Quem são os donos do golpe
por João Sicsú
Bancos, multinacionais e rentistas somente ganham. E os pobres, os
trabalhadores, a classe média e o funcionalismo público só perdem
trabalhadores, a classe média e o funcionalismo público só perdem
Desde a sua concepção até a sua execução diária, há cristalinos interesses econômicos no golpe em curso.
Os interesses econômicos não são simples participantes dentro do
movimento político do golpe; tais interesses são dirigentes, são a
bússola do golpe.
Muitos interesses e diferentes atores compuseram o movimento do golpe
de 2016. Há golpistas de primeiro escalão, são aqueles que estão
pilotando a agenda econômica do governo de Michel Temer. Há também
golpistas de segundo escalão, que têm interesses ora atendidos e ora
contrariados. E, existiu o terceiro escalão, que já foi até descartado.
Já foi descartada a classe média que apoiou o golpe acreditando num
novo governo sem corruptos e que promoveria o crescimento econômico. A
Fiesp e a Firjan, entre outros patos, estão naquele grupo intermediário
que ganha alguma coisa e, ao mesmo tempo, têm boa parte de seus
estímulos públicos solapados. Na proa do golpe estão os banqueiros, as
multinacionais e os interesses rentistas.
O empresariado produtivo brasileiro, as multinacionais e os bancos
ganharam com a aprovação da terceirização ilimitada. Mas o empresariado
produtivo brasileiro perdeu com a mudança das regras de conteúdo
nacional (na cadeia de petróleo e gás). E perdeu também com a mudança do
ordenamento que garantia baixas taxas de juros nos financiamentos do
BNDES.
A mudança da regra de conteúdo nacional e o desmonte do BNDES são ganhos para as multinacionais. E mais: recente decreto (no
8.957) do governo federal (aliás, muito pouco divulgado pela mídia
desinformadora) escancarou as portas da economia brasileira para as
empresas estrangeiras.
Esse decreto associado à lei 4.131/1962 permitirá que empresas estrangeiras obtenham créditos e garantias junto aos bancos públicos
para realizar investimentos em áreas agora consideradas de “alto
interesse nacional”. Entre os setores indicados no novo decreto estão:
telecomunicações de qualquer natureza, têxtil, petróleo e gás natural
(compreendendo a exploração e a produção de hidrocarbonetos e toda a sua
cadeia produtiva), serviços de turismo, saúde, educação e comércio.
Ganharam (muito) as multinacionais com o novo decreto.
Além disso, a primeira mudança de grande impacto do governo golpista
atendeu imediatamente os interesses rentistas quando aprovaram a PEC que limita todos os gastos do governo,
exceto os pagamentos de juros da dívida pública. Garantiram ao
rentismo, portanto, uma polpuda reserva dentro orçamento público por
vinte anos.
Multinacionais estão abocanhando ativos da Petrobras e o pré-sal – e
ganhando com a destruição da indústria naval nacional e das empreiteiras
brasileiras. E avançam sobre a indústria nacional da carne e sobre
reservas minerais (ouro, por exemplo) e naturais. Mais: as
multinacionais vão poder comprar grandes extensões de terras
brasileiras.
Banqueiros empurram goela abaixo do Congresso Nacional um projeto de
reforma da Previdência que fará disseminar planos de aposentadoria
oferecidos pelo sistema financeiro. O arrocho previdenciário e o
desmonte de programas sociais (Mais Médicos, Farmácias Populares etc) buscam garantir recursos no orçamento público para serem transferidos ao rentismo.
Os alvos do golpe são os pobres, os trabalhadores, a classe média e o
funcionalismo público. Ademais, as pequenas e médias empresas e a
grande indústria nacional também estão na mira. Todas as instituições do
Estado brasileiro que são protetoras ou geradoras de empregos e de
bem-estar social para esses segmentos estão sob ameaça porque o objetivo
do governo é limpar o terreno (higienizar o ambiente) para que haja a
facilitação de ganhos econômicos e financeiros para o primeiro escalão
golpista.
Os pobres, os trabalhadores, a classe média, o funcionalismo público e
algumas instituições são barreiras ao aumento dos lucros e ganhos das
multinacionais, dos banqueiros e do rentismo. É dentro dessa lógica que
podemos entender o desmonte do Estado brasileiro que está se
transformando num balcão de negócios e favorecimentos exclusivo do
primeiro escalão golpista.
Essa é a lógica que explica a tentativa de destruição da ciência e
tecnologia desenvolvidas nas universidades e centros de pesquisa
brasileiros. Os esforços nacionais não são considerados úteis, as
multinacionais já dominam conhecimento necessário à exploração do País.
Essa é a lógica que explica também porque os bancos públicos federais
estão sendo desmontados juntamente com os programas sociais que estão
associados. Estão vindo abaixo o programa de financiamento estudantil
(Fies), o Minha Casa Minha Vida e os programas de microcrédito. O
programa de financiamento da agricultura familiar (Pronaf) será a
próxima vítima.
O objetivo da destruição dos bancos públicos é abrir espaço no
mercado financeiro para os bancos privados. O objetivo do definhamento
dos programas sociais é, como dito, aliviar o orçamento federal
garantindo recursos para os rentistas.
Até os bancos públicos estaduais vão ser privatizados como obrigação
dentro do projeto de alívio orçamentário provisório do Estados da
federação que o governo federal tenta aprovar no Congresso Nacional. No
passado, o Itaú comprou quatro bancos estaduais. O Bradesco adquiriu
outros quatro. O Santander abocanhou o Banestado (SP). Agora estão de
olhos e bocas abertas para o Banrisul (RS), o BRB (DF), o Banpará (PA), o
Banestes (ES) e o Banese (SE).
Em conclusão, no programa econômico do golpe, bancos, multinacionais e
rentistas somente ganham. E os pobres, os trabalhadores, a classe média
e o funcionalismo público só perdem. A Fiesp e patos assemelhados
viraram baratas tontas – seguem desorientados tentando se agarrar no
governo ilegítimo que lhes tratam como gente de segunda linha.
Essa é uma possível anatomia econômica dos interesses, empresas,
instituições e pessoas presentes ou afetadas pelo golpe em curso. Uma
anatomia política discorreria certamente sobre a Lava Jato, os políticos patrimonialistas, o sistema político-eleitoral e a grande mídia desinformadora.
Os interesses econômicos não são simples participantes dentro do
movimento político do golpe; tais interesses são dirigentes, são a
bússola do golpe.
Muitos interesses e diferentes atores compuseram o movimento do golpe
de 2016. Há golpistas de primeiro escalão, são aqueles que estão
pilotando a agenda econômica do governo de Michel Temer. Há também
golpistas de segundo escalão, que têm interesses ora atendidos e ora
contrariados. E, existiu o terceiro escalão, que já foi até descartado.
Já foi descartada a classe média que apoiou o golpe acreditando num
novo governo sem corruptos e que promoveria o crescimento econômico. A
Fiesp e a Firjan, entre outros patos, estão naquele grupo intermediário
que ganha alguma coisa e, ao mesmo tempo, têm boa parte de seus
estímulos públicos solapados. Na proa do golpe estão os banqueiros, as
multinacionais e os interesses rentistas.
O empresariado produtivo brasileiro, as multinacionais e os bancos
ganharam com a aprovação da terceirização ilimitada. Mas o empresariado
produtivo brasileiro perdeu com a mudança das regras de conteúdo
nacional (na cadeia de petróleo e gás). E perdeu também com a mudança do
ordenamento que garantia baixas taxas de juros nos financiamentos do
BNDES.
A mudança da regra de conteúdo nacional e o desmonte do BNDES são ganhos para as multinacionais. E mais: recente decreto (no
8.957) do governo federal (aliás, muito pouco divulgado pela mídia
desinformadora) escancarou as portas da economia brasileira para as
empresas estrangeiras.
Esse decreto associado à lei 4.131/1962 permitirá que empresas estrangeiras obtenham créditos e garantias junto aos bancos públicos
para realizar investimentos em áreas agora consideradas de “alto
interesse nacional”. Entre os setores indicados no novo decreto estão:
telecomunicações de qualquer natureza, têxtil, petróleo e gás natural
(compreendendo a exploração e a produção de hidrocarbonetos e toda a sua
cadeia produtiva), serviços de turismo, saúde, educação e comércio.
Ganharam (muito) as multinacionais com o novo decreto.
Além disso, a primeira mudança de grande impacto do governo golpista
atendeu imediatamente os interesses rentistas quando aprovaram a PEC que limita todos os gastos do governo,
exceto os pagamentos de juros da dívida pública. Garantiram ao
rentismo, portanto, uma polpuda reserva dentro orçamento público por
vinte anos.
Multinacionais estão abocanhando ativos da Petrobras e o pré-sal – e
ganhando com a destruição da indústria naval nacional e das empreiteiras
brasileiras. E avançam sobre a indústria nacional da carne e sobre
reservas minerais (ouro, por exemplo) e naturais. Mais: as
multinacionais vão poder comprar grandes extensões de terras
brasileiras.
Banqueiros empurram goela abaixo do Congresso Nacional um projeto de
reforma da Previdência que fará disseminar planos de aposentadoria
oferecidos pelo sistema financeiro. O arrocho previdenciário e o
desmonte de programas sociais (Mais Médicos, Farmácias Populares etc) buscam garantir recursos no orçamento público para serem transferidos ao rentismo.
Os alvos do golpe são os pobres, os trabalhadores, a classe média e o
funcionalismo público. Ademais, as pequenas e médias empresas e a
grande indústria nacional também estão na mira. Todas as instituições do
Estado brasileiro que são protetoras ou geradoras de empregos e de
bem-estar social para esses segmentos estão sob ameaça porque o objetivo
do governo é limpar o terreno (higienizar o ambiente) para que haja a
facilitação de ganhos econômicos e financeiros para o primeiro escalão
golpista.
Os pobres, os trabalhadores, a classe média, o funcionalismo público e
algumas instituições são barreiras ao aumento dos lucros e ganhos das
multinacionais, dos banqueiros e do rentismo. É dentro dessa lógica que
podemos entender o desmonte do Estado brasileiro que está se
transformando num balcão de negócios e favorecimentos exclusivo do
primeiro escalão golpista.
Essa é a lógica que explica a tentativa de destruição da ciência e
tecnologia desenvolvidas nas universidades e centros de pesquisa
brasileiros. Os esforços nacionais não são considerados úteis, as
multinacionais já dominam conhecimento necessário à exploração do País.
Essa é a lógica que explica também porque os bancos públicos federais
estão sendo desmontados juntamente com os programas sociais que estão
associados. Estão vindo abaixo o programa de financiamento estudantil
(Fies), o Minha Casa Minha Vida e os programas de microcrédito. O
programa de financiamento da agricultura familiar (Pronaf) será a
próxima vítima.
O objetivo da destruição dos bancos públicos é abrir espaço no
mercado financeiro para os bancos privados. O objetivo do definhamento
dos programas sociais é, como dito, aliviar o orçamento federal
garantindo recursos para os rentistas.
Até os bancos públicos estaduais vão ser privatizados como obrigação
dentro do projeto de alívio orçamentário provisório do Estados da
federação que o governo federal tenta aprovar no Congresso Nacional. No
passado, o Itaú comprou quatro bancos estaduais. O Bradesco adquiriu
outros quatro. O Santander abocanhou o Banestado (SP). Agora estão de
olhos e bocas abertas para o Banrisul (RS), o BRB (DF), o Banpará (PA), o
Banestes (ES) e o Banese (SE).
Em conclusão, no programa econômico do golpe, bancos, multinacionais e
rentistas somente ganham. E os pobres, os trabalhadores, a classe média
e o funcionalismo público só perdem. A Fiesp e patos assemelhados
viraram baratas tontas – seguem desorientados tentando se agarrar no
governo ilegítimo que lhes tratam como gente de segunda linha.
Essa é uma possível anatomia econômica dos interesses, empresas,
instituições e pessoas presentes ou afetadas pelo golpe em curso. Uma
anatomia política discorreria certamente sobre a Lava Jato, os políticos patrimonialistas, o sistema político-eleitoral e a grande mídia desinformadora.
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