sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Gilmar Mendes e a tagarelice no país dos Batmans do Leblon

Gilmar Mendes e a tagarelice no país dos Batmans do Leblon

Gilmar Mendes e a tagarelice no país dos Batmans do Leblon




Postado em 04 Feb 2014




Houve um tempo, e não faz tanto tempo assim, em que ninguém sabia
quem eram os ministros do Supremo Tribunal Federal. Talvez o STF fosse a
mesma coisa, essencialmente. Mas havia uma certa aura de algo
inatingível e de credibilidade.


Os juízes viraram estrelas, são reconhecidos nas ruas e falam o que
querem, eventualmente fazendo acusações sem ter conhecimento do assunto,
como qualquer mané.


Gilmar Mendes disse que o Ministério Público precisa investigar as
doações aos condenados do mensalão. Que se investigue, sem dúvida. Mas
ele foi além, sugerindo crime. “Essa dinheirama, será que esse dinheiro
que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo
dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de
lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar”,
afirmou.


“Há algo muito estranho. Há algo de grave nisso. E precisa ser
investigado. E essa gente, eles não são criminosos políticos, não é
gente que lutava por um ideal e está sendo condenado por isso. São
políticos presos por corrupção, são coisas que precisam ser refletidas. A
sociedade precisa discutir isso”.


Mas discutir é uma coisa e condenar por antecipação é outra. Gilmar
não deveria, em nome da democracia e do bom senso, aguardar um parecer
antes de levantar uma suspeita dessa gravidade? Não deve ser tão difícil
rastrear as doações — se houver razões concretas para tanto, e não
apenas encenação. Que tal o silêncio que o cargo deveria impor enquanto
não há fatos concretos? Que tal, se lhe for perguntado, ele disser a
verdade: “Não sei. Vamos apurar”


Num momento em que os ânimos estão absolutamente exaltados, ele não
deveria servir como uma voz sensata e… justa? Gilmar Mendes julga sem
conhecimento, na presunção da culpa? É mais um símbolo de uma
instituição precipitada e encrenqueira.


É símbolo também da tagarelice generalizada. Do opinionismo. Da mania
de acusar sem elementos suficientes. Dos justiceiros da fofoca.


A quantidade de irresponsáveis falando o que querem, ameaçando,
mentindo, julgando, condenando e executando sem provas — em nome de
“causas nobres” — é uma enormidade. Ninguém responde por nada. Basta
apontar o dedo. A impunidade grassa. A quem apelar?


Os ministros do Supremo deveriam, em tese, ser o oposto dessa
histeria. Mas é sempre bom lembrar que o Brasil é o país dos Batmans do
Leblon.

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