Três correntes políticas, dois projetos
por João Sicsú
O partido dos fisiológicos e patrimonialistas é acéfalo, não tem projeto
próprio, aderiu implacavelmente ao projeto do partido da Globo
próprio, aderiu implacavelmente ao projeto do partido da Globo
As marionetes ressurgirão quando úteis ao partido da Globo. Mas não deixarão de ser marionetes
Nos últimos anos se conformaram três
correntes políticas no Brasil, que fazem articulações, propaganda,
agitação e tentam formar bases sociais. Mas só há dois projetos.
Primeiro, existe o partido da Globo
e dos maiores bancos privados com parte do Judiciário, Ministério
Público e Polícia Federal. Segundo, o partido integrado pelos políticos
fisiológicos e patrimonialistas filiados ao PMDB, PSDB, DEM e a outros
penduricalhos menores. E, por último, há a corrente dos partidos
políticos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais.
Embora tenhamos três correntes, temos apenas dois projetos. O partido
dirigido pela Globo defende os interesses das multinacionais, dos
banqueiros e dos rentistas. A frente de esquerda, sindical e de
movimentos sociais defende um projeto de crescimento econômico, com
geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social. Tal
projeto é nítido quando está na oposição e impreciso quando é governo. O
partido dos políticos fisiológicos e patrimonialistas é acéfalo, não
tem projeto próprio, aderiu implacavelmente ao projeto do partido da
Globo.
O PSDB fisiológico dos dias de hoje é muito diferente do PSDB
pensante dos anos 1990. E o PMDB fisiológico de hoje é mais diferente
ainda do que era o autêntico PMDB dos anos 1980. O partido dirigido pela
Globo tem caminhado junto com os políticos fisiológicos e
patrimonialistas. Sempre estarão unidos para combater a esquerda através
de tentativas de cooptação, perseguição, criminalização ou prisão de
seus quadros, líderes e movimentos. E sempre estarão unidos para dar
golpes chamados de impeachment (em 2016) ou de revolução (em 1964).
O projeto do partido da Globo tem sido bem-sucedido nos últimos anos.
Conseguiram disseminar a ideia de que sempre é preciso conter gastos
públicos (o objetivo é que sobrem recursos para serem transferidos aos
bancos e aos rentistas). Essa ideia parecia adormecida ao final do ano
de 2010. Mas voltou com força a partir do ano seguinte. Ao longo dos
anos posteriores foi ganhando mais força, até que começou a derrubar os
investimentos públicos e a reduzir direitos sociais.
O partido da Globo fez grandes jogadas políticas especialmente desde
2013, passando pelo o golpe de 2016, até os dias de hoje. Ampliou ao
máximo o leque de alianças e constituiu bases sociais. Todos cabiam
dentro do projeto do golpe: Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Aécio Neves,
os patos da Fiesp, classe média com camisa da CBF, evangélicos e muito
mais. Todos unidos contra o modelo do governo Dilma que até podia
entregar parte do que era requerido (e que não era pouco), mas sempre
deixava a porta aberta para o projeto da esquerda, das centrais
sindicais e dos movimentos sociais.
partido da Globo. O seu projeto é antinacional, antissocial e
antidesenvolvimentista. Cunha, Temer, Aécio, Maia, os patos da Fiesp
e tantos outros são marionetes acéfalas. Manda quem comanda o
judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal e o maior veículo de
comunicação do País.
O partido da Globo apostava em Temer, mas sempre com desconfiança.
Afinal, o presidente ilegítimo pertence a um agrupamento que tem
interesses considerados menores e é reconhecidamente frágil pelo passado
que lhe é inerente. Embora funcione como um partido, a Globo
desmoralizou os partidos políticos que têm formato tradicional e
achincalhou a política porque uma organização antidemocrática não pode
conviver com a política que somente é exercida, em sua plenitude, na
democracia.
No mundo real nem todas as variáveis estão sob pleno controle. Um
movimento do partido da Globo, embora controlado, atingiu Temer. A
gravação de Temer com o dono da JBS é arrasadora, fere, possivelmente,
de morte o presidente ilegítimo. Cada passo desse processo foi elaborado
e organizado pelo partido da Globo. Dentro do mesmo processo, o PSDB
foi desmoralizado. Desnorteado, tentou deixar Temer sozinho no governo,
mas percebeu que ficaria sozinho também. O partido da Globo não lhe
acolheria, pelo menos agora.
Abriu-se, então, o caminho para que o projeto do partido da Globo
atingisse o seu auge colocando na cadeira da presidência um tecnocrata,
um dos seus. O partido da Globo não emplacaria um tecnocrata defendendo o
seu projeto em eleições diretas. O voto popular rejeitaria as reformas e
a limitação de gastos reais nas áreas da saúde e educação, por exemplo.
O caminho do partido da Globo é o colégio eleitoral e a retomada da
votação das reformas por parte das marionetes.
No momento, o partido da Globo quer alguém do seu agrupamento para
sentar na cadeira da presidência da República – piloto e carro, ambos,
da mesma equipe. Henrique Meirelles é o grande operador do projeto do
partido da Globo dentro do governo. Atualmente, está na cadeira de
ministro. Mas poderá ocupar um superministério ou, até mesmo, a
presidência da República. A outra opção da Globo é Cármen Lúcia, que é
do braço do judiciário do partido. Devidamente autorizado, Meirelles já
anunciou ao mercado financeiro que continuará neste ou no próximo
governo.
O partido da Globo já aprovou o congelamento real de gastos públicos
pelos próximos 20 anos. Já aprovou a terceirização irrestrita. E
avançava nas reformas da Previdência e trabalhista. Entretanto, o
projeto do partido da Globo sofre fortes resistências da esquerda.
Portanto, continuarão os enfrentamentos e ataques contundes à esquerda,
às centrais sindicais e aos movimentos sociais.
Nas próximas semanas e meses, ficará ainda nítido que só existem, de
fato, dois agrupamentos sólidos, dois projetos e um bando de marionetes
desnorteadas. E os embates serão: eleições diretas
versus colégio eleitoral, condenação de Lula versus defesa de Lula,
reformas engavetadas versus retomada das votações. As marionetes
voltarão a sobreviver tão logo sejam úteis ao partido da Globo.
Não deixarão, porém, de ser apenas marionetes.
correntes políticas no Brasil, que fazem articulações, propaganda,
agitação e tentam formar bases sociais. Mas só há dois projetos.
Primeiro, existe o partido da Globo
e dos maiores bancos privados com parte do Judiciário, Ministério
Público e Polícia Federal. Segundo, o partido integrado pelos políticos
fisiológicos e patrimonialistas filiados ao PMDB, PSDB, DEM e a outros
penduricalhos menores. E, por último, há a corrente dos partidos
políticos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais.
Embora tenhamos três correntes, temos apenas dois projetos. O partido
dirigido pela Globo defende os interesses das multinacionais, dos
banqueiros e dos rentistas. A frente de esquerda, sindical e de
movimentos sociais defende um projeto de crescimento econômico, com
geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social. Tal
projeto é nítido quando está na oposição e impreciso quando é governo. O
partido dos políticos fisiológicos e patrimonialistas é acéfalo, não
tem projeto próprio, aderiu implacavelmente ao projeto do partido da
Globo.
O PSDB fisiológico dos dias de hoje é muito diferente do PSDB
pensante dos anos 1990. E o PMDB fisiológico de hoje é mais diferente
ainda do que era o autêntico PMDB dos anos 1980. O partido dirigido pela
Globo tem caminhado junto com os políticos fisiológicos e
patrimonialistas. Sempre estarão unidos para combater a esquerda através
de tentativas de cooptação, perseguição, criminalização ou prisão de
seus quadros, líderes e movimentos. E sempre estarão unidos para dar
golpes chamados de impeachment (em 2016) ou de revolução (em 1964).
O projeto do partido da Globo tem sido bem-sucedido nos últimos anos.
Conseguiram disseminar a ideia de que sempre é preciso conter gastos
públicos (o objetivo é que sobrem recursos para serem transferidos aos
bancos e aos rentistas). Essa ideia parecia adormecida ao final do ano
de 2010. Mas voltou com força a partir do ano seguinte. Ao longo dos
anos posteriores foi ganhando mais força, até que começou a derrubar os
investimentos públicos e a reduzir direitos sociais.
O partido da Globo fez grandes jogadas políticas especialmente desde
2013, passando pelo o golpe de 2016, até os dias de hoje. Ampliou ao
máximo o leque de alianças e constituiu bases sociais. Todos cabiam
dentro do projeto do golpe: Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Aécio Neves,
os patos da Fiesp, classe média com camisa da CBF, evangélicos e muito
mais. Todos unidos contra o modelo do governo Dilma que até podia
entregar parte do que era requerido (e que não era pouco), mas sempre
deixava a porta aberta para o projeto da esquerda, das centrais
sindicais e dos movimentos sociais.
"Quem dirige o golpe é o partido da Globo. O seu projeto é antinacional e antidesenvolvimentista"O partido da Globo apostou no golpe e venceu. Quem dirige o golpe é o
partido da Globo. O seu projeto é antinacional, antissocial e
antidesenvolvimentista. Cunha, Temer, Aécio, Maia, os patos da Fiesp
e tantos outros são marionetes acéfalas. Manda quem comanda o
judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal e o maior veículo de
comunicação do País.
O partido da Globo apostava em Temer, mas sempre com desconfiança.
Afinal, o presidente ilegítimo pertence a um agrupamento que tem
interesses considerados menores e é reconhecidamente frágil pelo passado
que lhe é inerente. Embora funcione como um partido, a Globo
desmoralizou os partidos políticos que têm formato tradicional e
achincalhou a política porque uma organização antidemocrática não pode
conviver com a política que somente é exercida, em sua plenitude, na
democracia.
No mundo real nem todas as variáveis estão sob pleno controle. Um
movimento do partido da Globo, embora controlado, atingiu Temer. A
gravação de Temer com o dono da JBS é arrasadora, fere, possivelmente,
de morte o presidente ilegítimo. Cada passo desse processo foi elaborado
e organizado pelo partido da Globo. Dentro do mesmo processo, o PSDB
foi desmoralizado. Desnorteado, tentou deixar Temer sozinho no governo,
mas percebeu que ficaria sozinho também. O partido da Globo não lhe
acolheria, pelo menos agora.
Abriu-se, então, o caminho para que o projeto do partido da Globo
atingisse o seu auge colocando na cadeira da presidência um tecnocrata,
um dos seus. O partido da Globo não emplacaria um tecnocrata defendendo o
seu projeto em eleições diretas. O voto popular rejeitaria as reformas e
a limitação de gastos reais nas áreas da saúde e educação, por exemplo.
O caminho do partido da Globo é o colégio eleitoral e a retomada da
votação das reformas por parte das marionetes.
No momento, o partido da Globo quer alguém do seu agrupamento para
sentar na cadeira da presidência da República – piloto e carro, ambos,
da mesma equipe. Henrique Meirelles é o grande operador do projeto do
partido da Globo dentro do governo. Atualmente, está na cadeira de
ministro. Mas poderá ocupar um superministério ou, até mesmo, a
presidência da República. A outra opção da Globo é Cármen Lúcia, que é
do braço do judiciário do partido. Devidamente autorizado, Meirelles já
anunciou ao mercado financeiro que continuará neste ou no próximo
governo.
O partido da Globo já aprovou o congelamento real de gastos públicos
pelos próximos 20 anos. Já aprovou a terceirização irrestrita. E
avançava nas reformas da Previdência e trabalhista. Entretanto, o
projeto do partido da Globo sofre fortes resistências da esquerda.
Portanto, continuarão os enfrentamentos e ataques contundes à esquerda,
às centrais sindicais e aos movimentos sociais.
Nas próximas semanas e meses, ficará ainda nítido que só existem, de
fato, dois agrupamentos sólidos, dois projetos e um bando de marionetes
desnorteadas. E os embates serão: eleições diretas
versus colégio eleitoral, condenação de Lula versus defesa de Lula,
reformas engavetadas versus retomada das votações. As marionetes
voltarão a sobreviver tão logo sejam úteis ao partido da Globo.
Não deixarão, porém, de ser apenas marionetes.
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