Terror sem fim na Rocinha. Segue o baile da hipocrisia
Acabo de assistir videos dos confrontos entre bandidos e policiais militares na Rocinha.
Logo, chegarão os militares do Exército, autorizados a intervir.
Segundo o governador Pezão, um reconhecido gênio estratégico, “Nós não vamos recuar. Pedimos reforço em baixo [da Rocinha] para dar tranquilidade e vamos avançar”.
Ou seja, o Exército vai ser a Polícia e a Polícia vai “avançar” como um exército.
Evidente que é necessário interromper o tiroteio, que está
aterrorizando a gente simples e trabalhadora da comunidade. Mas isso não
pode esconder o essencial.
A Rocinha está em conflito há dias e tem uma UPP há anos.
Não é possível que, com todo este tempo, não se tenha identificado
pessoas e pontos perigosos nem se tenha elaborado planos para
confrontos. Mais ainda se há pelo menos quatro dias sabia da invasão de grupos rivais.
Muito menos que o governador, feito um General Patton de “Caveirão” é
que diga se se vai “avançar” ou “recuar”. Qualquer comandante de tropa
sabe que recuar ou avançar é decisão tática que se toma avaliando a
situação. Se tiver que avançar a qualquer preço, sabe que este será
caro, em vítimas e danos colaterais.
Mas não deve haver nada, tudo vai se dissolver, pois o espetáculo, o essencial, já ocorreu, com as imagens de cenas de guerra.
Guerra que não se pode ganhar é burrice ou heroísmo, e essa heroísmo não é.
E burrice é só das pessoas que – com toda a razão, assustadas, apavoradas – acham que isso acontece do nada.
A cumplicidade entre traficantes e polícia se formaram debaixo das
vistas grossas das autoridades dos três poderes – além de dinheiro,
traficante dá voto – e eles não sabem o que você pode saber simplesmente
perguntando a quem vive nas comunidades pobres do Rio (e certamente, de
outros lugares). Tem mesada, achaque, prende aqui-solta ali adiante,
armadilhas para pegar comprador e tomar algum na saída da boca, etc…
Como disse ontem um experiente amigo, “drogas são parte do sistema:
servem ao controle social (e vão servir cada vez mais) e quem manda
reprimir é quem ganha com elas”.
De quebra, arranjam uns caras bem barra pesada para personificarem “o mal’.
Neste momento, oferecem ainda o “atrativo extra” de exibir, com espalhafato, o caos que construíram laboriosamente.
É por isso que o distinto amigo e a inteligente amiga nunca ouviu
falar em “Operação Lava Pó”, nem em Força Tarefa, nem delação premiada
de traficante, nem em escutas telefônicas nos famosos “celulares de
presídio”. Falam em limpeza na política, mas não se fala em limpeza na
polícia.
Não vem ao caso.
E o Exército entra neste caldo de meio-“bucha”, meio marketing.
Só resta esperar que não morra gente, porque todos estão insuflados para “derrubar” a bala.
De qualquer forma, o Jornal Nacional de hoje está garantido.
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