quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Golpe do petróleo dos EUA visa perpetuar "reciclagem extorsionista" do dólar

Golpe do petróleo dos EUA visa perpetuar "reciclagem extorsionista" do dólar « Viomundo - O que você não vê na mídia

Golpe do petróleo dos EUA visa perpetuar “reciclagem extorsionista” do dólar

publicado em 17 de dezembro de 2014 às 11:36
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Acabou a alegria dos produtores


Subterfúgio saudi-estadunidense derruba ações e crédito


O Golpe do Petróleo


por MIKE WHITNEY, no Counterpunch, em 16.12.2014, reprodução parcial


“John Kerry, secretário de Estado dos Estados Unidos, alegadamente
fechou um acordo com o rei Abdullah em setembro sob o qual os sauditas
venderiam petróleo cru abaixo do preço de mercado. Isso ajudaria a
explicar a queda do preço num momento em que, dada a confusão causada no
Iraque e na Síria pelo Estado Islâmico, normalmente o preço estaria
subindo”.  (Stakes are high as US plays the oil card against Iran and Russia, Larry Eliot, no diário britânico Guardian)


Os poderosos dos Estados Unidos estão colocando o país sob o risco de
outra crise financeira para intensificar sua guerra econômica contra
Moscou e para avançar em seu plano de “controle da Ásia”.


O que está acontecendo: Washington persuadiu os sauditas a abarrotar o
mercado de petróleo para derrubar os preços, dizimar a economia da
Rússia e reduzir a resistência de Moscou ao crescente cerco da OTAN e às
novas bases militares dos Estados Unidos na Ásia Central.


O esquema saudita-estadunidense derrubou os preços do petróleo à metade desde o pico de junho.


O grande declínio dos preços ameaça estourar a bolha dos endividados,
aumentou a turbulência nos mercados de crédito e derrubou as ações
globais.


Os mercados em polvorosa e o contágio econômico não detiveram
Washington e seu plano irresponsável, um plano que usa o regime
marionete de Riyadh para a guerra dos Estados Unidos por recursos
naturais.


Aqui vai um breve resumo de um artigo de F. William Engdahl intitulado “The Secret Stupid Saudi-US Deal on Syria”:


Detalhes emergem de um acordo secreto e estúpido da
Arábia Saudita com os Estados Unidos sobre a Síria e o assim chamado
Estado Islâmico. Envolve o controle de gás e petróleo em toda a região e
o enfraquecimento da Rússia e do Irã, com os sauditas abarrotando o
mercado mundial com petróleo barato. Os detalhes foram acertados em
setembro numa reunião entre o secretário de Estado John Kerry e o rei
saudita…


…o reino da Arábia Saudita está invadindo os mercados com petróleo
barato, causando uma guerra de preço dentro da OPEP… Os sauditas estão
dirigindo as vendas para a Ásia, em particular para seu grande comprador
asiático, a China, com oferta de petróleo entre 50 e 60 dólares o
barril, em vez do preço anterior de 100 dólares. A operação de desconto
dos sauditas parece coordenada com uma operação de guerra do Tesouro dos
Estados Unidos, através de seu Office of Terrorism and Financial
Intelligence, em cooperação com um punhado de operadores de Wall Street
que controlam os negócios com derivativos de petróleo. O resultado é
pânico no mercado, que ganha impulso diariamente. A China está feliz de
comprar petróleo barato, mas seus aliados — a Rússia e o Irã — estão
sofrendo severamente…


De acordo com Rashid Abanmy,  presidente do Saudi Arabia Oil Policies and Strategic Expectations Center,
baseado na capital saudita, o dramático colapso dos preços está sendo
causado deliberadamente pelo maior produtor da OPEP. A razão pública
alegada é a conquista de novos mercados, por conta da queda de demanda
global. A razão real, segundo ele, é colocar pressão no Irã por causa de
seu programa nuclear e na Rússia, para acabar com o apoio ao regime de
Bashar al-Assad na Síria… Mais de 50% do orçamento russo vem da
exportação de gás e petróleo. A manipulação do preço por parte dos
Estados Unidos e da Arábia Saudita visa desestabilizar fortes oponentes
das políticas globalistas dos Estados Unidos. Alvos incluem Irã e Síria,
ambos aliados da Rússia na oposição aos Estados Unidos como único
superpoder. O alvo principal, no entanto, é a Rússia de Putin, a maior
ameaça hoje à hegemonia dos Estados Unidos (The Secret Stupid Saudi-US Deal on Syria, F. William Engdahl, BFP)
Os Estados Unidos precisam atingir seus objetivos na Ásia Central ou
abrir mão da posição de único superpoder do mundo. É por isso que os
formuladores de política dos Estados Unidos embarcaram numa aventura tão
arriscada. Não há outra forma de sustentar o status quo que permite aos
Estados Unidos impor o sistema dólar ao mundo, um sistema pelo qual os
Estados Unidos trocam papel moeda produzido à vontade pelo seu Banco
Central por recursos naturais, produtos manufaturados e trabalho duro.
Washington está preparada para defender sua extorsionista reciclagem de
petrodólares até o fim, mesmo se o resultado for guerra nuclear.


Como a inundação do mercado causa instabilidade


Os efeitos destrutivos e desestabilizadores deste plano lunático
podem ser vistos em toda parte. Preços do petróleo em queda tornam mais
difícil para as empresas de energia conseguir financiamento para rolar
suas dívidas ou manter as operações atuais.


As companhias emprestam com base no tamanho de suas reservas, mas
quando os preços caem quase 50% — como aconteceu nos últimos seis meses —
o valor destas reservas cai, o que reduz o acesso delas ao mercado de
crédito e força os dirigentes a vender bens a preço de liquidação ou
enfrentar bancarrota.


Se o problema ficasse contido no setor, não haveria razão para se
preocupar. Mas o que preocupa Wall Street é que a falencia de empresas
de energia poderia afetar todo o sistema financeiro e engolir os bancos.
Apesar de seis anos de taxas de juros zero e do chamado monetary
easing, os grandes bancos estadunidenses estão perigosamente
descapitalizados, o que significa que uma onda inesperada de falencias
poderia causar o colapso das instituições mais fracas e jogar todo o
sistema em nova crise. Aqui está um excerto de um post do Automatic Earth intitulado “O petróleo vai matar os bancos zumbis?”:


Se os preços cairem ainda mais, significa que a maior parte do edifício construído em torno do gás de xisto desabaria [PS do Viomundo:
Um negócio que teve crescimento espetacular nos Estados Unidos em anos
recentes]. E isso causaria um terremoto no mundo financeiro, já que
alguém ofereceu os empréstimos sobre os quais o edifício se assentou. Um
número imenso de investidores se endividou com taxas altas de juros,
inclusive investidores institucionais, e eles estão quase se queimando…
se o preço do petróleo continuar neste caminho, o Banco Central deve
começar a pensar em outro resgate dos bancos de Wall Street. (Will Oil Kill the Zombies?, Raúl Ilargi Meijer, Automatic Earth)
O problema com a queda dos preços do petróleo não é apenas com a
deflação ou a redução dos lucros; é o fato de que todos os setores da
indústria — exploração, desenvolvimento e produção — está sobre uma
montanha de tinta vermelha (junk bonds). Quando aquela dívida não puder
mais ser refinanciada, os emprestadores primários (instituições
financeiras e garantidores) vão enfrentar grandes perdas, que causarão
efeito dominó em todo o sistema.


[...]


Na semana passada, preços do petróleo em queda começaram a impactar
os mercados de crédito, com os investidores se livrando de dívidas que
parecem impagáveis. Os sinais de contágio já são aparentes e devem
piorar. Investidores temem que se não acionarem o botão de vendas agora,
não encontrarão compradores mais tarde. Em outras palavras, a liquidez
está secando rapidamente, o que por sua vez acelera o declínio do
mercado. Naturalmente, isso afeta os papéis do Tesouro americano, que
são vistos como livres de risco. Com os investidores jogando tudo nos
papéis do Tesouro, as taxas de juros de longo prazo estão coladas no
chão. Na sexta-feira a taxa de juros nos papéis de 10 anos do Tesouro
bateu em minúsculos 2,08%, o que seria de se esperar no meio de uma
Depressão.


A insurgência liderada pelos sauditas reverteu a direção do mercado,
colocou as ações globais em mergulho e causou pânico nos mercados de
crédito. Enquanto o sistema financeiro se aproxima de uma nova crise,
autoridades de Washington permanecem em silêncio, nunca soltando mais
que um pio sobre a política saudita que pode ser descrita como um ato
deliberado de terrorismo financeiro.


Por que? Por que Obama e companhia ficam calados enquanto os preços
do petróleo desabam, uma indústria nacional é demolida e as ações caem
de um precipício? Pode ser porque atuam em conjunto com os sauditas num
grande jogo para aniquilar os inimigos da gloriosa New World Order?


Tudo indica que sim.


MIKE WHITNEY lives in Washington state. He is a
contributor to Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK
Press). Hopeless is also available in a Kindle edition. He can be
reached at fergiewhitney@msn.com.



PS do Viomundo: E o chamado PIG quer fazer você crer que quem está derrubando as ações da Petrobras na Bolsa é a Graça Foster!

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