sábado, 5 de março de 2016

Ministro do STF diz que decisão de Moro foi 'ato de força' que atropela regras

Ministro do STF diz que decisão de Moro foi 'ato de força' que atropela regras - 04/03/2016 - Mônica Bergamo - Colunistas - Folha de S.Paulo



Ministro do STF diz que decisão de Moro foi 'ato de força' que atropela regras










O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello fez críticas contundentes à decisão do juiz Sergio Moro de conduzir coercitivamente o ex-presidente Lula para depoimento.





"Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz
coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o
cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi
intimado", afirma ele.




Pedro Ladeira - 19.mar.2014/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 19-03-2014, 11h00: O presidente do Senado Renan Calheiros (PDMB-AL) recebe o Presidente do TSE Ministro Marco Aurelio Mello, no gabinete da presidência do senado. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O ministro do STF Marco Aurélio Mello
O ministro diz que "precisamos colocar os pingos nos 'is'. Vamos
consertar o Brasil. Mas não vamos atropelar. O atropelamento não conduz a
coisa alguma. Só gera incerteza jurídica para todos os cidadãos. Amanhã
constroem um paredão na praça dos Três Poderes."





A Folha conversou com outro magistrado do STF que concorda com a opinião de Mello, embora prefira não se manifestar publicamente.





Mello ironiza o argumento de Moro e dos procuradores de que a medida foi tomada para assegurar a segurança de Lula.





"Será que ele [Lula] queria essa proteção? Eu acredito que na verdade
esse argumento foi dado para justificar um ato de força", segue o
magistrado. "Isso implica em retrocesso, e não em avanço."





O fato de se tratar de um ex-presidente agravaria a situação, segundo ele.





Para Mello, o juiz Moro "estabelece o critério dele, de plantão", o que
seria um risco. "Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos
justiceiros."





O ministro afirma ainda: "Se pretenderem me ouvir, vão me conduzir
debaixo de vara? Se quiserem te ouvir, vão fazer a mesma coisa? Conosco e
com qualquer cidadão?"





Ele segue: "O chicote muda de mão. Não se avança atropelando regras básicas".



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