sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Os banqueiros estão furiosos com os irmãos Batista

Os banqueiros estão furiosos com os irmãos Batista - 15/09/2017 - Raquel Landim - Colunistas - Folha de S.Paulo



Os banqueiros estão furiosos com os irmãos Batista



Joesley e Wesley Batista têm mais uma preocupação importante, além da
mais evidente, que é sair da cadeia. Os donos do dinheiro grosso estão
furiosos com os irmãos, particularmente com Joesley.

Nas rodas de conversa do setor financeiro, são muitas as críticas ao que
consideram uma irresponsabilidade do irmão caçula do clã, que partiu
para a briga com o presidente Michel Temer sem medir as consequências.

Sob o compromisso de ter seu nome mantido em sigilo, um banqueiro diz
que o maior exemplo disso é a nota de Joesley, chamando Temer de "ladrão
geral da República", divulgada poucos dias antes de o empresário ser
preso.

A avaliação dos credores é que Joesley apostou todas as suas fichas no
procurador-geral Rodrigo Janot, que virou as costas ao menor sinal de
suspeitas contra ele. O empresário também teria calculado mal a força de
Temer para se vingar da JBS.

A irritação é ainda maior porque, até o mal-explicado envio de uma
autogravação comprometedora de Joesley para as autoridades, os
banqueiros eram só elogios ao grupo. Diziam que os Batista estavam
conduzindo uma reestruturação "à la BTG": vendendo ativos rapidamente
com o compromisso de pagar dívidas.

Tudo indicava, portanto, que o desfecho seria o mais benigno possível
diante do tamanho da confusão: os bancos receberiam a sua parte e ainda
sobraria algum para os irmãos. Agora a situação se tornou delicadíssima.


Como Alpargatas, Vigor e Eldorado são empresas atrativas, ainda não há
sinais de que os compradores queiram desfazer os negócios, mas é claro
que tudo depende do risco. Se essas vendas não saírem, os bancos não
recebem.

Por conta disso, o jogo virou. Há algumas semanas, os Batista tinham os
credores a seu favor. Agora eles parecem dispostos a apoiar o BNDES
em sua batalha para afastar os irmãos do comando dos negócios. Tudo o
que querem é se livrar da família e receber seu dinheiro de volta.
Afinal, a dívida líquida apenas da JBS é de mais de R$ 50 bilhões.

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