“Grosseira manipulação”: ex-editor do JN critica cobertura do caso Dilma / Odebrecht
Publicado no facebook do Mario Marona, ex-editor do JN.
A GloboNews acaba de botar no ar longo trecho de depoimento de Marcelo Odebrecht em que ele cita Dilma.
Uma história sobre corrupção na Petrobras, com flagrante tom de fofoca.
A emissora vende a notícia como se fosse uma denúncia de envolvimento da ex-presidenta.
Mas o vídeo demonstra exatamente o oposto: Dilma não sabia do caso de
suborno abordado no interrogatório e, quando soube, cobrou
responsabilidades dos supostos envolvidos. Marcelo chega a relatas que o
então ministro Edison Lobão contou a ele que foi duramente interpelado
por Dilma, depois deste encontro. E diz que Dilma surpreendeu-se,
inclusive, ao ser informada por ele que gente do PT também poderia estar
recebendo propina. Marcelo ressalta que esta foi a única vez em que
tratou este tipo de assunto com Dilma.
Posteriormente, depois desta suposta conversa, Dilma afastou vários
executivos da Petrobras, justamente por ter passado a suspeitar da
idoneidade deles.
Mas a imprensa transforma a declaração do delator no seu exato oposto.
Interpreta como sinal de culpa o que na verdade é uma indicação de lisura.
Os comentaristas da Globo News fazem este jogo.
Invertem o sentido da declaração do delator.
AS TVs e os jornais impressos de amanhã farão o mesmo.
Cinco minutos depois de ter ido ao ar, o trecho é repetido,
introduzido pela chamada: “Neste trecho do depoimento Marcelo Odebrecht
cita a ex-presidente Dilma”.
Esta farsa será repetida à exaustão, até que ganhe ares de verdade.
Em tempo: há minutos, a âncora da Globo News entendeu que precisava
incitar ainda mais os dois comentaristas: “Marcelo revelou que Lula e
Dilma sabiam do A-P-O-I-O que a Odebrecht deu às campanhas do PT”.
Como não saberiam? A Odebrecht apoia as campanhas de praticamente todos os partidos desde sempre.
No depoimento exibido, Marcelo não diz em nenhum momento que Lula e
Dilma conheciam alguma irregularidade nas doações. E acrescenta que
sempre patrocinou as candidaturas de Aécio e que o senador tucano nem
precisava pressionar porque receberia o que fosse necessário a qualquer
momento. Bastava ligar ou mandar algum preposto ligar.
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