terça-feira, 12 de setembro de 2017

Ombudsman denuncia Folha por matéria fake sobre terceirização

terceirização 3




Ombudsman denuncia Folha por matéria fake sobre terceirização

terceirização capa





O pior dos mundos para um país é quando a sua imprensa trata de
embromar o povo para favorecer as classes mais abastadas. Trocando em
miúdos a coluna da ombudsman da Folha de São Paulo deste domingo, foi
isso que o jornal fez ao divulgar, no domingo anterior, manchete
principal de primeira página que estarreceu as pessoas sérias e
informadas.


E acordou um monte de coxinhas que leem o jornal…


terceirização 1


A matéria
chocou muita gente esclarecida porque os efeitos nefastos da
terceirização sobre o trabalhador são sobejamente conhecidos. Basta ir a
alguma dessas agências que “vendem” mão-de-obra terceirizada e
verificar que esses mercadores de escravos modernos vendem, basicamente,
“redução de custos com mão-de-obra”.


terceirização 2


Eis que a Folha apresenta um estudo fake baseado na prospecção
exclusiva de áreas em que o nível de terceirização já é alto, tais como
limpeza, segurança patrimonial (ou vigilância) e telemarketing.


Assim mesmo, o estudo feito por pesquisadores da USP que militam a
favor da terceirização apurou o contrário do que disse a manchete da
Folha. A reportagem mostra que a terceirização causa, sim, piora do
ganho salarial da mão de obra terceirizada.


Diante desse quadro, a ombudsman da Folha, Paula Cesarino da Costa,
repercutiu, neste domingo, as queixas dos leitores sobre uma reportagem
que diz o oposto do que a manchete espalhafatosa afirma, ou seja, que
terceirização “não” causa queda do salário do terceirizado…


A ombudsman martela a questão de a manchete da Folha dizer que NÃO há
perda salarial para funcionário que era terceirizado e passa a ser
apesar de a reportagem e o estudo a que ela se refere dizerem o
contrário, mas não aborda duas questões centrais.


Paula Cesarino da Costa, ombudsman da Folha, parece não ter se dado
conta de dois fatores. Os pesquisadores da USP que produziram esse
estudo malandro chamam-se Eduardo Zylberstejn e Helio Zylberstejn –
seriam parentes do ex-genro de FHC, David Zylberstjn, cujas estripulias
na ANP todos se lembram?


Pouco importa. Esses dois são militantes da terceirização e
produziram um estudo malandro para ajudar a vender a tese de que
terceirizar é bom.


O que acontece com a terceirização ampla, geral e irrestrita hoje no
Brasil é que não mais se limitará a atividades secundárias das empresas.
Agora, por exemplo, bancos poderão contratar funcionários como caixas,
entre outros, como terceirizados.


É óbvio, basta usar um mínimo de bom senso para entender que a grande
redução salarial que vem aí para os brasileiros será entre os novos
terceirizados, aqueles funcionários ligados à atividade-fim das
empresas.


Para que alguma empresa possa lucrar com essa nova mão-de-obra
disponível para terceirização será necessário achatar salários para o
intermediário extrair lucro.


Não parece ser tão difícil assim de entender, mas tem gente que finge
que não entende, como os autores da matéria da Folha que desmente o que
não tem como ser desmentido.


Nesse contexto, a nova lei sobre terceirização tem potencial para
mudar a estrutura do mercado de trabalho no Brasil e deverá fazer com
que os trabalhadores sob esse regime passem a ser maioria no Brasil,
segundo o sociólogo do trabalho Ruy Braga declarou ao jornal Valor Econômico 


Isso porque os brasileiros hoje terceirizados têm duas
características ainda predominantes no mercado de trabalho brasileiro –
eles são pouco qualificados e recebem baixos salários.


Segundo a Rais, 73% dos terceirizados têm remuneração média de até
três salários mínimos e 75,9%, escolaridade que chega, no máximo, ao
ensino médio completo. Um em cada cinco concluíram, no máximo, o
fundamental.


“A terceirização ampla pode promover uma inversão estrutural no
mercado de trabalho. Em cinco, sete anos o total de terceirizados pode
chegar a 75%”, diz professor do departamento de Sociologia da
Universidade de São Paulo (USP).


O processo poderia começar dentro da própria universidade, ele
afirma. Tirando os professores, cerca de 75% dos funcionários da USP são
celetistas e apenas 25% estatutários, regime que prevê estabilidade no
cargo. “Todos esses 75% são passíveis de serem terceirizados”, avalia.


A onda de terceirização que vem por aí no Brasil, portanto, promoverá
forte redução de salários sobretudo na classe média, que percebe
salários mais altos e, antes da lei autorizando terceirização
discriminada, estava protegida dessa forma alternativa de os empresários
aumentarem seus lucros diminuindo salários.


Com efeito, comparar uma realidade em que funcionários mais
especializados trabalharão agora no regime que antes era destinado a
pessoas sem qualificação e que exercem funções servis e ganham mal
sempre, em todas as situações, chega a ser ridículo.


Foi por isso que a ombudsman da Folha veio a público, porque a classe
média desinformada que apoiou o golpe contra Dilma, de repente se dá
conta de que a precarização do mercado de trabalho vai bater
essencialmente nas portas daquela turma que vestiu camisa da Seleção
para derrubar o governo anterior.


A Folha deu todo esse destaque a um estudo fake e malandro porque
está preparando o espírito daqueles que vão entrar em 2018 com péssimas
notícias sobre seu ganha-pão, com a tal “livre-negociação” entre a
garganta e a navalha e a terceirização indiscriminada.


Confira, abaixo, a crítica da ombudsman da Folha, que sugere tudo que está dito acima, mas com outras palavras


terceirização 3

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