Eugênio Gaspar mostra a “debacle de um velho oportunista” | Brasil 24/7
"FHC - A Debacle de um velho oportunista
Por Eugênio Gaspar
Na última década do século passado, quando instado a
opinar sobre a última declaração de Fernando Henrique Cardoso, o
emérito e genial professor Bento Prado Jr. respondia: "Depende. Depende
do personagem que o Fernando está encarnado no momento. Porque o
Fernando vive encarnando personagens, vai de Maria Antônia a Napoleão e
de Thatcher a Marx, conforme a cara do freguês".
A genial boutade do Professor Bento mostra a vacilante personalidade
de Fernando Henrique Cardoso. Há, porém, um elemento que nunca, em toda
trajetória do "príncipe da sociologia" se modificou: seu oportunismo.
Por que se presta um ex-presidente a dar uma entrevista ao jornal da
direita raivosa – O Estado de São Paulo – defendendo o golpe de Estado,
travestido da "legalidade do pedido de impeachment" contra a Presidente
Dilma? (leia aqui)
Se recuarmos na história do Brasil encontraremos vários e vários
exemplos da atuação dúbia e desonesta de Fernando Henrique: o
financiamento da Fundação Ford ao CEBRAP – cujo grande trabalho era
manter o debate de ideias dentro do aceitável pelas circunstâncias; a
debandada dele e seu grupo quando perceberam que não tinham espaço para
manobrar e montar seus esquemas no PMDB do Dr. Ulisses e fundaram o
malfadado PSBD; a sentada na cadeira de Prefeito, sem nunca ter
conhecido Sapopemba; a outra sentada precipitada no sofá do Collor,
mendigando um cargo de Chanceler e, quando chamado às falas por Mário
Covas, a recusa envergonhado, para logo em seguida surgir como paladino
da moral a gritar "Fora Collor!".
Se analisarmos seu período como Presidente veremos operar a outra
face do oportunismo de Fernando Henrique: o de cuidar dos seus. Ou
esquecemos todos da nomeação do genro para a direção da Agência Nacional
do Petróleo (e posterior demissão, quando deixou de ser genro)? Ou do
envolvimento de seu filho Paulo no escândalo da Feira de Hannover, por
ocasião dos 500 anos do descobrimento da América? Ou, ainda, o fato do
projeto da Dona Ruth Cardoso – Universidade Solidária – ser tocado por
uma ONG de propriedade da família e financiado, quase em sua totalidade,
por recursos das estatais, notadamente a Petrobras?
Só se indigna com a entrevista de hoje do ex-presidente quem
desconhece o fato de que Fernando Henrique sempre foi o mais serviçal
dos acólitos da elite industrial e financeira do País.
Este é apenas mais um serviço que ele presta a seus patrões. Resta
saber se desta vez ele emitiu Nota Fiscal e recebeu o pagamento em
doações para seu Instituto, ou se o soldo se deu na forma de uma estrada
para sua fazenda, um apartamento em Paris ou o pagamento de pensão ao
filho que não é seu, mas é."
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