sábado, 8 de março de 2014

Na lata de lixo da História, há um lugar para esse PMDB aí | Bob Fernandes

Na lata de lixo da História, há um lugar para esse PMDB aí | Bob Fernandes

Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB e, dizem, líder de 200 na Câmara,
ameaça a presidente Dilma. "Ameaça" com uma Convenção para rediscutir a
aliança com o governo.
 
São muitos os motivos, um deles a candidatura "Pezão" no Rio.
 
Mas decisivo, e a real num ano eleitoral, é a grana não liberada de
emendas parlamentares. Daí a sede de Cunha e seus 200. Há 26 anos, em
plena Constituinte, um dos PMDBs portava o DNA desse PMDB de Eduardo
Cunha & Cia. Era o PMDB de Orestes Quércia (SP), Newtão Cardoso (MG)
e assemelhados.
 
Aquele PMDB deu o 5º ano de mandato para o Sarney presidente.
Aquele PMDB derrotou o PMDB de Ulysses Guimarães e Mário Covas. O
enfrentamento com o DNA desse PMDB de agora se deu em plena
constituinte. Tendo Mario Covas como líder, nascia ali uma utopia, o
PSDB.
 
Nove anos depois, nova Convenção. Com tapas, murros e votos
comprados, e contra Itamar, o PMDB de Padilha e Roriz apoiou a reeleição
de Fernando Henrique e seu PSDB. Indicado pelo líder no Senado, Jáder
Barbalho, Renan Calheiros seria ministro da Justiça de Fernando
Henrique. Jáder, que depois seria aliado do governo Lula.
 
O jogo, o de sempre. José Dirceu queria o PMDB como grande aliado
desde o começo. Lula se renderia de vez a esse PMDB em meio à crise do
chamado "mensalão".
 
Esse PMDB segue sócio majoritário do governo. Um sócio cada vez
mais esfomeado. Moralmente, um sócio cada vez menor, para não dizer algo
pior. Eduardo Cunha é a perfeita representação desse PMDB. É a cara
desse PMDB.
 
Dizia-se que Dilma não suportava Cunha. Dilma terminou por
engoli-lo, no pior sentido. Agora se assiste o líder "ameaçar" com uma
Convenção. Eduardo Cunha e seus 200 "ameaçam" pular fora se o governo
não ceder.
 
Esse PMDB não negocia, sabem FHC, Lula e Dilma. Chantageia. Diz que
se o governo não ceder, Cunha e os 200 saltarão para a candidatura de
Aécio Neves.
 
Se quiserem pular na canoa de Eduardo Campos, que já tem os
Bornhausen, não deverão encontrar grande resistência. Sempre, claro, em
nome da "governabilidade".
 
O pessoal da política realista recomenda a Dilma: "Aceita que dói
menos". A turma do Aécio trabalha para ter esse PMDB. O pessoal de
Campos espreita.
 
Ulysses Guimarães foi anticandidato contra a ditadura, em 1974.
Talvez pelas circunstâncias, o velho MDB conquistou um lugar honrado na
história.
 
A lata de lixo da história espera por esse PMDB que aí está. Espera
não só por esse partido, o PMDB, mas por tudo e todos que ele
representa e simboliza na política.
 
A hercúlea tarefa, que sabemos utópica, cabe ao eleitor.

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