O governo brasileiro
registrou em 2016 seu terceiro ano de déficit primário. O chamado setor
público consolidado - que leva em conta governo federal, legislativo,
judiciário, Banco Central, Estados, municípios e empresas estatais -
teve um resultado negativo de R$ 155,7 bilhões.
O resultado primário só leva em conta os chamados gastos primários, que é
o que o poder público gasta diretamente com serviços prestados à
população e com o custeio da máquina pública. Não inclui gastos com
juros.
Desde o fim da década de 1990, o governo tem uma meta de superávit
primário, pensada para controlar o crescimento da dívida pública. No
entanto, em 2014, 2015 e 2016, o resultado foi deficitário - e deve
continuar assim pelo menos até 2018, segundo as projeções do próprio
governo.
Quando considerados todos os gastos do governo na conta, chega-se ao
chamado resultado nominal, que inclui as despesas que o governo tem com o
pagamento de juros da dívida pública - os juros incidentes sobre a
dívida interna e os juros sobre a dívida externa convertidos para reais.
A exclusão dos juros do cálculo do déficit primário facilita a
mensuração do esforço fiscal executado pelo governo. Mas o resultado
nominal também é relevante. E como o Brasil tem uma dívida considerável e
paga altas taxas de juros, esse resultado costuma ser bastante pior que
o resultado primário.
Quanto custa
O Brasil reduziu em 23% seu gasto com juros em 2016 na comparação com
2015 e mesmo assim esse montante foi de R$ 407 bilhões. O do ano
anterior havia sido o mais alto da história: mais de R$ 530 bilhões, em
valores atualizados.
Histórico
O país gastou menos com juros em 2016 graças, principalmente, a dois
fatores. O primeiro foi a queda da inflação. Como muitos dos títulos de
dívida do governo são atrelados a índices de preços, a despesa varia de
acordo com o comportamento da inflação.
Outro fator que teve peso importante foram as operações do Banco Central
no mercado de câmbio. O BC geralmente atua no sentido contrário ao
mercado, oferecendo dólares quando ele está em viés de alta e comprando
quando está para cair.
Instrumentoss chamados swaps cambiais são usados pelo BC para que possa
intervir no mercado cambial sem usar diretamente as reservas
internacionais. Através dos swaps cambiais, o BC oferece ao mercado
proteção contra variações no dólar, se comprometendo a comprar a uma
certa taxa no futuro. Quando o câmbio sobe além desse valor, a
autoridade monetária registra prejuízo. E vice-versa. Como em 2015 o
dólar teve forte alta, as vendas pré-acordadas pelo governo deram
prejuízo de R$ 89,7 bilhões. Em 2016 aconteceu o inverso com a queda da
moeda americana, um lucro de R$ 75,6. Só aí já há uma diferença de R$
165 bilhões.
Comparação com outros gastos
Os R$ 407 bilhões gastos em 2016 equivalem a mais de quatro vezes o que o
governo se propôs a gastar com o Ministério da Educação em 2016. O
número só é menor do que os R$ 515 bilhões que se gastou com pagamentos
da Previdência no último ano.
Divisão de gastos
Projeções
A dívida, se não controlada, é uma bola de neve. Quanto maiores os
déficits, maior a necessidade de tomar mais dinheiro emprestado e maior o
gasto com juros. A despesa é mais pesada primeiro porque a taxa incide
sobre um montante maior, mas também porque as taxas aumentam de acordo
com o risco de calote. Uma das medidas de risco é o tamanho da dívida em
comparação com o Produto Interno Bruto do país.
O gasto com juros em proporção ao PIB também é uma medida de risco e a
do Brasil atingiu seu pior patamar nos últimos anos em 2015. Só para
pagar juros o poder público gastou mais de 8% de tudo que a economia
produziu. Para os próximos anos, a IFI (Instituição Fiscal
Independente), órgão de fiscalização das contas públicas ligado ao
Senado Federal, projeta uma melhora lenta e gradual no quadro.
O peso da despesa
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/02/14/Quanto-o-governo-gastou-com-juros-nos-%C3%BAltimos-anos-e-qual-a-previs%C3%A3o-para-2017
© 2017 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL
LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição,
transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.
registrou em 2016 seu terceiro ano de déficit primário. O chamado setor
público consolidado - que leva em conta governo federal, legislativo,
judiciário, Banco Central, Estados, municípios e empresas estatais -
teve um resultado negativo de R$ 155,7 bilhões.
O resultado primário só leva em conta os chamados gastos primários, que é
o que o poder público gasta diretamente com serviços prestados à
população e com o custeio da máquina pública. Não inclui gastos com
juros.
Desde o fim da década de 1990, o governo tem uma meta de superávit
primário, pensada para controlar o crescimento da dívida pública. No
entanto, em 2014, 2015 e 2016, o resultado foi deficitário - e deve
continuar assim pelo menos até 2018, segundo as projeções do próprio
governo.
Quando considerados todos os gastos do governo na conta, chega-se ao
chamado resultado nominal, que inclui as despesas que o governo tem com o
pagamento de juros da dívida pública - os juros incidentes sobre a
dívida interna e os juros sobre a dívida externa convertidos para reais.
A exclusão dos juros do cálculo do déficit primário facilita a
mensuração do esforço fiscal executado pelo governo. Mas o resultado
nominal também é relevante. E como o Brasil tem uma dívida considerável e
paga altas taxas de juros, esse resultado costuma ser bastante pior que
o resultado primário.
Quanto custa
O Brasil reduziu em 23% seu gasto com juros em 2016 na comparação com
2015 e mesmo assim esse montante foi de R$ 407 bilhões. O do ano
anterior havia sido o mais alto da história: mais de R$ 530 bilhões, em
valores atualizados.
Histórico
O país gastou menos com juros em 2016 graças, principalmente, a dois
fatores. O primeiro foi a queda da inflação. Como muitos dos títulos de
dívida do governo são atrelados a índices de preços, a despesa varia de
acordo com o comportamento da inflação.
Outro fator que teve peso importante foram as operações do Banco Central
no mercado de câmbio. O BC geralmente atua no sentido contrário ao
mercado, oferecendo dólares quando ele está em viés de alta e comprando
quando está para cair.
Instrumentoss chamados swaps cambiais são usados pelo BC para que possa
intervir no mercado cambial sem usar diretamente as reservas
internacionais. Através dos swaps cambiais, o BC oferece ao mercado
proteção contra variações no dólar, se comprometendo a comprar a uma
certa taxa no futuro. Quando o câmbio sobe além desse valor, a
autoridade monetária registra prejuízo. E vice-versa. Como em 2015 o
dólar teve forte alta, as vendas pré-acordadas pelo governo deram
prejuízo de R$ 89,7 bilhões. Em 2016 aconteceu o inverso com a queda da
moeda americana, um lucro de R$ 75,6. Só aí já há uma diferença de R$
165 bilhões.
Comparação com outros gastos
Os R$ 407 bilhões gastos em 2016 equivalem a mais de quatro vezes o que o
governo se propôs a gastar com o Ministério da Educação em 2016. O
número só é menor do que os R$ 515 bilhões que se gastou com pagamentos
da Previdência no último ano.
Divisão de gastos
Projeções
A dívida, se não controlada, é uma bola de neve. Quanto maiores os
déficits, maior a necessidade de tomar mais dinheiro emprestado e maior o
gasto com juros. A despesa é mais pesada primeiro porque a taxa incide
sobre um montante maior, mas também porque as taxas aumentam de acordo
com o risco de calote. Uma das medidas de risco é o tamanho da dívida em
comparação com o Produto Interno Bruto do país.
O gasto com juros em proporção ao PIB também é uma medida de risco e a
do Brasil atingiu seu pior patamar nos últimos anos em 2015. Só para
pagar juros o poder público gastou mais de 8% de tudo que a economia
produziu. Para os próximos anos, a IFI (Instituição Fiscal
Independente), órgão de fiscalização das contas públicas ligado ao
Senado Federal, projeta uma melhora lenta e gradual no quadro.
O peso da despesa
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/02/14/Quanto-o-governo-gastou-com-juros-nos-%C3%BAltimos-anos-e-qual-a-previs%C3%A3o-para-2017
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LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição,
transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.
Quanto o governo gastou
com juros nos últimos anos e qual a previsão para 2017
José Roberto Castro
14 Fev 2017 (atualizado 11/Abr 11h13)
Juros da dívida custaram R$ 407 bilhões ao poder público em 2016. Valor é
alto, mas menor do que o gasto de 2015
Foto: Ricardo Morales/Reuters
Vista do Congresso Nacional e da Esplanada dos Ministérios
Vista do Congresso Nacional e da Esplanada dos Ministérios
O governo brasileiro registrou em 2016 seu terceiro ano de déficit
primário. O chamado setor público consolidado - que leva em conta
governo federal, legislativo, judiciário, Banco Central, Estados,
municípios e empresas estatais - teve um resultado negativo de R$ 155,7
bilhões.
O resultado primário só leva em conta os chamados gastos primários, que é
o que o poder público gasta diretamente com serviços prestados à
população e com o custeio da máquina pública. Não inclui gastos com
juros.
Desde o fim da década de 1990, o governo tem uma meta de superávit
primário, pensada para controlar o crescimento da dívida pública. No
entanto, em 2014, 2015 e 2016, o resultado foi deficitário - e deve
continuar assim pelo menos até 2018, segundo as projeções do próprio
governo.
Quando considerados todos os gastos do governo na conta, chega-se ao
chamado resultado nominal, que inclui as despesas que o governo tem com o
pagamento de juros da dívida pública - os juros incidentes sobre a
dívida interna e os juros sobre a dívida externa convertidos para reais.
A exclusão dos juros do cálculo do déficit primário facilita a
mensuração do esforço fiscal executado pelo governo. Mas o resultado
nominal também é relevante. E como o Brasil tem uma dívida considerável e
paga altas taxas de juros, esse resultado costuma ser bastante pior que
o resultado primário.
Quanto custa
O Brasil reduziu em 23% seu gasto com juros em 2016 na comparação com
2015 e mesmo assim esse montante foi de R$ 407 bilhões. O do ano
anterior havia sido o mais alto da história: mais de R$ 530 bilhões, em
valores atualizados.
Histórico
O país gastou menos com juros em 2016 graças, principalmente, a dois
fatores. O primeiro foi a queda da inflação. Como muitos dos títulos de
dívida do governo são atrelados a índices de preços, a despesa varia de
acordo com o comportamento da inflação.
Outro fator que teve peso importante foram as operações do Banco Central
no mercado de câmbio. O BC geralmente atua no sentido contrário ao
mercado, oferecendo dólares quando ele está em viés de alta e comprando
quando está para cair.
Instrumentoss chamados swaps cambiais são usados pelo BC para que possa
intervir no mercado cambial sem usar diretamente as reservas
internacionais. Através dos swaps cambiais, o BC oferece ao mercado
proteção contra variações no dólar, se comprometendo a comprar a uma
certa taxa no futuro. Quando o câmbio sobe além desse valor, a
autoridade monetária registra prejuízo. E vice-versa. Como em 2015 o
dólar teve forte alta, as vendas pré-acordadas pelo governo deram
prejuízo de R$ 89,7 bilhões. Em 2016 aconteceu o inverso com a queda da
moeda americana, um lucro de R$ 75,6. Só aí já há uma diferença de R$
165 bilhões.
Comparação com outros gastos
Os R$ 407 bilhões gastos em 2016 equivalem a mais de quatro vezes o que o
governo se propôs a gastar com o Ministério da Educação em 2016. O
número só é menor do que os R$ 515 bilhões que se gastou com pagamentos
da Previdência no último ano.
Divisão de gastos
Projeções
A dívida, se não controlada, é uma bola de neve. Quanto maiores os
déficits, maior a necessidade de tomar mais dinheiro emprestado e maior o
gasto com juros. A despesa é mais pesada primeiro porque a taxa incide
sobre um montante maior, mas também porque as taxas aumentam de acordo
com o risco de calote. Uma das medidas de risco é o tamanho da dívida em
comparação com o Produto Interno Bruto do país.
O gasto com juros em proporção ao PIB também é uma medida de risco e a
do Brasil atingiu seu pior patamar nos últimos anos em 2015. Só para
pagar juros o poder público gastou mais de 8% de tudo que a economia
produziu. Para os próximos anos, a IFI (Instituição Fiscal
Independente), órgão de fiscalização das contas públicas ligado ao
Senado Federal, projeta uma melhora lenta e gradual no quadro.
O peso da despesa
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LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição,
transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.
com juros nos últimos anos e qual a previsão para 2017
José Roberto Castro
14 Fev 2017 (atualizado 11/Abr 11h13)
Juros da dívida custaram R$ 407 bilhões ao poder público em 2016. Valor é
alto, mas menor do que o gasto de 2015
Foto: Ricardo Morales/Reuters
Vista do Congresso Nacional e da Esplanada dos Ministérios
Vista do Congresso Nacional e da Esplanada dos Ministérios
O governo brasileiro registrou em 2016 seu terceiro ano de déficit
primário. O chamado setor público consolidado - que leva em conta
governo federal, legislativo, judiciário, Banco Central, Estados,
municípios e empresas estatais - teve um resultado negativo de R$ 155,7
bilhões.
O resultado primário só leva em conta os chamados gastos primários, que é
o que o poder público gasta diretamente com serviços prestados à
população e com o custeio da máquina pública. Não inclui gastos com
juros.
Desde o fim da década de 1990, o governo tem uma meta de superávit
primário, pensada para controlar o crescimento da dívida pública. No
entanto, em 2014, 2015 e 2016, o resultado foi deficitário - e deve
continuar assim pelo menos até 2018, segundo as projeções do próprio
governo.
Quando considerados todos os gastos do governo na conta, chega-se ao
chamado resultado nominal, que inclui as despesas que o governo tem com o
pagamento de juros da dívida pública - os juros incidentes sobre a
dívida interna e os juros sobre a dívida externa convertidos para reais.
A exclusão dos juros do cálculo do déficit primário facilita a
mensuração do esforço fiscal executado pelo governo. Mas o resultado
nominal também é relevante. E como o Brasil tem uma dívida considerável e
paga altas taxas de juros, esse resultado costuma ser bastante pior que
o resultado primário.
Quanto custa
O Brasil reduziu em 23% seu gasto com juros em 2016 na comparação com
2015 e mesmo assim esse montante foi de R$ 407 bilhões. O do ano
anterior havia sido o mais alto da história: mais de R$ 530 bilhões, em
valores atualizados.
Histórico
O país gastou menos com juros em 2016 graças, principalmente, a dois
fatores. O primeiro foi a queda da inflação. Como muitos dos títulos de
dívida do governo são atrelados a índices de preços, a despesa varia de
acordo com o comportamento da inflação.
Outro fator que teve peso importante foram as operações do Banco Central
no mercado de câmbio. O BC geralmente atua no sentido contrário ao
mercado, oferecendo dólares quando ele está em viés de alta e comprando
quando está para cair.
Instrumentoss chamados swaps cambiais são usados pelo BC para que possa
intervir no mercado cambial sem usar diretamente as reservas
internacionais. Através dos swaps cambiais, o BC oferece ao mercado
proteção contra variações no dólar, se comprometendo a comprar a uma
certa taxa no futuro. Quando o câmbio sobe além desse valor, a
autoridade monetária registra prejuízo. E vice-versa. Como em 2015 o
dólar teve forte alta, as vendas pré-acordadas pelo governo deram
prejuízo de R$ 89,7 bilhões. Em 2016 aconteceu o inverso com a queda da
moeda americana, um lucro de R$ 75,6. Só aí já há uma diferença de R$
165 bilhões.
Comparação com outros gastos
Os R$ 407 bilhões gastos em 2016 equivalem a mais de quatro vezes o que o
governo se propôs a gastar com o Ministério da Educação em 2016. O
número só é menor do que os R$ 515 bilhões que se gastou com pagamentos
da Previdência no último ano.
Divisão de gastos
Projeções
A dívida, se não controlada, é uma bola de neve. Quanto maiores os
déficits, maior a necessidade de tomar mais dinheiro emprestado e maior o
gasto com juros. A despesa é mais pesada primeiro porque a taxa incide
sobre um montante maior, mas também porque as taxas aumentam de acordo
com o risco de calote. Uma das medidas de risco é o tamanho da dívida em
comparação com o Produto Interno Bruto do país.
O gasto com juros em proporção ao PIB também é uma medida de risco e a
do Brasil atingiu seu pior patamar nos últimos anos em 2015. Só para
pagar juros o poder público gastou mais de 8% de tudo que a economia
produziu. Para os próximos anos, a IFI (Instituição Fiscal
Independente), órgão de fiscalização das contas públicas ligado ao
Senado Federal, projeta uma melhora lenta e gradual no quadro.
O peso da despesa
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transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.
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