Saiu no blog do Gerson Camarotti, do Globo:
“DECISÃO DO STF DE SOLTAR DUQUE PREOCUPA NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO DA LAVA JATO
Integrantes da Polícia Federal que estão envolvidos com a Operação
Lava Jato foram pegos de surpresa com a decisão do ministro Teori
Zavascki de mandar soltar o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Eles
demonstraram preocupação e avaliam que isso pode prejudicar essa fase da
investigação.
A expectativa era que a permanência na prisão motivaria Renato Duque a
fazer uma delação premiada, mas agora a previsão é que ele fique em
silêncio. Duque é apontado nas investigações como o ex-diretor da
Petrobras indicado pelo PT e, segundo o outro ex-diretor que tem
colaborado com as investigações, Paulo Roberto Costa, é o operador do
partido no esquema de corrupção da estatal. A defesa nega a participação
dele no uso irregular de recursos da petroleira.
Um investigador da Lava Jato ressaltou ao Blog que a colaboração de Paulo Roberto Costa só aconteceu depois de um longo período de prisão, e que a expectativa era que o mesmo aconteceria com Renato Duque.”
*
Bem, em que outra situação o Estado mantém seres humanos em “longo
período de prisão” mesmo sem uma sentença, mesmo sem condenação, ou
mesmo sem uma acusação formalizada pela justiça?
Resposta: na prisão de Guantánamo, gerida pelos EUA, e alvo de protesto de todos os grupos de direitos humanos no mundo.
Suspeitos de terrorismo do mundo inteiro são levados para Guantanamo,
onde ficam presos por tempo indeterminado, na espera de que delatem as
supostas organizações das quais fazem parte.
O Guantanamo brasileiro já está sendo criticado por vários juristas.
Não tem essa de que não devemos ter pena porque são ricos. As
ditaduras adoram fazer isso. Prendem uns ricos para saciar a sede de
sangue do populacho, mas ao fazê-lo só agravam a cultura da truculência
penal do Estado.
No fim das contas, um ou outro rico sofre um pouco mais em mãos do
Estado, mas quem paga o pato mesmo são os pobres, que formam a maioria
do sistema prisional.
Só fazem isso, naturalmente, com os ricos que estão fora do núcleo do
poder. No caso do Brasil, apenas com os ricos que não são íntimos da
mídia.
Na Europa, donos da mídia são chamados regularmente para depor na
Justiça, ou mesmo condenados. Aqui, eles e seus amigos na política, são
intocáveis.
A operação Lava Jato pode ser analisada sob diversas perspectivas.
Algumas delas são positivas, conforme já identifiquei por aqui.
É interessante, por exemplo, observar como o ódio político ao PT, por
parte de setores da própria Polícia Federal, do Ministério Público e do
Judiciário, lhes faz ter uma coragem e independência que jamais teriam
em outra situação.
Alguém imagina o que os “homens de bem” da mídia e da política diriam
se os mesmos delegados da Operação Lava Jato fossem flagrados dando
loas à Dilma, ao PT, e xingando a oposição?
A Operação Lava Jato seria imediatamente acusada de “bolivariana”!
Na verdade, a oposição vive o seu 18 de Brumário. A Operação Lava Jato é seu Luis Napoleão.
Na ânsia de vencer o PT, por trás do qual vêem o fantasma de um
bolivarianismo que, infelizmente, está longe de existir, a oposição está
empoderando forças que não pode controlar, e esse é o lado negativo da
Lava Jato.
É a mesma coisa que aconteceu no 18 de Brumário, quando a burguesia
empoderou Luis Napoleão, cuja ditadura levou a França a um período de
trevas, com prisões e desapropriações ilegais inclusive entre a alta
burguesia.
O único interesse da imprensa de oposição é fustigar Dilma. Para
isso, estão dispostos até mesmo a entregar alguns anéis, com vistas a
preservarem os dedos, ou seja, o poder político.
Nos últimos dias, o jornal O Globo tem dado diversas matérias
profundamente ofensivas contra a militância do PT. Disse que “PT aplaude
acusado de corrupção”, e ainda lembrou que os militantes do partido
também festejaram José Dirceu.
Não houve a delicadeza de esclarecer seus leitores que os petistas
fizeram isso não por aceitarem a corrupção, mas por serem críticos ao
julgamento do mensalão. Decisões judiciais podem e devem ser objeto de
críticas da sociedade. O judiciário não é perfeito e apenas se aprimora,
como tudo na vida, com críticas.
Quando ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o jornal trata o
“acusado” como “já condenado”. Ora, acusação por acusação, todo político
tem. FHC não é acusado de comprar a sua reeleição? Os militantes
tucanos o aplaudem mesmo assim, e nenhum jornal os acusam de coniventes
com a corrupção. Eles simplesmente não acreditam que a acusação seja
verdadeira.
Até aí, nenhuma novidade, assim como também não é novidade a total inação do partido ou do governo para replicar.
O PT disse que vai processar Aécio Neves por suas declarações a
Globonews, dizendo que havia perdido as eleições para uma organização
criminosa.
Ora, muito bem, vale processar, mas ficar apenas nisso é terceirizar a
luta política para o judiciário. E para um judiciário que não lhe é
simpático.
A judicialização da política não interessa ao PT e à esquerda, até
porque ainda não há correlação de forças favoráveis no Judiciário.
Jogar a luta política para o Judiciário é apostar na derrota.
Interessa ao PT fazer o contrário, trazer a disputa judicial para o terreno político. Isso é o certo a fazer.
A “República do Paraná” já conseguiu, ao que parece, forçar um executivo de empreiteira a falar algo que interessa à oposição:
Ué, os acordos de delação premiada não embutem sigilo, segundo a Constituição?
O caráter sigiloso não está sendo respeitado. Ao contrário, os
depoimentos feitos à Polícia Federal estão servindo para alimentar a
mídia de oposição, que os interpreta a seu bel prazer.
Acusações contra senadores do PT e contra o partido ocuparam as manchetes, sem que houvesse a apresentação de uma mísera prova.
E agora a “República do Paraná”, talvez desesperada por não achar
nada ilegal na campanha do PT, vem com essa: criminalizar o próprio
Caixa 1, legal, da campanha do partido, o que é uma estratégia
notoriamente golpista.
Quando as mesmas empresas doam para o PSDB, é legal, certinho. Quando doam para o PT, é pagamento de propina?
Claro que a intenção é deslegitimar a presidenta Dilma. É uma
estratégia muito mais planejada do que a gente supunha. Aécio não está
louco. Suas acusações de baixo calão num programa da Globonews, onde não
houve questionamento nenhum em relação a seus papagaios, seguem um
roteiro pré-combinado, e do qual a mídia faz parte.
Em primeiro lugar, essa balbúrdia apenas evidencia o absurdo maior de
todos: o fato de Gilmar Mendes, ministro do STF, prender há oito meses a
votação sobre a doação de empresas a campanhas eleitorais.
É uma verdadeira chicana, e a mídia se mantém em silêncio sobre isso.
Quando há uma votação que interessa a oposição, a mídia pressiona e o
STF anda rapidinho. Ninguém teve coragem de pedir uma simples vistas de
48 horas quando se começou a julgar a Ação Penal 470. Não, ali tinha que
ser tudo feito às pressas, para não perder o timing da atmosfera
nervosa de linchamento que a mídia criava junto à opinião pública.
Quando é algo que não interessa à mídia, não há cobrança, e Gilmar Mendes pode segurar um julgamento por tempo indeterminado.
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/12/03/delegados-da-lava-jato-defendem-guantanamo-no-brasil/#sthash.0iUCPOma.dpuf
“DECISÃO DO STF DE SOLTAR DUQUE PREOCUPA NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO DA LAVA JATO
Integrantes da Polícia Federal que estão envolvidos com a Operação
Lava Jato foram pegos de surpresa com a decisão do ministro Teori
Zavascki de mandar soltar o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Eles
demonstraram preocupação e avaliam que isso pode prejudicar essa fase da
investigação.
A expectativa era que a permanência na prisão motivaria Renato Duque a
fazer uma delação premiada, mas agora a previsão é que ele fique em
silêncio. Duque é apontado nas investigações como o ex-diretor da
Petrobras indicado pelo PT e, segundo o outro ex-diretor que tem
colaborado com as investigações, Paulo Roberto Costa, é o operador do
partido no esquema de corrupção da estatal. A defesa nega a participação
dele no uso irregular de recursos da petroleira.
Um investigador da Lava Jato ressaltou ao Blog que a colaboração de Paulo Roberto Costa só aconteceu depois de um longo período de prisão, e que a expectativa era que o mesmo aconteceria com Renato Duque.”
*
Bem, em que outra situação o Estado mantém seres humanos em “longo
período de prisão” mesmo sem uma sentença, mesmo sem condenação, ou
mesmo sem uma acusação formalizada pela justiça?
Resposta: na prisão de Guantánamo, gerida pelos EUA, e alvo de protesto de todos os grupos de direitos humanos no mundo.
Suspeitos de terrorismo do mundo inteiro são levados para Guantanamo,
onde ficam presos por tempo indeterminado, na espera de que delatem as
supostas organizações das quais fazem parte.
O Guantanamo brasileiro já está sendo criticado por vários juristas.
Não tem essa de que não devemos ter pena porque são ricos. As
ditaduras adoram fazer isso. Prendem uns ricos para saciar a sede de
sangue do populacho, mas ao fazê-lo só agravam a cultura da truculência
penal do Estado.
No fim das contas, um ou outro rico sofre um pouco mais em mãos do
Estado, mas quem paga o pato mesmo são os pobres, que formam a maioria
do sistema prisional.
Só fazem isso, naturalmente, com os ricos que estão fora do núcleo do
poder. No caso do Brasil, apenas com os ricos que não são íntimos da
mídia.
Na Europa, donos da mídia são chamados regularmente para depor na
Justiça, ou mesmo condenados. Aqui, eles e seus amigos na política, são
intocáveis.
A operação Lava Jato pode ser analisada sob diversas perspectivas.
Algumas delas são positivas, conforme já identifiquei por aqui.
É interessante, por exemplo, observar como o ódio político ao PT, por
parte de setores da própria Polícia Federal, do Ministério Público e do
Judiciário, lhes faz ter uma coragem e independência que jamais teriam
em outra situação.
Alguém imagina o que os “homens de bem” da mídia e da política diriam
se os mesmos delegados da Operação Lava Jato fossem flagrados dando
loas à Dilma, ao PT, e xingando a oposição?
A Operação Lava Jato seria imediatamente acusada de “bolivariana”!
Na verdade, a oposição vive o seu 18 de Brumário. A Operação Lava Jato é seu Luis Napoleão.
Na ânsia de vencer o PT, por trás do qual vêem o fantasma de um
bolivarianismo que, infelizmente, está longe de existir, a oposição está
empoderando forças que não pode controlar, e esse é o lado negativo da
Lava Jato.
É a mesma coisa que aconteceu no 18 de Brumário, quando a burguesia
empoderou Luis Napoleão, cuja ditadura levou a França a um período de
trevas, com prisões e desapropriações ilegais inclusive entre a alta
burguesia.
O único interesse da imprensa de oposição é fustigar Dilma. Para
isso, estão dispostos até mesmo a entregar alguns anéis, com vistas a
preservarem os dedos, ou seja, o poder político.
Nos últimos dias, o jornal O Globo tem dado diversas matérias
profundamente ofensivas contra a militância do PT. Disse que “PT aplaude
acusado de corrupção”, e ainda lembrou que os militantes do partido
também festejaram José Dirceu.
Não houve a delicadeza de esclarecer seus leitores que os petistas
fizeram isso não por aceitarem a corrupção, mas por serem críticos ao
julgamento do mensalão. Decisões judiciais podem e devem ser objeto de
críticas da sociedade. O judiciário não é perfeito e apenas se aprimora,
como tudo na vida, com críticas.
Quando ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o jornal trata o
“acusado” como “já condenado”. Ora, acusação por acusação, todo político
tem. FHC não é acusado de comprar a sua reeleição? Os militantes
tucanos o aplaudem mesmo assim, e nenhum jornal os acusam de coniventes
com a corrupção. Eles simplesmente não acreditam que a acusação seja
verdadeira.
Até aí, nenhuma novidade, assim como também não é novidade a total inação do partido ou do governo para replicar.
O PT disse que vai processar Aécio Neves por suas declarações a
Globonews, dizendo que havia perdido as eleições para uma organização
criminosa.
Ora, muito bem, vale processar, mas ficar apenas nisso é terceirizar a
luta política para o judiciário. E para um judiciário que não lhe é
simpático.
A judicialização da política não interessa ao PT e à esquerda, até
porque ainda não há correlação de forças favoráveis no Judiciário.
Jogar a luta política para o Judiciário é apostar na derrota.
Interessa ao PT fazer o contrário, trazer a disputa judicial para o terreno político. Isso é o certo a fazer.
A “República do Paraná” já conseguiu, ao que parece, forçar um executivo de empreiteira a falar algo que interessa à oposição:
Ué, os acordos de delação premiada não embutem sigilo, segundo a Constituição?
O caráter sigiloso não está sendo respeitado. Ao contrário, os
depoimentos feitos à Polícia Federal estão servindo para alimentar a
mídia de oposição, que os interpreta a seu bel prazer.
Acusações contra senadores do PT e contra o partido ocuparam as manchetes, sem que houvesse a apresentação de uma mísera prova.
E agora a “República do Paraná”, talvez desesperada por não achar
nada ilegal na campanha do PT, vem com essa: criminalizar o próprio
Caixa 1, legal, da campanha do partido, o que é uma estratégia
notoriamente golpista.
Quando as mesmas empresas doam para o PSDB, é legal, certinho. Quando doam para o PT, é pagamento de propina?
Claro que a intenção é deslegitimar a presidenta Dilma. É uma
estratégia muito mais planejada do que a gente supunha. Aécio não está
louco. Suas acusações de baixo calão num programa da Globonews, onde não
houve questionamento nenhum em relação a seus papagaios, seguem um
roteiro pré-combinado, e do qual a mídia faz parte.
Em primeiro lugar, essa balbúrdia apenas evidencia o absurdo maior de
todos: o fato de Gilmar Mendes, ministro do STF, prender há oito meses a
votação sobre a doação de empresas a campanhas eleitorais.
É uma verdadeira chicana, e a mídia se mantém em silêncio sobre isso.
Quando há uma votação que interessa a oposição, a mídia pressiona e o
STF anda rapidinho. Ninguém teve coragem de pedir uma simples vistas de
48 horas quando se começou a julgar a Ação Penal 470. Não, ali tinha que
ser tudo feito às pressas, para não perder o timing da atmosfera
nervosa de linchamento que a mídia criava junto à opinião pública.
Quando é algo que não interessa à mídia, não há cobrança, e Gilmar Mendes pode segurar um julgamento por tempo indeterminado.
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“DECISÃO DO STF DE SOLTAR DUQUE PREOCUPA NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO DA
LAVA JATO
Integrantes da Polícia Federal que estão envolvidos com a Operação Lava Jato
foram pegos de surpresa com a decisão do ministro Teori Zavascki de mandar
soltar o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Eles demonstraram preocupação e
avaliam que isso pode prejudicar essa fase da investigação.
A expectativa era que a permanência na prisão motivaria Renato Duque a fazer
uma delação premiada, mas agora a previsão é que ele fique em silêncio. Duque é
apontado nas investigações como o ex-diretor da Petrobras indicado pelo PT e,
segundo o outro ex-diretor que tem colaborado com as investigações, Paulo
Roberto Costa, é o operador do partido no esquema de corrupção da estatal. A
defesa nega a participação dele no uso irregular de recursos da petroleira.
Um investigador da Lava Jato ressaltou ao Blog que a colaboração de Paulo
Roberto Costa só aconteceu depois de um longo período de prisão,
e que a expectativa era que o mesmo aconteceria com Renato Duque.”
*
Bem, em que outra situação o Estado mantém seres humanos em “longo período
de prisão” mesmo sem uma sentença, mesmo sem condenação, ou mesmo sem uma
acusação formalizada pela justiça?
Resposta: na prisão de Guantánamo, gerida pelos EUA, e alvo de protesto de
todos os grupos de direitos humanos no mundo.
Suspeitos de terrorismo do mundo inteiro são levados para Guantanamo, onde
ficam presos por tempo indeterminado, na espera de que delatem as supostas
organizações das quais fazem parte.
O Guantanamo brasileiro já está sendo criticado por vários juristas.
Não tem essa de que não devemos ter pena porque são ricos. As ditaduras
adoram fazer isso. Prendem uns ricos para saciar a sede de sangue do populacho,
mas ao fazê-lo só agravam a cultura da truculência penal do Estado.
No fim das contas, um ou outro rico sofre um pouco mais em mãos do Estado,
mas quem paga o pato mesmo são os pobres, que formam a maioria do sistema
prisional.
Só fazem isso, naturalmente, com os ricos que estão fora do núcleo do poder.
No caso do Brasil, apenas com os ricos que não são íntimos da mídia.
Na Europa, donos da mídia são chamados regularmente para depor na Justiça,
ou mesmo condenados. Aqui, eles e seus amigos na política, são intocáveis.
A operação Lava Jato pode ser analisada sob diversas perspectivas.
Algumas delas são positivas, conforme já identifiquei por aqui.
É interessante, por exemplo, observar como o ódio político ao PT, por parte
de setores da própria Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário,
lhes faz ter uma coragem e independência que jamais teriam em outra situação.
Alguém imagina o que os “homens de bem” da mídia e da política diriam se os
mesmos delegados da Operação Lava Jato fossem flagrados dando loas à Dilma, ao
PT, e xingando a oposição?
A Operação Lava Jato seria imediatamente acusada de “bolivariana”!
Na verdade, a oposição vive o seu 18 de Brumário. A Operação Lava Jato é seu
Luis Napoleão.
Na ânsia de vencer o PT, por trás do qual vêem o fantasma de um
bolivarianismo que, infelizmente, está longe de existir, a oposição está
empoderando forças que não pode controlar, e esse é o lado negativo da Lava
Jato.
É a mesma coisa que aconteceu no 18 de Brumário, quando a burguesia
empoderou Luis Napoleão, cuja ditadura levou a França a um período de trevas,
com prisões e desapropriações ilegais inclusive entre a alta burguesia.
O único interesse da imprensa de oposição é fustigar Dilma. Para isso, estão
dispostos até mesmo a entregar alguns anéis, com vistas a preservarem os dedos,
ou seja, o poder político.
Nos últimos dias, o jornal O Globo tem dado diversas matérias profundamente
ofensivas contra a militância do PT. Disse que “PT aplaude acusado de
corrupção”, e ainda lembrou que os militantes do partido também festejaram José
Dirceu.
Não houve a delicadeza de esclarecer seus leitores que os petistas fizeram
isso não por aceitarem a corrupção, mas por serem críticos ao julgamento do
mensalão. Decisões judiciais podem e devem ser objeto de críticas da sociedade.
O judiciário não é perfeito e apenas se aprimora, como tudo na vida, com
críticas.
Quando ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o jornal trata o “acusado” como
“já condenado”. Ora, acusação por acusação, todo político tem. FHC não é
acusado de comprar a sua reeleição? Os militantes tucanos o aplaudem mesmo
assim, e nenhum jornal os acusam de coniventes com a corrupção. Eles
simplesmente não acreditam que a acusação seja verdadeira.
Até aí, nenhuma novidade, assim como também não é novidade a total inação do
partido ou do governo para replicar.
O PT disse que vai processar Aécio Neves por suas declarações a Globonews,
dizendo que havia perdido as eleições para uma organização criminosa.
Ora, muito bem, vale processar, mas ficar apenas nisso é terceirizar a luta
política para o judiciário. E para um judiciário que não lhe é simpático.
A judicialização da política não interessa ao PT e à esquerda, até porque
ainda não há correlação de forças favoráveis no Judiciário.
Jogar a luta política para o Judiciário é apostar na derrota.
Interessa ao PT fazer o contrário, trazer a disputa judicial para o terreno
político. Isso é o certo a fazer.
A “República do Paraná” já conseguiu, ao que parece, forçar um executivo de
empreiteira a falar algo que interessa à oposição:
O caráter sigiloso não está sendo respeitado. Ao contrário, os depoimentos
feitos à Polícia Federal estão servindo para alimentar a mídia de oposição, que
os interpreta a seu bel prazer.
Acusações contra senadores do PT e contra o partido ocuparam as manchetes,
sem que houvesse a apresentação de uma mísera prova.
E agora a “República do Paraná”, talvez desesperada por não achar nada
ilegal na campanha do PT, vem com essa: criminalizar o próprio Caixa 1, legal,
da campanha do partido, o que é uma estratégia notoriamente golpista.
Quando as mesmas empresas doam para o PSDB, é legal, certinho. Quando doam
para o PT, é pagamento de propina?
Claro que a intenção é deslegitimar a presidenta Dilma. É uma estratégia
muito mais planejada do que a gente supunha. Aécio não está louco. Suas
acusações de baixo calão num programa da Globonews, onde não houve
questionamento nenhum em relação a seus papagaios, seguem um roteiro
pré-combinado, e do qual a mídia faz parte.
Em primeiro lugar, essa balbúrdia apenas evidencia o absurdo maior de todos:
o fato de Gilmar Mendes, ministro do STF, prender há oito meses a votação sobre
a doação de empresas a campanhas eleitorais.
É uma verdadeira chicana, e a mídia se mantém em silêncio sobre isso. Quando
há uma votação que interessa a oposição, a mídia pressiona e o STF anda rapidinho.
Ninguém teve coragem de pedir uma simples vistas de 48 horas quando se começou
a julgar a Ação Penal 470. Não, ali tinha que ser tudo feito às pressas, para
não perder o timing da atmosfera nervosa de linchamento que a mídia criava
junto à opinião pública.
Quando é algo que não interessa à mídia, não há cobrança, e Gilmar Mendes
pode segurar um julgamento por tempo indeterminado.
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