sábado, 19 de março de 2016

A vingança conservadora | Brasil 24/7

A vingança conservadora | Brasil 24/7



É falsa a tese de que o Judiciário se sobrepôs ao Executivo e ao
Legislativo. A verdade aterradora é que um grupo de procuradores e
juízes-bomba acuou as três instituições da ordem democrática usando a
chantagem de se auto explodir, instalando, no ato, o estado natural da
desordem.



Utilizando um sistema estalinista de espionagem pública e doméstica,
sem exceção de pessoas, investigadas ou não, conseguiu a adesão de
corpos profissionais, agora sem pudor de promover farsas nazistas de
julgamentos prévios e sumários. Sentenças proferidas antes de exame
processual, degradação acusatória como substanciação das peças da
promotoria, leviandades jornalísticas arroladas como provas
irrefutáveis, fatos consumados com apelos à emoção popular, levaram
associações profissionais e empresariais a aderir à ilegalidade,
tentativa de salvar a face da impotência e medo de seus anéis.



Com técnicas de bombardeio durante vinte e quatro horas por dia,
pânico psicológico e duplo discurso afirmando fazer o oposto do que
efetivamente faz, o grupo de fanáticos já defende sem disfarce a
doutrina tirânica de que os fins justificam os meios, subscrita pelos
órgãos de comunicação, crônicos sócios das aventuras ditatoriais do
País.



É verdadeira a tese de que parte considerável da sociedade brasileira
e das autoridades de que depende a integridade democrática tem se
mostrado conivente com medidas de duvidoso fundamento jurídico, buscando
apaziguar as bestas, tal como os primeiros ministros europeus diante do
nazismo e fascismo ascendentes.



As redes sociais festejam a próxima caça às bruxas do meio artístico,
intelectual, sindical e de profissionais liberais, sem que sejam
denunciadas e punidas, sim, punidas, porque convidam à violência e à
destruição. Não é recente a revelação das sementes fascistas de parte da
opinião pública brasileira. O fenômeno é consubstancial às sociedades
capitalistas, e só contido por condições econômicas favoráveis e
instituições democráticas vigilantes. À intolerância do irracionalismo
sucumbem todos os países, se a oportunidade se lhe oferece, como o
provam os péssimos espetáculos contemporâneos das civilizadas sociedades
nórdicas, pós-crise de 2008.



A dignidade conquistada pelos pobres e miseráveis, negros, mulheres e
minorias discriminadas, não seria esquecida pelo reacionarismo
nacional, cultivador de ressentimento e ódio, semeador de ameaças, à
espreita da primeira ocasião para vingança. Ela veio de contrabando em
investigação pertinente e fundamentada, substituindo personagens e
acrescentando ao contingente de comprovados vilões os responsáveis
políticos pelo combate à miséria e à discriminação.



A sanha vingativa repudia a legalidade e dispensa os ritos jurídicos,
certa do silêncio cúmplice dos liberais brasileiros. Estes, outra vez,
consomem a ilusão de que não é com eles. Pois a eles chegarão todos os
excessos cometidos em nome da purificação política. A vingança
conservadora promete cobrar enorme preço pela ousadia de quem a ignorou.
Prometem fogo e prometem sangue. Os liberais serão corresponsáveis pela
insanidade coletiva, programada pelo grupo de arruaceiros judiciários e
inflamada pela imprensa totalitária.

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