sexta-feira, 27 de junho de 2014

Merval escreve o epitáfio de Joaquim Barbosa | O Cafezinho

Merval escreve o epitáfio de Joaquim Barbosa | O Cafezinho







Merval escreve o epitáfio de Joaquim Barbosa

Enviado por Miguel do Rosário on 26/06/2014 – 9:25
am
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Exatamente como eu pensei.



Pode-se até discordar que a decisão do STF de negar prisão domiciliar à
Genoíno tenha sido um “acordo político”, como eu acho que foi, mas que teve
este significado, isso está claro.



Prendeu-se Genoíno para se soltar Dirceu. Os ministros entenderam que não
tinham força ainda para enfrentar as duas arbitrariedades ao mesmo tempo.



Barroso lembrou que Genoíno terá cumprido um sexto da pena até final de
agosto, e que poderá passar do regime semi-aberto para o aberto. E voltar para
casa.



O caso Genoíno é o mais emblemático, neste momento, para Joaquim Barbosa,
por causa do entrevero que aconteceu entre ele e o advogado do réu, Luiz
Fernando Pacheco.



Permitir a prisão domiciliar para Genoíno constituiria uma derrota
insuportável para o presidente do STF. O plenário entendeu que ainda não é hora
de impor uma humilhação tão absoluta a um ministro com uma popularidade mórbida
como Joaquim Barbosa.



Barbosa inspira psicopatas, e não estou exagerando. Ontem, no twitter, pude
comprovar isso. Fotografei e mostro os prints abaixo. Um sujeito que elogiou
Barbosa e xingou Lewandowski, em seguida sugeriu que eu merecia ser morto por
um “sniper”, um atirador de elite.



É curioso a inversão de valores desse povo. Eles elogiam Barbosa por ser um juiz,
em tese, implacável contra o crime, mas pregam o pior dos crimes, o crime
capital numa democracia, que é o assassinato por razões políticas. O termo
“justiceiro” usado como epíteto elogioso pelos barbosianos em relação a seu
ídolo, é o exemplo disso. Justiceiro é aquele que faz justiça com as
próprias mãos, sem ligar para a lei.



ScreenHunter_4090 Jun. 26 08.32



ScreenHunter_4089 Jun. 26 08.32



Além disso, Barbosa foi astuto em relação à Genoíno. Ele mandou o mesmo
grupo de médicos antipetistas (como já pesquisamos) fazer repetidos exames em
Genoíno, e produzir laudos favoráveis à sede de vingança do ministro. Quando os
jornais falam que vários laudos de médicos oficiais dizem que Genoíno não tem
cardiopatia grave, eles omitem que são os mesmos médicos, escolhidos a dedo por
Barbosa, falando sempre a mesma coisa. E omitem, criminosamente, que  a
saúde de Genoíno efetivamente está piorando na prisão, conforme previsto por seu médico e
temido por sua família.



Hoje, todos os jornalões amanheceram com manchetes enormes sobre a soltura
de Dirceu. O sensacionalismo e a pressão midiática em cima do caso ainda
persiste. Aliás, agora mais que nunca, por causa da agenda eleitoral. A mídia
corporativa, notoriamente tucana, entende que o caso gera dano político de
imagem ao PT e procura requentar ao máximo tudo relacionado à Ação Penal 470.



Nenhuma crítica consistente aos erros da ação é publicada, ou se é
publicada, não é discutida ou levada à sério.



O Globo de hoje, por exemplo, reforça a blindagem de Joaquim Barbosa.
Merval Pereira dedica sua coluna inteira a dizer que a decisão do STF não
trouxe “desmoralização” ao presidente do STF.



Trouxe sim, Merval. O próprio fato de você se sentir obrigado a falar isso é
a prova.



Barroso, naquele jeito dele de gentleman britânico, desmonta todos
os argumentos esdrúxulos de Barbosa para impedir que Dirceu trabalhasse
fora do presídio.



Diz Merval que o plenário do STF não considerou “nenhuma das decisões de
Joaquim Barbosa questionável por ilegal ou despropositada”.



Considerou sim. Tanto que Barroso fez questão de enfrentar ponto por ponto
as alegações absurdas de Barbosa: que preso não pode trabalhar em empresa
privada; que não pode trabalhar em escritório de advocacia; que o advogado
seria “amigo de Dirceu”; que tem de esperar cumprir um sexto da pena.



Todos esses pontos foram ridicularizados em plenário. Ao cabo,
até mesmo Celso de Mello parecia arrependido de ter dado o único voto em favor
de Barbosa, provavelmente também num jogo político para que o ministro não
perdesse de zero. Mello disse concordar com todos os pontos levantados por
Barroso.



Ao final de sua coluna, Merval diz que: “ficou evidenciado que Barbosa não
abusou de seu poder nem tomou decisões sem o apoio da lei”.



Ora, quando se precisa fazer uma defesa tão chapa-branca assim de um
ministro do STF, em geral é porque ele abusou do poder e tomou decisões sem
apoio da lei.



O colunista encerra o texto tentando apoiar-se, mais uma vez, na lógica do
linchamento, ao dizer que “certamente há pensamento majoritário na sociedade,
já detectado por pesquisas: o mensalão petista só levou poderosos para a cadeia
e os manteve lá pelo estilo centralizador e autoritário de Barbosa, amplamente
aprovado pela população, a ponto de uma parcela representativa querê-lo como
candidato à presidência”.



É uma linda ode ao autoritarismo e um escárnio à função democrática e
iluminista de uma corte suprema, cujos ministros justamente não passam
pelo crivo do sufrágio universal para que tenham liberdade de tomar decisões
contra-majoritárias.



Juiz não tem de agradar “ao povo”, e isso está bem claro na doutrina
democrática de todos os países ocidentais: a razão é não amarrar os direitos
humanos de um réu ou uma causa às ondas de ódio que varrem a opinião pública.
Quem tem de agradar ao povo é o parlamento e o executivo. Nossa mídia parece
pensar ao contrário: quer um executivo adotando medidas “impopulares”, e um
supremo condenando com base em “pensamento majoritário, já detectado em
pesquisas”.



Elogiar um presidente do STF porque tem caráter “centralizador e
autoritário” e toma decisões com base em “pesquisas”, e ainda sugerir,
elogiosamente (!), que estas decisões teriam chancela eleitoral, me parece a
pior crítica a um juiz, que deveria se pautar unicamente pelos autos, pela
Constituição e, sobretudo, pelos direitos humanos.



Merval é tão absurdamente tolo que, em seu esforço patético para defender
Barbosa, acabou escrevendo seu epitáfio.



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