domingo, 22 de junho de 2014

Prenúncio de que Copa seria o 'fim do mundo' não aguentou 3 dias

Folha de S.Paulo - Poder - Prenúncio de que Copa seria o 'fim do mundo' não aguentou 3 dias - 22/06/2014







A Copa Como Ela É
Prenúncio de que Copa seria o 'fim do mundo' não aguentou 3 dias
Início do Mundial no Brasil reverteu expectativa da mídia internacional de
que o evento seria desastroso para o país



Estádios que 'Nunca' ficariam prontos já receberam jogos --e sem grandes
problemas



NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO
Do início do ano até a abertura da Copa do Mundo, a imagem do Brasil foi
alvo de um ataque de histeria na mídia ocidental.



Na capa da revista alemã "Der Spiegel", com o enunciado
"Morte e jogos - O Brasil antes da Copa do Mundo", uma bola em chamas
caía como meteoro sobre o país.



Os tabloides ingleses avisavam que torcedores arriscariam suas vidas se
viajassem ao Brasil, e que Londres já havia sido consultada para sediar os
Jogos Olímpicos de 2016 no lugar do Rio.



O correspondente do "New York Times", Simon Romero, anunciava na
primeira página que as obras atrasadas e mortais dos estádios simbolizavam o
fim das "grandes ambições" do Brasil.



Iniciada a Copa, porém, o fim do mundo que fora anunciado por quase seis
meses não aguentou três dias.



No sábado (14), a maior e mais independente agência de notícias, Reuters,
informou que os torcedores estrangeiros estavam felizes de encontrar tudo de pé
e que os protestos eram pequenos.



Desde antes, na verdade, celebridades e jornalistas vinham tuitando a
estranheza por não encontrar o caos imaginado ao chegar ao país.



A qualidade crescente dos jogos pesou na mudança de humor, assim como os
xingamentos à presidente.



A inglesa "Economist" creditou a grosseria aos "paulistanos
endinheirados" e afirmou que eles não representavam ameaça à reeleição.
Análises posteriores disseram que podiam até ajudar.



A mistura de gols com infraestrutura abafou o pouco que havia de protesto,
que passou a ter dificuldade para ser ouvido --como observavam os próprios
veículos que não os ouviam.



As manifestações que ocorreram no início resultaram em breves críticas à
repressão policial, por ter ferido jornalistas estrangeiros.



Ao fim da primeira semana de jogos, vieram os balanços e o veredicto do
correspondente de "NYT", Sam Borden, de que as "previsões de dia
do juízo final dão lugar a soluços menores".



Estádios que não ficariam prontos "nunca" já tinham recebido jogos
--e seus problemas não passavam de fios visíveis ou grama pintada.



Os tabloides londrinos, que antes alertavam para a violência no Brasil,
destacavam que um comentarista de TV deixou a Copa às pressas, depois de um
violento assalto a sua casa na Inglaterra.



Questionavam ainda uma integrante do governo que havia recomendado evitar
viagem à sede da Copa --e que, agora, aparecia em fotos no Brasil, festejando.



Antes do torneio, um especialista do King's College havia previsto que a
cobertura exageradamente negativa reduziria as expectativas --e acabaria
revertendo, no final, em avaliação positiva.



A reversão aconteceu não só antes do esperado, mas em grau bem maior.

 


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