IstoÉ tenta intimidar PGR e entrega esquema que livrou PSDB paulista
sab, 06/12/2014 - 23:23
intimidar o Procurador Geral da República a envolver a Presidente Dilma
com a Operação Lava Jato.
Não há como ler de outra maneira a matéria desta semana (06/12/2014) da Revista IstoÉ: “As articulações de Janot que podem livrar o governo”.
Por ela, não há dúvidas de que Janot estaria tentando proteger Dilma e Lula:
“Procurador-geral da República ... propõe um acordo que impede investigações que possam chegar ao Palácio do Planalto”.
A intenção é clara, grosseira mesmo, colocar o Procurador Geral da
República, Rodrigo Janot, contra a parede. Tenta obriga-lo, a tomar uma
medida de força contra a presidente Dilma sob a pena de ser considerado
venal.
No caso do mensalão, a imprensa colocou a faca no pescoço dos
ministros do STF e aquele que não condenasse pública e antecipadamente
os réus era considerado um ministro que “devia favores ao PT”. Só a
condenação poderia provar a “independência” do ministro. A Folha chegou a
fazer reportagens comparando Barbosa com Lewandowsk e tentando mostrar
que enquanto o primeiro era aplaudido pela população, o segundo era
execrado. Acabou em uma carta com um pedido de desculpas a Lewandowsk de
um mesário que caiu na lábia de alguns jornalistas.
Mas, e o caso atual?
Pela reportagem, ficamos sabendo que Rodrigo Janot teve várias
reuniões com representantes das empreiteiras envolvidas na operação Lava
Jato que investiga casos de corrupção na Petrobras. Mas de onde a IstoÉ
tira tal certeza em relação às intenções de Janot? Não é do conteúdo da
matéria, onde, ao contrário, se afirma que não há nada de mais nessas
reuniões:
“... em se tratando de um caso com a alta octanagem que
têm as investigações da Operação Lava Jato, as reuniões de Janot com os
empreiteiros não poderiam, a princípio, ser tratadas como um pecado.
Trata-se de uma prática comum nas democracias mais maduras,...”.
Tampouco é da proposta de acordo apresentada por Janot aos advogados das empreiteiras:
”... Janot... definiu qual o modelo de acordo interessa à
Procuradoria:...quer que as empresas, seus diretores e executivos
assumam a responsabilidade pelos crimes investigados. Pede que as
empresas reconheçam a formação de cartel e que concordem em pagar multas
recordes ... sugere que na delação premiada sejam feitas menções a
políticos de diversos partidos, e não só os da base aliada do governo, e
que as empresas abram mão de recorrer aos tribunais superiores”.
Termos duros, sem dúvida. Janot oferece pouco em troca:
“... as empreiteiras continuariam a disputar obras
públicas e seus dirigentes poderiam cumprir as futuras penas em regime
de prisão domiciliar. Os casos dos parlamentares mencionados serão
remetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigações
posteriores”.
Onde está, então, a proteção ao Planalto? Bom, aí entra em cena um Ministro do STF que a IstoÉ não revela quem é:
“Isso é um absurdo. Embora não acredite que seja essa a
motivação do procurador, um acordo nesses termos protege o governo de
eventuais investigações”, teria dito à ISTOÉ um ministro do STF na tarde da quinta-feira 4/12.
Por que é absurdo, onde está a proteção?
“Segundo este ministro, ao admitir a formação de cartel e
apontar o nome de parlamentares que teriam se beneficiado, as
empreiteiras estariam indiretamente colocando o governo na situação de
vítima de um esquema montado pelos empresários e alguns agentes
políticos, sem que fosse de seu conhecimento e do qual não obteve
nenhuma benesse financeira ou política”.
Dois atos falhos seriíssimos.
Primeiro, a Operação Lava Jato destina-se a investigar a corrupção na
Petrobras e tão somente. E, mesmo ninguém de fora, em princípio,
sabendo do teor das investigações, já há ministro do STF fazendo ilações
quanto ao envolvimento da presidência da República. Ou o ministro sabe
de coisas das quais ainda não deveria saber, ou faz o papel do sapateiro
indo além das próprias tamancas.
Segundo, o tal ministro deve saber do que fala, pois descreve
exatamente como o PSDB paulista livrou a cara no caso do trensalão
Siemens-Alston. No inquérito enviado à Justiça Federal alguns dias
atrás, a Polícia Federal conclui que houve um cartel, CPTM e Metrô
paulistas foram “vítimas” de empresários e funcionários públicos
inescrupulosos, nenhum político do PSDB que governa o Estado de São
Paulo há 20 anos foi indiciado. Um absurdo? Onde estavam, então, o
ministro e a IstoÉ?
Quem seria ao tal ministro do SFT? Bem, é possível fazer suposições
apenas, segundo o gosto ou desconfiança de cada um. Eu creio que cada
homem tem um estilo próprio de se expressar. Para alguns, o estilo é
quase uma marca registrada. Achei interessante a expressão carregada de
indignação “Isso é um absurdo”.
Joguei no Google “Isso é um absurdo, diz ministro do STF”, para ver
quais costumam utilizar-se dessa expressão, encontrei um nome sem
maiores dificuldades. Mas eu não sou de acreditar no que leio na
internet.
Já Janot, segundo a Folha, parece saber de onde veio o recado: de uma “imprensa possivelmente instrumentalizada”.
Mudando do pato para ganso e não saindo da lagoa, a IstoÉ está uma peneira só.
Pela semelhança de estilos entre os discursos de Aécio Neves e a matéria, “Vergonha! Depois
de ser chantageado por decreto, o Congresso demonstra subserviência ao
Palácio do Planalto ao aprovar irresponsabilidade fiscal do governo”, é possível que tenhamos encontrado o ghostwriter do senador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário