segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Brasil atrasado da moda - Marcelo Rubens Paiva - Estadao.com.br

O Brasil atrasado da moda - Marcelo Rubens Paiva - Estadao.com.br





O Brasil atrasado da moda







A ELLUS surpreendeu no desfile primavera-verão do SPFW deste ano com a campanha #protestoellus: Abaixo Este País Atrasado.


Um protesto esquisito, num local que não combinava.


Um debate ideológico se seguiu, sob o hálito do verdadeiro debate, o da luta de classes.


Como o debate sobre os que reclamam da deselegância dos novos
consumidores em aeroportos e da construção de uma estação de metrô que
traria gente “diferenciada” num bairro de gente fina e educada, que anda
de metrô em Paris e NY.


 A ELLUS esclareceu. Soltou o “DESABAFO”:
“O Brasil está entupido, um congestionamento em tudo. Não anda no
trânsito, nos aeroportos, nos hospitais, nas estradas, na energia, nas
escolas, na comunicação, na burocracia (corrupção)… Até a água está
entupida!



Dificuldade para tudo! As coisas não fluem! Tudo é tão difícil!
Tudo isso gerando esse custo. Brasil = ineficiência, improdutividade.
Isso faz com que fiquemos isolados do mundo, acarretando esse atraso
todo em relação ao mundo moderno.



É claro que os maiores responsáveis são os políticos e os
governos antiquados, cartoriais, quase medievais, que com suas ideias
atrasadas de protecionismo acabam por gerar atrofia.



Até para indústria da moda, exportar o nosso design fica difícil
com todo esse custo, abrindo espaço maior para as importações de roupas e
acessórios provenientes de países pobres, porque nós não temos
condições de competir.



Precisamos desburocratizar, simplificar para motivar, avançar,
abrir, internacionalizar, se não, cada vez mais, ficaremos isolados nas
geleiras do Polo Sul.



Que Brasil é esse em que até as empresas e patrimônios públicos acabam destruídos?!?!


ABAIXO ESSE BRASIL ATRASADO!


TIME ELLUS”


Faz sentido.


Até lembrarem que a empresa é questionada pela Justiça se utiliza MÃO DE OBRA ESCRAVA.


O Processo corre na 2ª Região do Ministério de Trabalho e foi
denunciado pela procuradora Carolina Vieira Mercante em 2012, que
instaurou um inquérito civil e convocou representantes da Etiqueta Ellus
através da portaria 1083/2012.











As empresas Marisa, Pernambucanas,
C&A, Zara, Collins e Gregory também estiveram na mira do Ministério
do Trabalho por causa de denúncias do uso de trabalho escravo.



Em 2010, a Marisa recebeu 48 autos de infração: 16 bolivianos
trabalhavam em condições análogas às de escravidão na zona norte de São
Paulo; cadernos encontrados no local davam indícios de tráfico de
pessoas; funcionários cumpriam uma jornada que começava às 7 da manhã e
seguia até às 9 da noite, com expediente do fim de semana.


Multada, a empresa cortou mais de 70 fornecedores.


A Zara recebeu 48 autos de infração: jornadas de até 16 horas por
dia, salários irrisórios, proibição de deixar o local sem autorização
prévia, uso de mão de obra infantil, ambientes se ventilação, fiação
exposta.


A empresa foi multada e passou a se envolver em ações de auxílio a imigrantes.


Em 2011, a Pernambucanas foi informada que trabalhadores em condições
degradantes haviam sido encontrados em duas oficinas, menores de idade,
mulher com deficiência cognitiva; trabalhavam mais de 60 horas semanais
em troca de um salário médio de R$ 400.


A empresa subcontratada assumiu a culpa.


A Gregory recebeu 25 autos de infração. Em 2012, a Superintendência
do Ministério do Trabalho achou evidências de trabalho escravo;
trabalhadores recebiam R$ 3 por cada vestido de renda confeccionado;
oficina embolsava R$ 73, e a loja o vendia por R$ 318; 23 bolivianos
foram libertados, todos submetidos a jornadas excessivas de trabalho e
servidão por dívida; armários eram trancados com correntes para que os
trabalhadores não se alimentassem em horários impróprios.


Está tudo na matéria de 2012 da repórter Marcela Ayres da Reuters, na Revista Exame:


http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/o-que-a-zara-e-5-grifes-fazem-mesmo-com-o-trabalho-escravo


De que Brasil atrasado falamos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário