Como a Globo, ajudada por Moro e Aécio, venezuelizou o Brasil. Por Paulo Nogueira
17 de março de 2016
Veja o que acontece na Venezuela há anos e você terá uma ideia da tragédia que isso representa.
São brasileiros odiando brasileiros, amigos rompendo com amigos,
irmãos se afastando de irmãos. Tudo isso e mais sangue correndo e a
economia sofrendo as consequências dos enfrentamentos políticos que
paralisam o país.
E tudo isso por um motivo vil: a derrota nas urnas.
Globo, Aécio e Moro conflagraram o Brasil porque perderam. A
plutocracia jamais surpreende: também em 1954 e 1964 a motivação foram
surras em eleições presidenciais. E o pretexto o mesmo: “corrupção”.
A direita brasileira mostrou ser ainda pior que a venezuelana. Ao contrário de Chávez, Lula jamais foi agressivo com a elite.
Buscou sempre conciliar. Tão logo eleito, assinou uma Carta aos
Brasileiros na qual se comprometia, na economia, a não se desviar do
caminho de FHC.
Jamais deixou de despejar centenas de milhões de reais nas empresas
jornalísticas em propaganda federal – um dinheiro público que elas
utilizaram para montar um exército de editores e comentaristas dedicados
a destruir o próprio Lula e, depois, Dilma.
Em sua busca de paz, Lula foi ao enterro do homem que foi um dos
símbolos supremos da ditadura, Roberto Marinho. Alguns anos antes,
Roberto Marinho roubara uma eleição de Lula ao fraudar no Jornal
Nacional o resumo do debate final entre Lula e Collor. (Recentemente,
Boni, então o executivo mais forte da Globo, contou candidamente como a
emissora deu assessoria para Collor antes do debate.)
A conciliação de Lula foi vital para que a Globo jamais pagasse por
seus crimes na ditadura. E isso deu à empresa condições de fazer o que
está fazendo agora: orquestrar um golpe, ao lado de aliados como Moro e
Aécio.
Alguém disse que a plutocracia foi ingrata com Lula. Mas, menos que
ingratidão, é uma questão de ganância associada a uma completa ausência
de escrúpulos morais.
A plutocracia quer tudo, não importam os meios. A Globo, por exemplo,
quer livre acesso ao dinheiro público, pois teme não sobreviver sem
estas muletas.
Deseja, também, uma Justiça encabrestada, para que possa cometer suas
delinquências impunemente, tanto editoriais quanto fiscais.
A Globo deseja fazer as costumeiras barbaridades editoriais sem que
juiz nenhum lhe crie problemas como direito de resposta ou multas
significativas.
Também quer sonegar sem consequências, como há tanto tempo vem fazendo.
Moro representa a Justiça com que a Globo sonha: unilateral, parcial,
feita apenas para proteger os interesses de uma pequena fração de
brasileiros abençoados desde sempre com mamatas e privilégios abjetos.
E Aécio é o presidente ideal, como FHC. Em troca de uma cobertura à
base de louvações, FHC deu tudo à Globo. Salvou-a da quebra, por inépcia
empresarial, com dinheiro público do BNDES.
Para alcançar seus desígnios, a Globo e seus aliados estratégicos não hesitaram em fazer do Brasil uma Venezuela gigante.
É terrível.
Mas mais terrível ainda será se, como em 1954 e 1964, a Globo e tudo que ela representa triunfarem.
Os defensores da democracia terão que mostrar doses colossais de
coragem e energia para que, no final do embate que já está aí, o Brasil
esteja enfim livre da Globo, de juízes como Moro e de políticos como
Aécio
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