Ilusões pequeno-burguesas podem ser fatais | TIJOLAÇO |
O velho Luís Carlos Prestes, certa vez, disse que “governo que não se defende merece cair”.
Os governos petistas, de alguma forma, parecem acreditar em contos da carochinha.
A “reciclagem” do caso da compra da refinaria da Pasadena pela
Petrobras é típico desta tola ingenuidade de achar que, na política, o
fato é mais importante que a versão.
Os fatos são mais importantes, claro, mas na história, não na disputa política.
Nela, a versão é que viceja e pode, no curto prazo, produzir
consequências inteiramente opostas à ingenuidade de quem não se importou
com versões.
Lógico que o exercício das funções públicas se deva pautar por regras
éticas e morais muito mais severas, até, do que as dos negócios
privados.
E Dilma – assim como Lula – é, neste quesito, inatacável.
Mais ainda: quem é que defende a Petrobras, seu crescimento e seu papel no desenvolvimento do Brasil e em sua soberania?
Dilma e Lula, que a trouxeram ao novo patamar do pré-sal ou quem a
privou do monopólio petroleiro, arrolhou seu crescimento e malbaratou
parte de seu capital na Bolsa de Nova York?
Essa é a história, mas os jornais se enchem, todos os dias, das
versões: a Petrobras está quebrando, está mal-administrada e, ainda por
cima, metida em maracutaias.
Deus nos livre de que ela estivesse “bem gerida” como o Metrô de São Paulo, não é?
Imaginem, por exemplo, que a Petrobras registrasse, como o
subterrâneo paulista, um aumento de 55% no número de acidentes de 2009
para cá? Ou se houvesse um décimo dos superfaturamentos do “trensalão”?
A ingenuidade tola e perigosa é a de não entender o fato de que a
imprensa vai publicará- como lembrou lucidamente o papa, em sua fala de
sábado – a parte que lhe convém das informações como fatos e as partes
que não lhe convém, apenas algumas vezes e como simples alegações.
Ou, pior ainda, entender mas se convencer que isso se desfará diante
da força moral de uma governante que mostra não medir atitudes diante de
suspeitas, sejam quais forem.
A “aliança pela CPI da Petrobras”, firmada entre Aécio Neves, Eduardo
Campos e o pró-homem da República Eduardo Cunha, sábado, num baile de debutante em Salvador, já produziu seu primeiro efeito: enquadrou Fernando Henrique no projeto e o fez mudar a posição de defender uma investigação técnica e substituí-la por um escândalo político.
A mídia tem uma arma e vai usar.
Ou será que já se esqueceram da frase da então dirigente da
Associação de Jornais, há quatro anos, de que é ela, a imprensa, a
oposição real neste país?
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