oposição como um instrumento capaz de derrubar a
presidente Graça Foster e, assim, abrir o caminho para tentar atingir a
própria presidente Dilma Rousseff.
O bombardeio é intenso, mas o fato é
que, na vida real, a realidade da Petrobras é menos negativa do que
parecem. Embora não tenha divulgado seu lucro, que era estimado por
analistas em cerca de R$ 5 bilhões para o trimestre, a Petrobras soltou
um número: o crescimento de 13,7% nas vendas, que foram a R$ 88,3
bilhões. Além disso, a queda no barril do petróleo eliminou o discurso
dos críticos, que, até recentemente, apontavam 'defasagem' nos preços da
gasolina. Na prática, a estatal melhorou suas margens de lucro. Para
completar, numa entrevista recente, o principal executivo da francesa
Total, sócia da Petrobras no campo de Libra, afirmou que o barril a US$
60 não ameaça a rentabilidade dos investimentos no pré-sal.
A Petrobras nunca esteve tão barata,
mas isso não significa, no entanto, que o investimento na empresa
esteja imune a mais trovoadas. Como não divulgou seu balanço, a empresa
terá dificuldades para acessar o mercado de capitais em 2015. Por isso
mesmo, a empresa deve cortar gastos e investimentos em 2015 para, assim,
preservar seu caixa, de mais de R$ 62 bilhões. E quanto mais tempo
durar a crise, pior será para a empresa.
Graça Foster mantida
Apesar de todas as pressões, a
presidente já deu vários sinais de que pretende manter a presidente da
companhia, Graça Foster. O mais contundente quando o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, numa declaração que extrapola suas funções,
cobrou a demissão de toda a diretoria. Imediatamente, Dilma cobrou do
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que questionasse Janot sobre
eventuais indícios contra Graça e os atuais diretores. Janot disse que
não e Cardozo, em seguida, chamou uma coletiva para tornar pública essa
posição.
Embora a oposição pretenda
transformar Venina Velosa num instrumento para a queda de Graça, por
prevaricação, dificilmente será bem-sucedida nessa nova empreitada.
Venina foi demitida da Petrobras após ser responsabilizada por
sobrepreços na área de Abastecimento, do ex-diretor Paulo Roberto Costa,
a quem assessorou. E só tornou públicas suas acusações após a demissão.
Resta, agora, a pressão para que
Graça saia com o argumento de que, assim, será possível abrir caminho
para uma retomada da confiança na empresa. Nada indica, no entanto, que
Dilma esteja disposta a abrir mão de uma de suas mais importantes
auxiliares.
Comentários
Aqui do Alto Xingu, os índios avisam,
pela enézima vez, que ação não tem valor, tem preço, coisa completamente
diferente. Valor é dado pelo custo de algo produzido, que contem
parcela do custo fixo, dos insumos utilizados, da força de trabalho e do
mais-valor por ela criado, ajustado pelo preço médio de mercado e pela
conjuntura da oferta e da demanda. Preço de ação, que não constitui
valor, é apenas uma expectativa acerca dos futuros dividendos -- se
houverem -- e eventuais ganhos de capital -- se também houverem.
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