O xadrez da batalha do impeachment | GGN
1. o impeachment não debela a crise. o sistema ruiu. Temer, Cunha,
Renan, Aécio, Alckmin, Serra, Marina, Bolsonaro não tem estatura nem
capacidade para erguer dos escombros qualquer pacto viável de
governabilidade. antes de mais nada, porque não haverá qualquer
governabilidade sem expressiva participação popular;
2. a derrota do impeachment também não debela a crise. porque as
condições que produziram a crise continuam presentes. o lulismo faliu.
não há como negociar com quem não quer negociação. não há mais cenário
externo favorável. não há mais governabilidade fundada no curto prazo e
no fisiologismo;
3. o agravamento da crise desemboca num Estado de Exceção. ou na refundação da República e na reconstrução da Democracia;
4. as diversas camadas da crise se interpenetraram: financeira,
econômica, política, social, institucional, climática... crise
civilizatória. não se restringe ao Brasil. é um processo global. há um
cerco à Democracia por toda a parte. o capitalismo já não sabe como
resolver a crise eclodida em 2008. a crise de 1929 só foi superada pela
gigantesca “destruição criativa” provocada pela II Guerra. hoje é
impraticável uma reciclagem das forças produtivas através de conflitos
bélicos globais. desembocaria na utilização de armas de destruição em
massa. a porta de saída tradicional do capitalismo para as crises se
fechou;
5. não basta resistir ao golpe, resistir ao cerco à Democracia. nossa
luta comum é contra um sistema financeiro global que almeja destruir a
Democracia. nossa luta não é apenas defendê-la, mas fazer avançar sua
construção. para isto, precisamos de outra forma de fazer política. e
ainda mais, precisamos de outra forma de viver.
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