domingo, 16 de abril de 2017

Onde está o ministro-falante Gilmar Mendes? | Brasil 24/7

Onde está o ministro-falante Gilmar Mendes? | Brasil 24/7






Onde está o ministro-falante Gilmar Mendes?



Daniel Quoist








Nas próximas horas completaremos uma semana desde que o Brasil passou
a tomar pé da escabrosa situação em que se meteu toda a chamada elite
política brasileira.


São as delações da Odebrecht, mais que uma empresa da construção
civil, a maior empresa de construção de corrupção, propinas e atos
criminosos de todos os formatos e tamanhos, expert em eleger governos e
membros do parlamento aqui e no exterior.


Onde se encontra nesse momento crucial de "queda das máscaras" o
sempre falante, loquaz, prepotente e dado a ser porta-voz do que há de
mais arcaico e atrasado no país, o ministro do Supremo Tribunal Federal o
excelentíssimo Dr. Gilmar Mendes?


Por que não temos sua opinião, por breve que seja sobre tão delituosos fatos e personagens?


Nos últimos meses Sua Excelência foi flagrado muito à vontade,
camisa, calça e sapatos esportivos, em visita livre, leve e solta ao
presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. Em sua companhia ninguém
menos que o ministro Moreira Franco, igualmente vestido com trajes
casuais, camisa listrada, calça jeans. Destaco aqui as indumentárias
apenas para dar relevo ao elevado grau de intimidade do ministro
visitante para com as as mais altas autoridades do país visitadas.


Flagrado por jornalistas - êta gente bisbilhoteira! - sobre o porquê
da visita em um fim de semana prenhe de denúncias pesadas de grossa
corrupçao praticada pelos visitados (Temer e Moreira Franco) Gilmar, com
aquele jeito muito sem cerimônia de quem sempre substitui o tempo como
"absoluto senhor da razão" foi logo disparando: "Sou amigo do presidente
Michel Temer há mais de 30 anos, oras!"


Agora, com seu intimo amigo presidente pendurado literalmente no art.
86 da Constituição Federal, artigo que o blinda de ser investigado e
processado por supostamente ter praticado atos criminosos, ao arrepio da
lei, antes de ser empossado - por vias mais que tortuosas e
questionáveis - na Presidência da República, o que terá a dizer ao
Brasil o ministro do STF sobre tão decantada e longeva amizade? Teria
ele conhecimento dos fatos ora perturbadores? Sabia de uma parte apenas?
Ficou muitíssimo surpreso? Pouco surpreso? Não sabia de nada? Isso é do
jogo político?


E sobre Moreira Franco, encalacrado em relatos de delatores que o
reduzem a pó de mico no universo da corrupção brasileira, qual o seu
arrazoado juízo sobre tão escabrosa situação?


O Brasil gostaria de ouvir, um minuto de Gilmar Mendes ao menos, seja
em descarada defesa da integridade moral dos ora denunciados, seja para
afirmar que, mesmo não importando os 10, 20 ou 30 anos de sólida
amizade com gente enrolada na Lavajato, ele lhes concederia, solene e
categoricamente, o sagrado benefício da dúvida, pois "como lhes disse
até hoje nunca ouvi nada que os desabonasse"!


O que tem Gilmar Mendes a dizer das pesadas acusações de grossa
corrupção por parte da Odebrecht em relação a Aécio Neves, o Mibeirinho
da Odebrecht, aquele que se insurgiu contra a presidente eleita por 54
milhões de brasileiros e que tanto maquinou que terminou por apeá-la do
Executivo?


E sobre o ministro Eliseu Padilha, algo a declarar?


E sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, delatado na Odebrecht, o que sua excelência tem a dizer?


E sobre o ministro Moreira Franco, o Angorá da Odebrecht, o sempre visitado por sua excelência, algo a declarar?


E sobre o ministro Aloysio Nunes, algo a declarar?


E sobre o ministro José Serra, o Careca da Odebrecht, algo a declarar?


E sobre o governador Geraldo Alckmin, o Santo da Odebrecht, o que tem a declarar?


E sobre o presidente do Senado, Eunício Oliveira, o Índio da Odebrecht, o que tem a dizer?


E sobre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o Botafogo da Odebrecht, algo a declarar?


O que não falta são nomes graúdos da política nacional - o presidente
da República, 9 ministros, 29 senadores, 43 deputados - para o ministro
Gilmar Mendes, notório apreciador de holofotes, gravadores e câmeras de
tevê, praticar seu esporte favorito - deitar falação sobre tudo e
todos, defender o indefensável, escandir teses de natureza duvidosa,
sair em defesa de uns e em detrimento de outros.


Mas ninguém se espante se, em meio à selva de atos de corrupção
envolvendo montantes gigantescos da ordem de USD 40,000,000.00, a título
de ilustração, o ministro Gilmar Mendes considerar muitíssimo mais
emblemático do manancial de lama que se avoluma no país tenha sido nada
menos que:


1. a compra do "pedalinho" por dona Marisa Letícia, uma inocente
injustiçada pelo juiz paranaense Moro, agora falecida, para seus netos
no valor de R$ 4.000,00 ou, quem sabe?,


2. a unha encravada no pé do presidente Lula, como aquele apartamento
classe média, na opulenta Versalhes brasileira que é o interior de São
Bernardo do Campo, e cuja escritura nem no seu nome está e que não
obstante, exaustiva perseguição judicial-midiática dos últimos onze
meses, absolutamente nada, nadica de nada, se encontrou para incriminar
de forma inquestionável o torneiro mecânico que ousou governar este país
por dois mandatos consecutivos?


Uma última pergunta ao ministro Gilmar Mendes:


Nos últimos encontros jurídicos promovidos pelo senhor no Bradil e no
além-mar, em Portugal, para tratar de ética na política, fortalecimento
da democracia no Brasil etc., quais palestrantes e conferencistas estão
agora acusados de grossa corrupção pelos donos e diretores da
Construtora Odebrecht?


Somos todos ouvidos, ministro.

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