quinta-feira, 31 de março de 2016

'New Yorker' diz que será trágico se crise afetar Bolsa Família

'New Yorker' diz que será trágico se crise afetar Bolsa Família - 30/03/2016 - Poder - Folha de S.Paulo



'New Yorker' compara Dilma a Nixon e diz que será trágico se crise afetar Bolsa Família













A revista semanal americana "The New Yorker" comparou nesta quarta-feira
a presidente Dilma Rousseff ao ex-presidente americano Richard Nixon
(1969-1974) –mandatário reeleito ao posto em 1972 que, menos de dois
anos depois, acabou renunciando em meio a um processo de impeachment
contra ele.





Assim como ocorre no Brasil com a operação Lava Jato, nos Estados Unidos
também houve um escândalo que levou a uma crise política sem
precedentes à época.





O chamado escândalo do Watergate levou Nixon a deixar o cargo na
Presidência mais cedo do que planejava. Watergate era o nome do prédio
onde ficava a sede do Comitê Nacional Democrata, que foi grampeado
durante a campanha eleitoral de 1972, e as investigações apontaram para
Nixon.





"Richard Nixon foi reeleito de maneira esmagadora em novembro de 1972 e
renunciou em agosto de 1974. Dilma Rousseff, presidente do Brasil,
parece estar seguindo o mesmo caminho: reeleita (não de maneira
esmagadora) em outubro de 2014, ela corre tanto perigo um ano e meio
depois que não parece que vai conseguir finalizar seu mandato", afirma a
revista.





Pedro Ladeira/Folhapress
Dilma e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no lançamento da 3ª etapa do programa "Minha Casa, Minha Vida", em Brasília (DF)
Dilma e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no lançamento do 'Minha Casa, Minha Vida 3'
A publicação opina que quem tem mais a perder com a crise e a instabilidade é a população carente.





"A revolta contra Rousseff é da classe média, em um país onde a classe
média ainda não é maioria, como é nos Estados Unidos", diz.





"Os verdadeiros perdedores na reformulação política que deve acontecer
no Brasil não serão os políticos corruptos. As dezenas de milhões de
beneficiários dos programas sociais criados nos governos de Lula e
Dilma, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, estão sob risco
também. (...) Será uma tragédia se, na corrida louca para formar uma
nova coalizão política, ela (coalizão) se torne mais favorável aos
negócios e deixe para trás o eleitorado".





CORRUPÇÃO CONSTANTE





Na reportagem, a "New Yorker" cita a operação Lava Jato, que traz "a
cada dia mais notícias de mais autoridades envolvidas na investigação,
mais delações premiadas, mais esquemas de corrupção".





"Escândalos de corrupção são uma característica constante da política no
Brasil. O governo tem um papel bem maior na economia do que costuma ter
no mundo desenvolvido: há muito negócios controlados pelo Estado,
outros subsidiados e outros protegidos legalmente de qualquer
competição", diz a publicação.





Outra crítica da revista é ao sistema político "complexo" do Brasil, que permite a presença de inúmeros partidos no Congresso.





"Há um sistema parlamentar especialmente complexo e caótico –atualmente,
mais de duas dezenas de partidos ocupam cadeiras no Congresso, o que
significa que a única forma de conseguir um governo de coalizão é sob
uma troca de favores, que muitas vezes é feita na distribuição de
ministérios em troca de apoio."





GOLPE





Nesta quarta-feira, no lançamento da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff voltou a chamar de "golpe" o processo de impeachment contra ela.





"A Constituição de 1988 tem de ser honrada porque reflete nossas lutas.
Não existe essa conversa: 'Não gosto do governo, então ele cai'.
Impeachment está previsto na Constituição. Mas é absolutamente má-fé
dizer que todo impeachment está correto. Para isso, precisa haver crime
de responsabilidade. Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê? É
golpe."





Enquanto isso, os trabalhos para analisar o pedido de impeachment da
presidente –baseado nas acusações sobre as pedaladas fiscais e omissão
no escândalo da Petrobras seguem na Câmara.



Nenhum comentário:

Postar um comentário