sábado, 20 de maio de 2017

O que explica o desespero da Globo?

O que explica o desespero da Globo? Família Marinho pede derrubada de Temer e aumenta turbulência política - Escrevinhador





O que explica o desespero da Globo? Família Marinho pede derrubada de Temer e aumenta turbulência política


A Globo tem pressa. E se desespera. Porque as
reformas já pararam. Se o caminho para tirar Temer for o TSE, isso pode
levar dois a três meses! Até lá, o clima nas ruas vai ferver. E a
possibilidade de aprovar as reformas se evapora se tudo não estiver
resolvido até agosto ou setembro…
por Rodrigo Vianna

O editorial de O Globo hoje, pedindo a renúncia de Temer, é demonstração de fraqueza e desespero.


A Globo nunca precisou manifestar por escrito suas posições para
mover os cordões do poder. Dessa vez, deixou o roteiro – por escrito!


Desde ontem, estava claro que família Marinho, alinhada ao Partido da
Justiça, deseja a rápida substituição de Temer por um governo “técnico”
– que conclua as “reformas” e dê sustentação para a Lava-Jato concluir
sua tarefa principal: impedir Lula de ser candidato.


Como afirmamos aqui: a Globo deseja “limpar” o golpe.
Temer no poder cria uma dissonância: se Dilma foi afastada em nome da
moralidade (grande mentira, sabemos), como se explica que uma gangue
esteja hoje no controle do país?


A Globo nunca quis moralidade. O grande projeto é desregulamentar o
mercado de trabalho, tirar direitos sociais e abrir o Brasil pra
investimento estrangeiro. De quebra, a família Marinho poderia passar a
empresa nos cobres, desde que a Lei de Telecomunicações seja alterada e a
TV possa assim ser vendida a algum investidor estrangeiro.


Temer servia como operador dessa agenda – que foi rejeitada nas
urnas. E por isso trata-se de um golpe! A vontade majoritária foi
desprezada, e o programa derrotado 4 vezes no voto estava sendo
implantado na marra.


Mas o timing da PF e da JBS acelerou as contradições, expondo de
forma dramática a desagregação do bloco que deu o golpe. Numa linguagem
mais “sociológica”, poderíamos dizer que desde 2013 o Brasil vive uma
ampla “crise de hegemonia”. O bloco sob o qual Lula e Dilma governavam
rachou, mas um novo bloco não conseguiu ainda impor sua hegemonia de
forma desorganizada. É como se a disputa seguisse indefinida, agravando a
crise e abrindo possibilidades para todo tipo de saída.


E aí entramos no segundo eixo desse editorial: o desespero. O tempo corre agora contra a Globo.


A Globo tem pressa. E se desespera. Porque as reformas já pararam. Se
o único caminho para tirar Temer for o TSE, isso pode levar dois a três
meses! Até lá, o clima nas ruas vai ferver. E a possibilidade de
aprovar as reformas se evapora se tudo não estiver resolvido até agosto
ou setembro…


Fora isso, a crise expõe mais e mais contradições. Agora Gilmar
Mendes também aparece nas delações e pode ser submetido a impeachment,
já que tramava com Aécio formas de influenciar votos no Senado.


Temer decidiu ficar, e expõe assim as contradições dos dois grupos
golpistas: de um lado, a direita política, de outro o Partido da
Justiça. O que unia os dois era derrubar Dilma e aplicar a agenda
ultra-liberal.


Acontece que Temer, mais do que qualquer agenda, defende a sobrevivência dele mesmo e da gangue que o cerca.


A  Globo ajudou a instalar no  poder um grupo que vai permanecer ali o quanto puder, para garantir o foro privilegiado.


Seria fundamental, para a gangue midiática, instalar rapidamente um
governo eleito indiretamente, para completar a destruição de direitos e
acabar de abrir o país – inclusive parta investimentos estrangeiros nas
comunicações. Mas no poder há outra gangue. Que vai usar todas as armas
para resistir.


É curioso ver o editorial da Família Marinho invocar os interesses
“dos cidadãos de bem”. Onde estavam esses “cidadãos de bem” quando a
ditadura matava e torturava com apoio da Globo? Ou quando Collor
arruinava o país com beneplácito da família Marinho? E quando FHC
comprava a reeleição? Ou quando as empreiteiras e conglomerados privados
enchiam as burras dos tucanos?


A Globo descobriu os cidadãos de bem recentemente?


Por isso, tenho aqui invocado a velha fórmula de Brizola: se a Globo está de um lado, fiquemos do outro!


Claro, não estou dizendo que devemos defender a gangue temerária. Mas
apontando para duas questões: a esquerda e os movimentos populares vão
servir de massa de manobra pra derrubar Temer, e na sequência ver a
Globo instalar Carmen Lúcia/Meireles/Armínio Fraga no poder?


Para o campo popular, o melhor que pode acontecer é Temer ficar,
expondo as contradições da direita liberal, esgarçando o tecido
golpista. Que seja longa a agonia do governo golpista, expondo as
vísceras do falso moralismo e dos tais “cidadãos de bem”.


Deixemos o “Fora, Temer” para os editoriais da Globo. Quem pariu
mateus que o embale. A palavra de ordem do lado de cá já não é “Fora,
Temer”. Mas “Diretas-Já” e “Parem as Reformas”.


Vamos pra rua pedir que o povo decida qual programa será implantado
no Brasil. Ou seja, lutamos pela Democracia e contra o desmonte do
Estado Nacional.


Enquanto isso, podemos até nos divertir um pouco com o desespero da Globo. E dizer: “Temer, resista!”


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