domingo, 16 de abril de 2017

Ex-ministra do STJ sugere que há "Justiça seletiva" na Lava Jato

Ex-minitra do STJ sugere que há "Justiça seletiva" na Lava Jato - TIJOLAÇO



Ex-ministra do STJ sugere que há “Justiça seletiva” na Lava Jato

elianacalmon


A entrevista dada à Folha por  Eliana Calmon, ex-ministra
do Superior Tribunal de Justiça e ex-corregedora nacional de Justiça –
ou seja, a responsável por identificar e punir desvios de juízes – é de
uma gravidade imensa.


Ela diz, com todas as letras, que a lava Jato “pegou o Executivo, o
Legislativo e o poder econômico, preservando o Judiciário, para não
enfraquecer esse Poder”.


Vindo de quem ocupou uma das mais altas posições na Magistratura, não
se pode evitar o óbvio: então procuradores e juízes podem decidir “quem
vai e  quem não vai” para o pelourinho?


Opa, doutora, então devemos supor que juízes e promotores que
receberam propina  estão sendo poupados ou, ao menos, “deixados  para
depois”, uma espécie de sobremesa.


Em “penalês” isso se chama prevaricação. Crime.


A ex-ministra explica que “por uma questão estratégica, vão deixar
para depois”, como se isso fosse jurídico. Não é, a “estratégia” a que
ela se refere tem nome: política, o que é inadmissível que integrantes
do sistema judicial, para judicial e até o policial (que, na prática,
está há tempos sob  seu comando) façam.


Enfraquecer o Poder Executivo e o Legislativo para fortalecer o Judiciário?


Mas a doutora Calmon vai além. Confessa ela própria ter pactuado com
vazamentos ilegais: “Como ministra, vi muitas vezes o vazamento de
informações saindo da Polícia Federal e nada fiz contra a PF porque
entendi qual foi o propósito”.


Doutora, a senhora leu o artigo 37 da Constituição? Diz lá que os
poderes públicos obedecerão “aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Não fala que
obedecerão ao princípio da “conveniência” ou da “estratégia”.


As barbaridades, na entrevista, se sucedem. Ela fala numa “moda Moro”
no meio judiciário, num acesso de sinceridade que revela a contaminação
dos julgadores por uma “severidade”  que pode ser vista, também, como a
busca de condenações e, antes delas, a de notoriedade espetaculosa.


A entrevista é uma confissão, ainda mais para quem recebeu – na forma
contabilizada – o mesmo que muitos outros tiveram, quando foi candidata
ao Senado na chapa da “fadinha da floresta”, sob as bênçãos de Eduardo
Campos, que não está com uma penca de inquéritos porque morreu.


A única atenuante que a doutora merece é a de que, logo na segunda
pergunta da entrevista, ela diz que ficou surpresa com a presença de
José Serra e Aloysio Nunes Ferreira  na lista dos investigados. Por aí a
gente já fica sabendo quem são os santos de seus altares e põe em
dúvida a capacidade de Sua ex-Execlência de julgar o que quer que seja.

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